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segunda-feira, 6 de fevereiro de 2023

Das razões de se preferir a cultura do escrito à fala - lições da minha experiência pessoal

1.1) Por conta da minha natureza mais fechada, eu sempre tive muita dificuldade de me relacionar com as pessoas - a maioria preferia conversar através da fala a conversar por escrito. 

1.2) Era lugar comum, antes do advento da rede social, dizer que ser extrovertido era uma virtude, quando, na verdade, isto é um vício de caráter - ao contrário da crença popularmente disseminada, eu não considero a pessoa que tem esse traço no caráter um modelo a ser seguido ou digno de ser imitado, ainda mais pelo desejo mimético de se praticar a arte pela arte de imitar, que tem um fim vazio em si mesmo. A necessidade irrefreável de expansão do ser que estas pessoas têm na essência levam-nas a terem um amor de si desordenado, a ponto de desprezarem Deus como a razão de ser de todas as coisas - e isto pode apontar que estas pessoas extrovertidas têm uma personalidade esquerdista ou mesmo um caráter psicopático, o que fazem delas pessoas extremamente perigosas, uma vez que elas são marcadas pelo pecado do orgulho e da vaidade, a ponto de estarem em constante cegueira a ponto de praticarem um conservantismo atroz e progredirem obstinadamente no mal que praticam, ainda mais em nome do bem comum - eis o progressismo, enquanto ideologia.

2.1) Nos primórdios da rede social, minha família foi uma das primeiras a ter e e-mail, mas fiz pouco uso da ferramenta, pois, no meio social onde eu estava, a maioria nem tinha computador em casa, ainda mais com internet.

2.2) Durante os anos da faculdade é que fiz mais uso do e-mail como ferramenta de comunicação. Tive excelentes conversas através deste instrumento, a ponto de cultivar excelentes amizades por conta disso. Só não tive debates acadêmicos por esta via porque as pessoas não tinham cultura para isso, como bem apontou o professor Olavo de Carvalho, tempos mais tarde - desde que a esquerda passou a dominar o ambiente universitário no Brasil, a cultura está sendo rebaixada e o processo se acelerou mais, da década de 90 para cá.

3.1) Na época de Facebook, muito embora as pessoas preferissem conversar pelo Whatsapp, eu ainda assim preferia o e-mail. Eu sempre gostei de desenvolver com elas uma conversa inteligente e com  o raciocínio fundamentado, já que não uso a escrita como sucedâneo da linguagem falada, por conta de meu ouvinte estar em terras distantes ou ser nativo de um outro idioma que não o português. Isto faria do processo comunicacional uma atividade irracional e errático, tal qual a fala - e isto é um uso impróprio da escrita enquanto ferramenta de comunicação.

3.2) Quando alguém me diz que e-mail é coisa do passado, a vontade que eu tenho é de espancar o imbecil que diz isto até não poder mais - ao contrário do que diz Maquiavel na sua obra O Príncipe, eu não sou como a maioria dos homens, que se ofende com as pequenas ofensas. Dizer que e-mail é atraso de vida é dizer que a cultura do escrito é um atraso de vida e que ela não faz sentido algum - e neste ponto, essa pessoa está sendo imbecil, pois está medindo as coisas pela estupidez dela, já que está conservando o que é conveniente e dissociado da verdade. E ser conservantista é primar pelo obsoleto, não pela tradição, pela cultura; o conservantista não ama a verdade, que é o fundamento da liberdade, pois não conserva a dor de Cristo.

4.1) Aqui em casa mesmo, como tenho a tendência de preferir escrever a falar, por conta de eu ser um homem de letras, eu geralmente prefiro resolver os meus problemas por escrito.

4.2) Quando faço uma compra e sinto que algo está errado durante o processo de aquisição, eu escrevo para a empresa responsável e resolvo meus problemas por e-mail. Geralmente sou bem atendido e os problemas são resolvidos, sem se fazer o menor alarde. Meus pais são o exemplo oposto: eles preferem ligar para os prestadores de serviço quando algo está errado. Como estas empresas usam mecanismos de call center desumanizadores, eles se sentem humilhados com a espera, a tal ponto que não conseguem resolver os problemas do dia-a-dia. E essa postura de não-conversa só agrava ainda mais os problemas sociais, a ponto de se criar uma cultura de judicialização - e isso é um prato cheio para o comunismo.

5.1) Infelizmente, vivemos numa sociedade onde a cultura do escrito é negligenciada - como as pessoas estão cada vez estão mais bárbaras e mais cheias de si, a ponto de conservarem o que é conveniente e dissociado da verdade, o diálogo pela via da fala, que é a via preferida do extrovertido, está se tornando um caminho extremamente perigoso de se viver a vida. E neste sentido, o caminho mais seguro para se exercer a arte de conhecer alguém é certamente pela via da escrita.

5.2) Fico imaginando quantas portas podem ser abertas se as relações entre mim e os vizinhos de condomínio se dessem pela comunicação por escrito. Muitos interesses poderiam ser conciliados a partir daí. 

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 06 de fevereiro de 2023 (data da postagem original).

quarta-feira, 3 de agosto de 2022

Do darwinismo cultural acadêmico à civilização - da sobrevivência a um ambiente culturalmente hostil à conquista da alta cultura: uma epopéia brasileira

1) O meio acadêmico brasileiro tem um quê de darwiniano: em um meio culturalmente hostil, só os mais fortes sobrevivem. E os mais fortes são os que amigos de Cristo sem medida, o que prova que darwinismo cultural não passa de uma flecha lançada que um dia vai se voltar contra os próprios marxistas.

2) Conforme vai aumentando a comunidade dos sobreviventes e eles vão trocando experiências entre si na rede social, a ponto de terem sido alunos do professor Olavo de Carvalho - que foi o único sobrevivente daquele Brasil culturalmente rico que se perdeu por conta da ação comunista na educação e na cultura -, mais a cultura de sobrevivência vai aumentando a ponto de se tornar cada vez mais sofisticada. E da cultura de sobrevivência nasce uma cultura de civilização.

3.1) Se juntarmos ao fato de que também sou amigo de poloneses, que sentiram na pele os horrores do comunismo no Leste Europeu, a experiência de sobrevivência fica ainda mais completa, pois sem isso a pessoa não será capaz de distinguir exatamente o verdadeiro querer e o verdadeiro não querer fundado no verdadeiro Deus e verdadeiro Homem.

3.2) Se essa pessoa não for bem treinada nisso, ela abraçará o conservantismo protestante, que é o primeiro passo do esquerdismo, que é marcadamente de cunho espiritual.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 03 de agosto de 2022 (data da postagem original).