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quarta-feira, 18 de outubro de 2023

Quem dá aos outros empresta a Deus - considerações sobre a economia da caridade

1) Quando faço uma venda no Payhip, eu sou mordido em três ocasiões: pela plataforma, pelo Paypal e pelo governo, através dos impostos. Tudo isto inviabiliza o meu trabalho, dado que eles são movidos pela ganância - pela gula de Khronos de querer ser o primeiro a cada segundo, como se riqueza fosse sinal de salvação.

2) Para que eu não repasse o preço da opressão do sistema, fundado na ganância, à população - o que é um prato cheio para todos aqueles que só sabem conservar o que é conveniente e dissociado da verdade, quando se trata de malhar a economia de mercado -, eu estou adotando a estratégia de doar os e-books que eu mesmo produzi. Ao mesmo tempo em que a pessoa fica contente com o agrado, isto gera uma venda ficta, dado que estou emprestando o fruto do meu trabalho a Deus, pois se esta pessoa não tivesse a mentalidade moldada no marxismo cultural de modo a ser tão refratária à economia de mercado, ela com certeza compraria o livro. O valor da venda ficta é posto no precatório e executado na poupança, como se fosse uma dívida de verdade - e por conta dos juros que recebo da poupança, eu recebo ganhos sobre a incerteza, que é própria deste vale de lágrimas. Isto é análogo a uma alienação fiduciária em garantia - e a garantia está no fato de que recebo juros da poupança, todos os meses, uma vez que Deus, na figura do Cristo necessitado, é bom pagador.

3.1) Vamos partir do seguinte exemplo: o livro O Brasil não foi colônia, de Tito Lívio Ferreira, está custando R$ 10,00, na minha lojinha no Payhip. Como eu atualmente recebo R$ 30,00 de juros por mês no melhor aniversário que eu tenho na poupança, isto equivale a dizer que, a cada unidade de livro que eu der de graça a alguém, ele se autopaga três vezes, o que faz da caridade uma atividade altamente produtiva, ainda mais em contexto de pequeno mercado.

3.2) Quando termino de pagar a dívida, o valor incoporado à poupança serve de ponto de partida para se pleitear um compromisso ainda maior com Deus, na figura dos juros sobre juros, pois em um ano, se eu der 10 unidades deste livro, eu recebo mais do que R$ 300,00 da poupança - 100,00 farão os livros dados se autopagarem e enquanto um valor bem acima de R$ 200,00 será meu ganho sobre a incerteza neste vale de lágrimas. Este é um dos fundamentos do distributivismo - se o agraciado com o benefício fica impressionado com o presente, nos méritos de Cristo, ele com ceteza vai me pedir permissão para repassar o livro para outras pessoas, a ponto de ter isto um verdadeiro caráter multiplicativo - o que me gera novas vendas fictas até onde a vista alcançar.

3.3.1) Na venda ficta, eu observo o princípio da reserva fracionária: para cada unidade de livro que eu dou a alguém, o valor do livro que eu dei eu devo repor, como se tivesse havido uma venda de verdade.

3.3.2) Neste princípio, a caridade tem uma relação íntima com a sustentabilidade, com a produtividade. Se eu der um produto de R$ 60,00, sendo que a minha poupança me remunera R$ 30,00 por mês, eu vou precisar de dois meses para repor o plantel, em razão do custo de oportunidade; se eu der um livro de R$ 10,00 sendo que eu recebo R$ 30,00 na poupança, então o livro se autopaga três vezes, o que faz com que a caridade se torne uma atividade extremamente produtiva.

4.1) Se eu trabalhar de maneira discreta, sem fazer muito alarde, a venda ficta de e-books será uma maneira de me monetizar a partir da digitalização de livros cujos direitos de determinado autor ainda estejam em vigor, esteja esse autor ainda vivo ou recentemente falecido. Como opero no mercado face-a-face, com pessoas que amam e rejeitam as mesmas tendo por Cristo fundamento, dificilmente serei pego - como a casa é asilo inviolável do indivíduo, do mesmo modo que a vida privada, isto, por força da Constituição, protegerá as minhas transações, pois as vendas serão feitas na constância do meu lar.

4.2) Quando uma determinada obra estiver livre de direitos autorais, eu abro a loja do Payhip, faço propaganda e promovo o produto de forma aberta, dado que não estou violando os direitos autorais de pessoa alguma, posto que os privilégios temporários do autor pereceram, não só com a morte deste, mas também com o fato de terem se passado 70 anos desde a morte deste, contados a partir do ano subseqüente ao do seu falecimento.

4.3) Como tenho um contato que faz livros físicos a partir das obras digitalizadas, eu posso montar uma livraria para revender reimpressões de livros de obras cujos direitos autorais já estejam expirados, dado que muitas pessoas preferem livro físico ao livro digital. As vendas reais que eu fizer, elas serão vistas como um subsídio a minha atividade, a ponto de serem vistas como uma espécie de cashback - o que constitui um extra para a minha poupança, de modo que ela faça coisas ainda mais caras se autopagarem, o que ampliará minhas opções de compra e minhas possibilidades de ação no mundo.

4.4) Como trabalho com reimpressões de obras cujo direito autoral já está expirado, não me incomodo nem um pouco de trabalhar num mercado de segunda mão - neste sentido, sou mais livre para determinar o preço do livro que eu quiser, desde que não seja lesivo aos consumidores.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 18 de outubro de 2023 (data da postagem original).

sexta-feira, 23 de setembro de 2022

Cultura da pejotização - um possível germe do renascimento das guildas profissionais

1) Certa ocasião, eu estava no Linked In quando me reencontrei com uma colega com a qual não falava havia muitos anos. Ela havia se formado em direito, trabalhado num escritório como advoga associada por um certo tempo até ser conhecida no mercado imobiliário. E tão logo ficou conhecida no mercado como uma profissional competente que era, ela pôde montar seu próprio escritório de advocacia.

2) Ora, se isso é perfeitamente natural entre os profissionais liberais, a mesma coisa pode acontecer entre as profissões chamadas subalternas. Vamos supor que eu comece a carreira como um padeiro, Durante um tempo, como trabalhador pobre e servil que eu sou, eu trabalho de celetista por um certo tempo até adquirir experiência e know-how profissional. Quando adquirir experiência profissional e me tornar um padeiro experiente, eu abro uma pessoa jurídica, a ponto de oferecer serviços de padeiro a quem quiser me contratar. Posso até mesmo abrir uma escola de panificação de modo a ensinar os jovens a serem futuros padeiros, tão logo eu me aposente. 

3) A PJ que eu - na qualidade de padeiro - montar, ela aceita padeiros associados. Assim, por conta da associação de padeiros, surgem oportunidades de negócios na região bem como uma melhor defesa dos interesses profissionais a nível local ou mesmo a possibilidade de se formar uma caixa mútua entre os associados de modo que os padeiros possam abrir suas próprias padarias. Isto faria com que os poderes de usar, gozar e dispor sejam distribuídos ao maior número de pessoas possível, nos méritos de Cristo.

4) Como o princípio da associação se funda no fato de as pessoas amarem e rejeitarem as mesmas coisas tendo por Cristo fundamento, de certa forma a cultura da pejotização, se for feita por pessoas que se santificam através do trabalho e do estudo, leva ao ressurgimento da guilda, pois as pessoas estão se associando pelo princípio mais básico: porque amam e rejeitam as mesmas coisas tendo por Cristo fundamento, a ponto de a verdade ser o fundamento da liberdade. E isso deve ser o motor de qualquer associação fundada no interesse profissional ou mesmo pessoal, pois a verdade não pode estar acima do amor de si até o desprezo de Deus - a razão pela qual ocorre a primarização das relações sociais.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 23 de setembro de 2022 (data da postagem original).

terça-feira, 30 de agosto de 2022

Notas sobre a cultura do cashback na economia de consumo e a sua importância quanto a isso

1) Quando vou fazer uma compra com cartão de crédito, eu procuro saber se a loja virtual me oferece cashback e qual seria o valor dessa taxa.

2) Pela minha experiência, eu escolho a loja com a qual vou comprar pelos seguintes critérios: se ela oferece parcelamento em doze vezes sem juros - um critério que me é necessário - e se me oferece cashback - um critério desejável. Se a loja A me oferece tudo isto de que necessito, ela já conquista a minha preferência; se a loja B me oferece tudo isto e uma taxa de cashback maior, talvez ela mereça minha atenção, se não for uma Magazine Luiza, uma loja cuja dona é comunista. 

3) Ao contrário do que pensa Ludwig von Mises, quando faço uma compra eu também levo em conta quem está por trás da loja A - se descubro que meu dinheiro está sendo usado para financiar o que não presta, eu paro de comprar naquela loja, uma vez que o proprietário daquela loja está apelando ao amor próprio para afastar a todos nós da conformidade com o Todo que vem de Deus, o que pavimenta o caminho para o comunismo; se a loja B foi recentemente adquirida por um empresário católico e se nela o novo proprietário promove os valores tradicionais, fundados na conformidade com o Todo que vem de Deus, não me importo de pagar um pouco mais caro pelo pedido, pois eu sei que o dinheiro será bem usado para não só aprimorar aquela loja, como também pagar bem os salários dos empregados nos méritos de Cristo, pois está ela pedindo dinheiro emprestado através da minha compra, assim como dos demais consumidores. E sobre isso incidem juros, os quais devem ser retornados em serviços melhores para mim e outros fregueses, uma vez que um Cristo necessitado é o banco de Deus, não um bolchevique.

4) Se a loja me pagar um bom cashback em retorno, é como se o dono estivesse vendo Cristo em mim a ponto de me dizer o seguinte: "não é uma esmola porque não sois mendigo, nem um auxílio porque não precisais dele. Também não é o que me sobra o que vos ofereço - este cashback representa minha gratidão, pois o que eu tenho eu recebi de vós, que fostes um Cristo para mim".

5.1) Se a cultura cristã no Brasil fosse forte, o cashback teria uma profunda relação com o distributivismo católico - o que me permitirá conhecer melhor os custos da oportunidade perdida por conta de eu não comprar com a loja B e sim com A, pois isso revela os custos de oportunidade decorrentes de uma decisão econômica a ser tomada, do ponto de vista do consumidor, posto que mercado é encontro, não sujeição. 

5.2.1) Se a verdade é o fundamento da liberdade, você deixará de obter muitos ganhos sobre a incerteza neste vale de lágrimas se você tomar uma decisão injusta ou insensata, caso prefira agradar ao mundo e não a Deus. 

5.2.2) Por isso, o mecanismo de cashback é um poderoso instrumento que incentiva a responsabilidade interpessoal na ordem econômica, sobretudo numa ordem onde as pessoas buscam ser livres em Cristo, por Cristo e para Cristo a ponto de se santificarem através do trabalho ou do estudo - a base da economia católica, da economia da salvação, da ordem econômica e social voltada para o bem comum - o que é essencial para se tomar o país onde se vive como um lar em Cristo, por Cristo e para Cristo., o que nos prepararia para a pátria definitiva, a qual se dá no Céu.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 30 de agosto de 2022 (data da postagem original).

sábado, 20 de maio de 2017

São Vicente, precursor do distributivismo

Terminando a biografia de São Vicente finalmente.

1) O homem foi um passo além da assistência aos pobres - ele os ensinava a sobreviver aplicando princípios do distributivismo (o mais católico de todos modelos econômicos) - antes mesmo dele existir (embora sua origem se encontra nos evangelhos).

2) Pelo que os historiadores mostram, São Vicente foi economicamente crucial numa França já destruída pelas guerras. Suas confrarias foram pioneiras não apenas como instituições de assistência básica, mas de profissionalização. Inspirado na vida econômica medieval, ele, juntamente com Louise de Marillac, fundou o primeiro centro de profissionalização - dedicado apenas à velhos pobres reduzidos à mendicancia e acometidos por debilidades físicas. Falando por um viés friamente econimicista, uma multidão de pessoas que antes eram improdutivas, passaram a integrar o radar econômico de uma França que começava a se reerguer.

3) A "fase dois" das obras de caridade vicentinas incluía o ensino de ofícios. Mendigos viravam tecelões, sapateiros, costureiros, rendeiros - o que era possível ajudar materialmente - a Confraria ajudava, até eles caminharem com as próprias pernas e passassem a ensinar outros em condições piores (esse compromisso era RELIGIOSO).

4) No início, operários eram chamados para ensinar seus ofícios e as atividades se desdobravam em velocidade exponencial. Dividindo o tempo entre catequeses e missas.

5) São Vicente é admirável, no legado espiritual e material. Meu Deus, que figura fantástica! Que legado extraordinário! Não apenas a França que deve muito a ele, mas todos nós.

Gabriel Vince 

Facebook, 20 de maio de 2017.