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segunda-feira, 9 de janeiro de 2023

Notas sobre a arte de ser português ou da importância de não ser importante para o mundo, o diabo e a carne

1) Outro dia, eu havia tomado conhecimento de um texto de Teixeira de Pasquaes, cujo título é a A arte de ser português. Este livro foi muito recomendado pelo professor Loryel Rocha, mas só consegui encontrar fac-símiles das edições portuguesas lá na Índia e a um preço que não estou em condições de pagar, no momento.

2.1) Senti a necessidade de meditar sobre essa arte por conta da vaidade que permeia o movimento conservador, especialmente a de Allan dos Santos, do Terça Livre - a necessidade que este sujeito tem de um holofote faz com que ele ponha tudo a perder. 

2.2) O motor da meditação surgiu quando assisti a uma live que me lembrou a antigas postagens minhas do meu blog: seja invisível. Foi assim que encontrei a resposta para melhor conceituar a arte de ser português.: trata-se a arte de ser invisível em tempos desfavoráveis, até porque você não vai enfrentar o poderoso gigante Adamastor sendo pequeno e frágil, ainda mais sem estratégia. O dia em que você for maior do ele, você o esmaga como uma barata, pois ele não passa de um grande macaco de Deus, a exemplo do diabo.

3) A arte de ser português é essencialmente a arte de parecer ser pouco importante aos olhos do mundo, do diabo e da carne, uma vez que se sabe que o verdadeiro público que deve ser agradado é a legião de anjos e santos que intercedem ao nosso favor lá no Céu.

4) É isso que não se vê, mas que precisa ser visto, ainda mais nestes tempos onde o amor de si inflou tanto o ego das pessoas de tal maneira que elas estão tão obstinadas a conservar o que é conveniente e dissociado da verdade, ainda mais nos méritos de um animal que mente e que se acha mais importante do que verdadeiro Deus e verdadeiro Homem. 

5.1) Os tempos podem ser de águas turbulentas hoje; se navegarmos no Mar Oceano da Misericórdia nos méritos do verdadeiro Deus e verdadeiro Homem, encontraremos terreno fértil para povoarmos e almas para pescarmos, a ponto de propagar a fé Cristã nestas paragens  A tirania acabará quando as almas forem cultivadas na verdade, que é o fundamento da liberdade - e uma nova ordem constitucional será edificada a partir do doloroso processo de se conservar a dor de Cristo, tal como fez a Polônia, sem que esqueçamos toda nossa herança portuguesa. 

5.2) O primeiro passo para ser importante não sendo importante aos olhos do mundo é mortificar a si mesmo todos os dias. Não tenha ambições - deixe que Deus dirija todo o seu trabalho de modo que você colha os ganhos sobre a incerteza nos méritos do verdadeiro Deus e verdadeiro Homem. Quem confia n'Ele em tempos difíceis consegue muito mais do que normalmente conseguiria se confiasse apenas em si mesmo - o homem é um animal que erra e ele só tem seu sentido na conformidade com  o Todo que vem de Deus, não em si mesmo.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 09 de janeiro de 2023 (data da postagem original).

sábado, 31 de dezembro de 2022

É nas dificuldades que se forjam os grandes homens - um conto da minha história pessoal

1) No começo da década de 90, quando ganhei meu primeiro PC, meus primeiros jogos foram o Loom, o Maniac Mansion e o Leisure Sui Larry II - todos adventures.

2) Meus pais não sabiam inglês - e naquela época não sabia inglês, coisa que só viria a ter no ginásio e de forma muito mal dada. Se dependesse do que recebi da escola, eu estava ferrado, a ponto de não poder desempenhar as funções que desempenho hoje.

3) Naquela época, papai viajava e trazia coisas do Paraguai. Além do computador e desses jogos, ele também me trouxe um tradutor eletrônico. Aos trancos e barrancos, fui aprendendo inglês com a ajuda do tradutor. Conseguia resolver alguns quebra-cabeças do adventure, mas não compreendia algumas coisas porque esses adventures, como compreendi mais tarde, com a chegada da maturidade, eram centrados na cultura americana - e eu era brasileiro, sendo criado na minha cultura nativa.

4.1) Em todo o caso, esse esforço para eu poder jogar os adventures e superar as dificuldades culturais e idiomáticas, que tornavam esses jogos para mim muito mais difíceis do que realmente eram, moldou o meu caráter, a tal ponto que vejo uma continuação dessa cultura de dificuldade enquanto tradição neste cenário: aos poucos vou acumulando os meus primeiros dólares, a ponto de importar regularmente meus primeiros livros dos EUA e da Europa. 

4.2.1) Para poder lê-los, eu vou digitalizando os livros até virar ebook, tal como eu sempre fiz. E enquanto leio os ebooks que eu mesmo preparei, eu acesso ao tradutor do Google e vou estudando a tradução que foi empregada de modo a poder compreender o que foi escrito naqueles livros. 

4.2.2) Às vezes, recorro aos dicionários conceituais da língua inglesa ou língua francesa (os aurélios em versão americana ou francesa, coisas essas que eu nunca tive, pois sempre tive tradutores inglês-português português-inglês), para poder entender as frases dentro do contexto das línguas em que foram escritas de modo a poder bem traduzi-las para a língua portuguesa. 

4.2.3) Pela primeira vez na língua inglesa, assim como em outras línguas, terei a ajuda de um dicionário que fará a função daquilo que fez o Aurélio na língua portuguesa, durante meu tempo de estudante, quando era mais jovem. Isso pode parecer ridículo, mas, no tempo de escola, isso nunca me foi cobrado, mas vejo que é o único caminho que encontrei para aprender de verdade, da forma mais natural possível.  

5.1) Todo esse esforço de guerra cultural para poder compreender o que está escrito num único livro fará de mim um homem capaz de superar todas as dificuldades, pois quando tiver filhos vou instituir uma regra quando forem jogar videogame, quando estes forem crianças: quando forem jogar adventures, eles só podem usar tradutores e dicionários - não vale usar dicas da internet. 

5.2) A idéia é forjá-los na dificuldade, é simular o mesmo cenário de dificuldade que tive, quando era criança. Esse cenário é uma tradição que tem que ser passada de pai pra filho, a ponto de preparar os filhos para a guerra cultural em que estamos metidos, já que tempos de dificuldade forjam grandes homens, ao passo que tempos de grande facilidade forjam homens acomodados, medíocres.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 31 de dezembro de 2022 (data da postagem original).