Pesquisar este blog

Mostrando postagens com marcador diferenças entre poloneses e brasileiros. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador diferenças entre poloneses e brasileiros. Mostrar todas as postagens

quinta-feira, 27 de outubro de 2022

Comentário sobre um estranho hábito que os poloneses têm: marcar encontro com hora e data certas, como se fosse processo judicial

1) Vamos supor que você marque um encontro com um polonês e este te diga o seguinte: "esteja aqui na Polônia até o dia 20 de agosto (época do verão no hemisfério norte) e nós conversaremos.". Seja para conversar num cafezinho ou responder a um processo judicial, é muito comum entre os poloneses a marcação de deadlines - e ele sentem honrados com um encontro dessa natureza.

2) Aqui no Brasil, marcação com prazo dessa natureza lembra processo judicial - e isso soa muito arrogante. Eu não conheço ninguém que tenha feito encontro com alguém por hora e data certa, dessa maneira judicial. Geralmente, as pessoas dizem: "quem sabe um dia você não vem aqui pra gente conversar?" Em geral, a pessoa aparece no dia seguinte para a conversa.

3) Esse aspecto psicológico "do quem sabe um dia?" soa mais amigável e nos conquista. As coisas no Brasil sempre foram instáveis desde que ele se tornou uma republica. Em razão da instabilidade das coisas, é muito difícil planejar a vida no Brasil, muito menos marcar um encontro por hora certa, tal como dizem fazer nos encontros lá na Europa, sobretudo na Polônia.

4) Some-se a isso o fato de que eu tenho uma certa neurose com relação a prazos judiciais, visto que estagiei em contencioso trabalhista e não me dei bem nesse setor. Eu simplesmente odeio trabalhar com prazos - eu simplesmente não funciono quando sei que o tempo está correndo contra mim. Prefiro trabalhar com as coisas sem prazo - quem sabe um dia a ida à Polônia não acontece, embora eu não garanta que eu vá no dia seguinte, já que não disponho de recursos para isso. Eu prefiro convites em aberto, sem prazo - como as coisas dependem dos méritos de Cristo e de circunstâncias favoráveis, assim toco a minha vida. É assim como tocamos a vida sem grandes traumas - se não vivermos na dependência de Deus, viver a vida nesta instabilidade é uma fonte de loucura, de tormento e desesperação - por isso que a fé católica é essencial à sobrevivência no Brasil, de modo que ela tenha sentido aqui.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 27 de outubro de 2022 (data da postagem original).