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quarta-feira, 30 de julho de 2025

Quatorze ciclos de upgrade de computador até o domínio público: tecnologia, jogos e a santificação do tempo

Resumo

Este artigo propõe uma estratégia de vida e trabalho baseada no calendário jurídico da entrada de obras em domínio público no Brasil — 70 anos após a morte do autor. Esse intervalo pode ser organizado em 14 ciclos de cinco anos, cada um coincidente com os saltos tecnológicos e editoriais que moldam a cultura contemporânea. Em vez de encarar esse período como tempo ocioso, propõe-se um método de espera ativa: aproveitar cada ciclo como uma etapa de formação intelectual, técnica e espiritual, com marcos como upgrades de computador, digitalização de obras e uso disciplinado de jogos eletrônicos. Ao fim do processo, surge não apenas um projeto editorial pronto para o lançamento, mas também um homem moldado para a missão cultural nos méritos de Cristo.

1. A lei do tempo: domínio público como vocação de longo prazo

No Brasil, a proteção autoral cessa 70 anos após a morte do autor (Lei nº 9.610/98, art. 41). Quem descobre uma grande obra ainda sob copyright não pode publicá-la livremente, mas pode preparar-se para o dia em que essa obra será libertada para o bem comum. Essa espera pode parecer inútil à primeira vista, mas, se bem orientada, converte-se em uma oportunidade extraordinária de formar:

  • Uma inteligência editorial sólida;

  • Uma base de leitores;

  • Um acervo digital confiável;

  • Uma alma educada pela paciência.

Organizar os 70 anos em 14 ciclos de 5 anos permite planejar com profundidade, respeitando os ritmos do tempo humano e as transformações tecnológicas.

2. Os ciclos quinquenais e os upgrades de computador

Historicamente, a evolução da tecnologia pessoal — especialmente computadores — segue um ritmo aproximado de cinco anos por geração. Tomando isso como métrica, cada ciclo de cinco anos torna-se um marco para:

  • Atualizar o hardware e os softwares utilizados na digitalização, curadoria e edição de textos;

  • Avaliar o progresso do projeto, eliminar redundâncias, revisar métodos;

  • Reforçar a própria vocação, alinhando cada etapa técnica com um propósito espiritual.

Ao longo dos 14 ciclos, a obra digitalizada evolui com as ferramentas — e o editor evolui junto com elas. Como Moisés que atravessa o deserto em 40 anos, ou Jacó que serve 14 anos por sua esposa, o homem que espera a liberação de uma obra serve também a Deus — e se transforma no processo.

3. O papel dos jogos: descanso, métrica e metáfora

Em vez de serem vistos como mera distração, os jogos eletrônicos podem exercer uma função providencial dentro do projeto:

  • Marcar a passagem do tempo: assim como os consoles evoluem (PlayStation 2, 3, 4, 5…), o projeto avança;

  • Ajudar na saúde mental, evitando o burnout intelectual em um trabalho solitário e silencioso;

  • Inspirar o projeto, especialmente com jogos de estratégia, construção, administração e narrativa;

  • Reforçar a esperança: ao ver que os ciclos se completam e os jogos melhoram, entende-se que o tempo passa — e o fim chegará.

O segredo está na moderação e na ordem: o jogo não substitui o trabalho, mas o acompanha, o oxigena e o mede.

4. A obra como missão, não como produto

Quando finalmente a obra entra em domínio público, não se trata apenas de publicar um livro — trata-se de restituir ao mundo um bem cultural com dignidade, precisão e autoridade moral. A obra publicada ao fim de 70 anos será fruto de:

  • Longa espera;

  • Estudos dedicados;

  • Revisões criteriosas;

  • Oração, silêncio e fidelidade.

Esse processo é também um testemunho contra o imediatismo da cultura digital, que tudo consome e nada cultiva.

5. Transgeracionalidade: quando o tempo excede a vida

É possível — e até provável — que quem iniciou o projeto não viva até seu término. Mas isso não diminui o mérito, pelo contrário. Tal como Davi preparou os materiais para o Templo que seria construído por Salomão, é possível organizar os arquivos, notas e planos editoriais para que outros continuem a missão.

Essa perspectiva exige:

  • Escrita clara e documentada;

  • Legados digitais bem estruturados;

  • Formação de discípulos ou leitores que herdem o projeto.

Assim, o trabalho não é apenas pessoal, mas civilizacional. Cada geração cumpre uma parte, nos méritos de Cristo, até que todas as obras boas sejam restituídas ao Reino.

6. Conclusão: o tempo como escada para Deus

Setenta anos. Quatorze ciclos. Quatorze degraus.

Cada um desses ciclos pode ser vivido como um ato de lealdade ao chamado interior. Não se trata apenas de esperar o momento legal de publicar uma obra: trata-se de usar o tempo como escada, onde se sobe um degrau a cada cinco anos, com trabalho, leitura, contemplação, tecnologia e esperança.

No fim, não será apenas a obra que estará pronta para o público. Será você quem estará pronto para responder diante de Deus pelo talento confiado.

Bibliografia sugerida

  • LEÃO XIII. Rerum Novarum. 1891.

  • ROYCE, Josiah. A Filosofia da Lealdade. Trad. e introd. Olavo de Carvalho.

  • GURGEL, Rodrigo. Crítica Literária no Século XXI. São Paulo: Recorde, 2015.

  • CARR, Nicholas. A Geração Superficial: o que a internet está fazendo com nossos cérebros. Rio de Janeiro: Agir, 2011.

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