1) Certa ocasião, eu estava planejando custos de rotas via Uber - sem querer, já estava incorporando conhecimentos de geopolítica e de geografia econômica e de serviços da minha localidade, o Rio de Janeiro, a uma realidade de ordem mais prática. E a junção desses dois tipos de conhecimento me possibilita que eu tome o lugar onde onde eu moro como um lar em Cristo, a ponto de minha vida nesta cidade ter sentido, apesar de seu tamanho cosmopolita e de sua urbanidade caótica.
2) Para se tomar o Rio de Janeiro, esta cidade, como um lar em Cristo, a melhor via de tomá-la é se santificando através do estudo - e um lugar onde esta prática é mais bem favorecida é na Tijuca. Para quem vai organizar uma expedição de estudos na Biblioteca Nacional, por exemplo, alugar imóvel nesse lugar pode ser mais vantajoso, pois o gasto com o Uber tende a ser bem mais baixo do que partindo do Pechincha, onde eu moro. Por conta das vantagens comparativas da Tijuca - de ser perto da Biblioteca Nacional, de ser perto do Centro Cultural Banco do Brasil e do Aeroporto Santos Dumont - que decidi estabelecer um núcleo de instalação permanente naquela localidade no futuro, pois a santificação através do estudo me levará à santificação do trabalho de servir a quem gosta de estudar, a fazer as coisas mais ou menos tais como eu faço a ponto de amarmos e rejeitarmos as mesmas coisas tendo por Cristo fundamento.
3) Este meu trabalho de longo prazo só é possível porque há pessoas que investem seu tempo livre servindo a outras pessoas de modo que haja mútua santificação através de seus respectivos trabalhos, a ponto de o mercado ser um lugar de encontro, não de sujeição, pois a verdade é o fundamento da liberdade. E nesse sentido, a uberização é uma coisa boa, pois dá um sentido orgânico e local a algo caótico e cosmopolita como o Rio de janeiro, cujo sentido como cidade, fundado no amor de si até o desprezo de Deus, estava se perdendo, desde que a capital foi mandada para Brasília. E ao dar um sentido orgânico e local a um universo cosmopolita, isso acaba atualizando a missão ouriqueana de que é preciso servir a Cristo em terras distantes - e isso pode implicar servir ir num bairro mais próximo, dentro da própria cidade, conectando pessoas e negócios na localidade.
4) Por conta dessa atualização da tradição, devemos ver os carros da Uber, ou de qualquer serviço equivalente, como caravelas do asfalto e o asfalto como o atual mar de nossos tempos, pois um português sem mar é como um peixe fora d'água - a vida para ele não faz o menor sentido.
José Octavio Dettmann
Rio de Janeiro, 19 de novembro de 2022 (data da postagem original).
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