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domingo, 3 de outubro de 2021

Comentários sobre a filosofia de Ortega y Gasset e sobre o existencialismo cristão

 "A vida - ela me é dada por Deus, mas não me é dada feita, pronta e acabada." (José Ortega y Gasset)

1) Esta é uma reescritura de uma famosa frase do filósofo espanhol José Ortega y Gasset, que soa mal para o falante médio de língua portuguesa. A frase original é esta: Minha vida me é dada, mas não me é dada feita". Do jeito como ela foi traduzida, ela está horrível, fora que esconde dados relevantes. Além disso, o autor da vida é Deus - logo, este ser especial, que criou todas as coisas por amor, tem que ficar em evidência, não oculto, como está no texto original.

2.1) A vida pode ser dividida em duas partes: a parte dada por Deus e a que não me é dada. Deus é o autor da parte dada, da parte biológica, cuja matéria é desgastada pela ação do tempo, pela gula de Cronos - e nesse campo, Deus permite o pecado de modo que eu erre e me aperfeiçoe. Enquanto o tempo desgasta as coisas, incluindo a minha juventude, Deus me dá o tempo necessário para eu estar no mundo. Apenas colho as experiências necessárias que dão sentido à minha existência de modo a servir de exemplo a outras pessoas, uma vez que estas coisas apontam para a grandeza da criação, que é Deus.

2.2) Na parte onde a vida não me é dada feita, onde sou eu mesmo lidando com as minhas circunstâncias, eu sou autor da minha vida, enquanto conjunto de experiências que acumulo ao longo do tempo - e o que assimilei tende a ser único. E na sociabilidade, esse mercado moral onde descubro os outros dentro da mesma circunstância onde me encontro, eu compartilho minhas experiências fundadas na minha solidão, a ponto de fazer disso uma economia da salvação organizada, um caminho para a evangelização. Faço dessa necessidade do encontro liberdade para o outro - eis a liberdade em Cristo. E neste ponto sou autor da minha vida pela graça de Deus, já que meu trabalho é a aperfeiçoar a liberdade de muitos, uma vez sou servo da verdade em Cristo Jesus.

2.3.1) É reunindo o maior número de experiências que puder num único sistema filosófico que sou capaz de servir ao meu próximo de modo que eu ganhe a vida eterna - e isso faz com que eu me santifique através do trabalho de filósofo. E essa reunião de todas as coisas num único sistema a ponto de transformar todas as coisas em sabedoria, ela se dá na maturidade, na plenitude do tempo kairológico, onde eu estou revestido de Cristo de tal maneira a dizer aos Cristos necessitados, meus alunos, quais são os verdadeiros caminhos caminhos a seguir e evitar os erros que cometi, já que Cristo é o caminho, a verdade e a vida.

2.3.2) Neste sentido, a obra de Ortega y Gasset leva a um existencialismo cristão. E esse existencialismo é que dá todo o sentido à vida, já que a verdade é o fundamento da liberdade.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 3 de outubro de 2021 (data da postagem original).