1) No The Sims 4, quando você desenvolve suas habilidades no conforto do seu lar, a casa pode ser um lugar de transformação. A matéria-prima que você coleta das fazendas, ela pode ser transformada em múltiplos produtos - nas mãos de um cozinheiro habilidoso, o leite da vaca vira queijo ou pode ser transformado em outros tipos de alimentos; a lã das ovelhas pode ser transformada em roupas, se o seu sim souber fazer tricõ ou algum tipo de tecelagem; as frutas e hotaliças colhidas dos campos e jardins podem ser transformadas em sucos ou outros tipos de alimentos; as árvores que você planta na sua reserva, se forem madeiras-de-lei, podem ser transformadas em móveis valiosos se seu sim souber marcenaria.
2) Se no Ultima Online, o sim é, por definição, um ser social que é pau-para-toda-obra, então ele, como ser humano simulado, é um polímata a ponto de se santificar a partir de todo e qualquer trabalho, uma vez que ele tem dois dons: o dom da adaptabilidade e o dom da flexibilidade. Por essa razão, a casa do sim é o ambiente natural onde essa transformação é possível - não só transformação de matéria-prima em bens consumíveis, mas também de transformação de realidade, por ser um ambiente propício à contemplação, sem a qual é impossível o verdadeiro conhecimento filosófico.
3) Quando falo do dom da adaptabilidade, o sim, quando se reveste de verdadeiro Deus e verdadeiro Homem, ele tende a reabsorver as circuntâncias do lar e da vizinhança onde se encontra de modo a tirar melhor proveito da situação, de modo a colher ganhos sobre a incerteza, neste vale de lágrimas, ainda que simulado; quando falo de flexibilidade, ele combina as diferentes habilidades que ele aprendeu ao longo da vida e o que foi acumulado ao longo das gerações de modo a criar uma nova profissão - e isto é um verdadeiro trabalho de gênio, o que impulsiona ainda mais o processo de adaptabilidade. Este é verdadeiro motor do progresso científico, pois a verdade é o fundamento da liberdade, ao passo que o desenvolvimento econômico é a a expressão dessa liberdade, enquanto plena capacidade de tirar proveito das circunstâncias em que o sim se encontra.
José Octavio Dettmann
Rio de Janeiro, 07 de novembro de 2023 (data da postagem original).
terça-feira, 7 de novembro de 2023
Notas sobre a casa dos sims no The Sims 4, enquanto ambiente de transformação (reflexões sobre o mundo interior a partir da minha experiência de jogador)
quarta-feira, 18 de outubro de 2023
Quem dá aos outros empresta a Deus - considerações sobre a economia da caridade
1) Quando faço uma venda no Payhip, eu sou mordido em três ocasiões: pela plataforma, pelo Paypal e pelo governo, através dos impostos. Tudo isto inviabiliza o meu trabalho, dado que eles são movidos pela ganância - pela gula de Khronos de querer ser o primeiro a cada segundo, como se riqueza fosse sinal de salvação.
2) Para que eu não repasse o preço da opressão do sistema, fundado na ganância, à população - o que é um prato cheio para todos aqueles que só sabem conservar o que é conveniente e dissociado da verdade, quando se trata de malhar a economia de mercado -, eu estou adotando a estratégia de doar os e-books que eu mesmo produzi. Ao mesmo tempo em que a pessoa fica contente com o agrado, isto gera uma venda ficta, dado que estou emprestando o fruto do meu trabalho a Deus, pois se esta pessoa não tivesse a mentalidade moldada no marxismo cultural de modo a ser tão refratária à economia de mercado, ela com certeza compraria o livro. O valor da venda ficta é posto no precatório e executado na poupança, como se fosse uma dívida de verdade - e por conta dos juros que recebo da poupança, eu recebo ganhos sobre a incerteza, que é própria deste vale de lágrimas. Isto é análogo a uma alienação fiduciária em garantia - e a garantia está no fato de que recebo juros da poupança, todos os meses, uma vez que Deus, na figura do Cristo necessitado, é bom pagador.
3.1) Vamos partir do seguinte exemplo: o livro O Brasil não foi colônia, de Tito Lívio Ferreira, está custando R$ 10,00, na minha lojinha no Payhip. Como eu atualmente recebo R$ 30,00 de juros por mês no melhor aniversário que eu tenho na poupança, isto equivale a dizer que, a cada unidade de livro que eu der de graça a alguém, ele se autopaga três vezes, o que faz da caridade uma atividade altamente produtiva, ainda mais em contexto de pequeno mercado.
3.2) Quando termino de pagar a dívida, o valor incoporado à poupança serve de ponto de partida para se pleitear um compromisso ainda maior com Deus, na figura dos juros sobre juros, pois em um ano, se eu der 10 unidades deste livro, eu recebo mais do que R$ 300,00 da poupança - 100,00 farão os livros dados se autopagarem e enquanto um valor bem acima de R$ 200,00 será meu ganho sobre a incerteza neste vale de lágrimas. Este é um dos fundamentos do distributivismo - se o agraciado com o benefício fica impressionado com o presente, nos méritos de Cristo, ele com ceteza vai me pedir permissão para repassar o livro para outras pessoas, a ponto de ter isto um verdadeiro caráter multiplicativo - o que me gera novas vendas fictas até onde a vista alcançar.
3.3.1) Na venda ficta, eu observo o princípio da reserva fracionária: para cada unidade de livro que eu dou a alguém, o valor do livro que eu dei eu devo repor, como se tivesse havido uma venda de verdade.
3.3.2) Neste princípio, a caridade tem uma relação íntima com a sustentabilidade, com a produtividade. Se eu der um produto de R$ 60,00, sendo que a minha poupança me remunera R$ 30,00 por mês, eu vou precisar de dois meses para repor o plantel, em razão do custo de oportunidade; se eu der um livro de R$ 10,00 sendo que eu recebo R$ 30,00 na poupança, então o livro se autopaga três vezes, o que faz com que a caridade se torne uma atividade extremamente produtiva.
4.1) Se eu trabalhar de maneira discreta, sem fazer muito alarde, a venda ficta de e-books será uma maneira de me monetizar a partir da digitalização de livros cujos direitos de determinado autor ainda estejam em vigor, esteja esse autor ainda vivo ou recentemente falecido. Como opero no mercado face-a-face, com pessoas que amam e rejeitam as mesmas tendo por Cristo fundamento, dificilmente serei pego - como a casa é asilo inviolável do indivíduo, do mesmo modo que a vida privada, isto, por força da Constituição, protegerá as minhas transações, pois as vendas serão feitas na constância do meu lar.
4.2) Quando uma determinada obra estiver livre de direitos autorais, eu abro a loja do Payhip, faço propaganda e promovo o produto de forma aberta, dado que não estou violando os direitos autorais de pessoa alguma, posto que os privilégios temporários do autor pereceram, não só com a morte deste, mas também com o fato de terem se passado 70 anos desde a morte deste, contados a partir do ano subseqüente ao do seu falecimento.
4.3) Como tenho um contato que faz livros físicos a partir das obras digitalizadas, eu posso montar uma livraria para revender reimpressões de livros de obras cujos direitos autorais já estejam expirados, dado que muitas pessoas preferem livro físico ao livro digital. As vendas reais que eu fizer, elas serão vistas como um subsídio a minha atividade, a ponto de serem vistas como uma espécie de cashback - o que constitui um extra para a minha poupança, de modo que ela faça coisas ainda mais caras se autopagarem, o que ampliará minhas opções de compra e minhas possibilidades de ação no mundo.
4.4) Como trabalho com reimpressões de obras cujo direito autoral já está expirado, não me incomodo nem um pouco de trabalhar num mercado de segunda mão - neste sentido, sou mais livre para determinar o preço do livro que eu quiser, desde que não seja lesivo aos consumidores.
José Octavio Dettmann
Rio de Janeiro, 18 de outubro de 2023 (data da postagem original).
quarta-feira, 11 de outubro de 2023
Se as habilidades no Ultima Online fossem conectadas umas às outras, novas profissões se revelariam, pois elas seriam respostas às circunstâncias de jogo em que nos encontramos
1) O professor Olavo de Carvalho, com base em José Ortega y Gasset, dizia que gênio é todo aquele que descobre sua profissão nos méritos de Cristo - se ela é a sua cruz, então ele a abraça ternamente a ponto de se santificar através do trabalho, uma que neste vale de lágrimas ele vive a vida tal qual um náufrago, pois ele está diante dele mesmo e suas circunstâncias, sendo testemunhado por aquela testemunha única que ele não pode ver mas que não pode enganar, uma vez que o verbo se fez carne a ponto de fazer santa habitação através da Santa Eucarisitia.
2) Se as habilidades do seu personagem fossem conectadas umas às outras, novas profissões poderiam ser reveladas, a tal ponto que um personagem com alta capacidade de domesticar animais poderia ser um pecuarista, se ele tiver a habilidade de veterinária e de avaliar os produtos da roça, a ponto de poder vender no mercado.
3) Se ele tiver a habilidade de culinária, ele poderia aproveitar os produtos da roça de modo a desenvolver alimentos e alimentar a vila onde ele habita.
4) Se ele tiver uma boa habilidade de escrita, ele pode apurar a contabilidade dos itens obtidos com o seu trabalho, registrar o seu valor real e aí ele vai separando a parte que deve ao Cristo-príncipe que governa toda a sociedade de modo a aprimorar a liberdade de muitos.
José Octavio Dettmann
Rio de Janeiro, 11 de outubro de 2023 (data da postagem original).
segunda-feira, 13 de fevereiro de 2023
Nota sobre política, enquanto arte do possível, e o processo de criação de mods na Steam: das sugestões como um processo de se viabilizar o bem comum na comunidade gamer - lições da minha experiência pessoal
1) Desde que aprendi a compreender o processo criativo dos mods do Civilization V, eu agora faço análises de playbook de modo a oferecer sugestões aos criadores de mods deste jogo e os do Civilization VI. Muitas das minhas sugestões serviram de base para excelentes mods, tanto de Civilization V e VI - e eu adicionei todos os que acolheram as minhas sugestões.
2.1) Confesso que estou gostando cada vez mais da idéia de me articular com os criadores de mod de Civilization V e VI de modo que as boas idéias de um jogo possam vingar no outro.
2.2) Uma articulação bem feita permite a criação de muitos mods - o que me permite estudar ainda mais o processo de criação de modo que eu possa fazer sugestões cada vez mais convincentes para outros criadores.
3) Enfim, estou gostando muito desse aspecto político do processo de criação de mods, já que estou servindo ao bem comum de ambas as comunidades gamers, tanto em meu nome quanto de quem está ao meu redor. Isto é muito melhor do que a politicagem que ocorre lá em Brasília.
4) Se as pessoas observarem bem, auxiliar os outros no processo de criação de mods visando a melhorar jogos de estratégia que edificam a alma e o imaginário de muitos pode ser uma verdadeira escola, pois ela te prepara para você servir aos outros no parlamento naquilo que é importante para o bem comum da pátria, que deve ser tomada como um lar em Cristo, por Cristo e para Cristo.
José Octavio Dettmann
Rio de Janeiro, 13 de fevereiro de 2013 (data da postagem original).
sexta-feira, 23 de setembro de 2022
Cultura da pejotização - um possível germe do renascimento das guildas profissionais
1) Certa ocasião, eu estava no Linked In quando me reencontrei com uma colega com a qual não falava havia muitos anos. Ela havia se formado em direito, trabalhado num escritório como advoga associada por um certo tempo até ser conhecida no mercado imobiliário. E tão logo ficou conhecida no mercado como uma profissional competente que era, ela pôde montar seu próprio escritório de advocacia.
2) Ora, se isso é perfeitamente natural entre os profissionais liberais, a mesma coisa pode acontecer entre as profissões chamadas subalternas. Vamos supor que eu comece a carreira como um padeiro, Durante um tempo, como trabalhador pobre e servil que eu sou, eu trabalho de celetista por um certo tempo até adquirir experiência e know-how profissional. Quando adquirir experiência profissional e me tornar um padeiro experiente, eu abro uma pessoa jurídica, a ponto de oferecer serviços de padeiro a quem quiser me contratar. Posso até mesmo abrir uma escola de panificação de modo a ensinar os jovens a serem futuros padeiros, tão logo eu me aposente.
3) A PJ que eu - na qualidade de padeiro - montar, ela aceita padeiros associados. Assim, por conta da associação de padeiros, surgem oportunidades de negócios na região bem como uma melhor defesa dos interesses profissionais a nível local ou mesmo a possibilidade de se formar uma caixa mútua entre os associados de modo que os padeiros possam abrir suas próprias padarias. Isto faria com que os poderes de usar, gozar e dispor sejam distribuídos ao maior número de pessoas possível, nos méritos de Cristo.
4) Como o princípio da associação se funda no fato de as pessoas amarem e rejeitarem as mesmas coisas tendo por Cristo fundamento, de certa forma a cultura da pejotização, se for feita por pessoas que se santificam através do trabalho e do estudo, leva ao ressurgimento da guilda, pois as pessoas estão se associando pelo princípio mais básico: porque amam e rejeitam as mesmas coisas tendo por Cristo fundamento, a ponto de a verdade ser o fundamento da liberdade. E isso deve ser o motor de qualquer associação fundada no interesse profissional ou mesmo pessoal, pois a verdade não pode estar acima do amor de si até o desprezo de Deus - a razão pela qual ocorre a primarização das relações sociais.
José Octavio Dettmann
Rio de Janeiro, 23 de setembro de 2022 (data da postagem original).
terça-feira, 30 de agosto de 2022
Notas sobre a cultura do cashback na economia de consumo e a sua importância quanto a isso
1) Quando vou fazer uma compra com cartão de crédito, eu procuro saber se a loja virtual me oferece cashback e qual seria o valor dessa taxa.
2) Pela minha experiência, eu escolho a loja com a qual vou comprar pelos seguintes critérios: se ela oferece parcelamento em doze vezes sem juros - um critério que me é necessário - e se me oferece cashback - um critério desejável. Se a loja A me oferece tudo isto de que necessito, ela já conquista a minha preferência; se a loja B me oferece tudo isto e uma taxa de cashback maior, talvez ela mereça minha atenção, se não for uma Magazine Luiza, uma loja cuja dona é comunista.
3) Ao contrário do que pensa Ludwig von Mises, quando faço uma compra eu também levo em conta quem está por trás da loja A - se descubro que meu dinheiro está sendo usado para financiar o que não presta, eu paro de comprar naquela loja, uma vez que o proprietário daquela loja está apelando ao amor próprio para afastar a todos nós da conformidade com o Todo que vem de Deus, o que pavimenta o caminho para o comunismo; se a loja B foi recentemente adquirida por um empresário católico e se nela o novo proprietário promove os valores tradicionais, fundados na conformidade com o Todo que vem de Deus, não me importo de pagar um pouco mais caro pelo pedido, pois eu sei que o dinheiro será bem usado para não só aprimorar aquela loja, como também pagar bem os salários dos empregados nos méritos de Cristo, pois está ela pedindo dinheiro emprestado através da minha compra, assim como dos demais consumidores. E sobre isso incidem juros, os quais devem ser retornados em serviços melhores para mim e outros fregueses, uma vez que um Cristo necessitado é o banco de Deus, não um bolchevique.
4) Se a loja me pagar um bom cashback em retorno, é como se o dono estivesse vendo Cristo em mim a ponto de me dizer o seguinte: "não é uma esmola porque não sois mendigo, nem um auxílio porque não precisais dele. Também não é o que me sobra o que vos ofereço - este cashback representa minha gratidão, pois o que eu tenho eu recebi de vós, que fostes um Cristo para mim".
5.1) Se a cultura cristã no Brasil fosse forte, o cashback teria uma profunda relação com o distributivismo católico - o que me permitirá conhecer melhor os custos da oportunidade perdida por conta de eu não comprar com a loja B e sim com A, pois isso revela os custos de oportunidade decorrentes de uma decisão econômica a ser tomada, do ponto de vista do consumidor, posto que mercado é encontro, não sujeição.
5.2.1) Se a verdade é o fundamento da liberdade, você deixará de obter muitos ganhos sobre a incerteza neste vale de lágrimas se você tomar uma decisão injusta ou insensata, caso prefira agradar ao mundo e não a Deus.
5.2.2) Por isso, o mecanismo de cashback é um poderoso instrumento que incentiva a responsabilidade interpessoal na ordem econômica, sobretudo numa ordem onde as pessoas buscam ser livres em Cristo, por Cristo e para Cristo a ponto de se santificarem através do trabalho ou do estudo - a base da economia católica, da economia da salvação, da ordem econômica e social voltada para o bem comum - o que é essencial para se tomar o país onde se vive como um lar em Cristo, por Cristo e para Cristo., o que nos prepararia para a pátria definitiva, a qual se dá no Céu.
José Octavio Dettmann
Rio de Janeiro, 30 de agosto de 2022 (data da postagem original).
sábado, 28 de maio de 2022
O que são subsidiárias no contexto da economia da salvação?
1) Se eu, na qualidade de escritor, monto uma livraria e uma editora, de modo que estas trabalhem em sinergia de modo a libertar meu povo do conservantismo e da ignorância, nos méritos de Cristo, então os ganhos sobre a incerteza que recebo neste vale de lágrimas constituem meu subsídio. Já que atendo a vários cristos necessitados sistematicamente, posso chamar, dessa forma, vários colaboradores que venham a me auxiliar nesta tarefa, a ponto de dividir o que ganho com eles, na proporção do que fizeram de bom ao público nos méritos do verdadeiro Deus e verdadeiro Homem.
2) Como meu trabalho serve de subsídio para a restauração para o império que Cristo quis para Si em Ourique, então toda empresa montada dentro deste propósito civilizacional, que levou a invenção da Santa Cruz nesta terra, se chamará subsidiária, pois o princípio dela é servir de instrumento civilizatório para um império de cultura nos méritos de Cristo, não de um império de domínio fundado num animal que mente e que vive a conservar o que é conveniente e dissociado da verdade, tal como vemos nos outros países que não foram fundados sob essa cosmovisão santificadora e civilizadora. Esse império fundado em Cristo jamais perecerá, uma vez que a verdade é o fundamento da liberdade, a ponto de o desenvolvimento econômico e social ser um reflexo disso.
3) Os princípios da economia da salvação estão intimamente ligados à propagação da verdadeira fé, tal como foi estabelecido no milagre de Ourique. Por isso atividades econômicas organizadas devem ser pautadas dentro desses princípios, pois estes são os verdadeiros princípios, não os que decorrem da pseudocivilização maçônica e protestante, cuja liberdade servida com fins vazios só fabrica psicopatas.
José Octavio Dettmann
Rio de Janeiro, 28 de maio de 2022 (data da postagem original).
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terça-feira, 19 de abril de 2022
Notas sobre Tetris e a pedagogia da responsabilidade
1) Quando aprendi a parcelar compras no cartão de crédito, logo compreendi a natureza tétrica das parcelas das compras que faço - devo encaixá-las tais como blocos de Tetris de modo que eu não estoure o limite do cartão.
2) Eis a beleza da pedagogia do Tetris: mesmo que o bloco - que são as minhas escolhas - não seja o mais adequado para mim, eu devo abraçar essa cruz de modo que o desfavorável até mesmo trabalhe ao meu favor, pois neste vale de lágrimas eu só me valho de duas ferramentas: eu mesmo e minhas circunstâncias - o que não quer que eu esteja só, pois Deus será meu consolo até o fim dos tempos.
José Octavio Dettmann
Rio de Janeiro, 19 de abril de 2022 (data da postagem original).
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quinta-feira, 19 de agosto de 2021
Um conto cristocêntrico sobre a dação em pagamento e sobre o senso de tomar vários lugares como um mesmo lar em Cristo
1.1) Se eu estivesse no exterior e me fosse possível receber de presente de aniversário uma muda de árvore frutífera de um amigo da França, eu iria cultivá-la de tal modo a produzir sucos e vinhos da mais alta qualidade, assim como pratos tendo por ingrediente os frutos dessa árvore frutífera que me foi dada de presente na sua mais alta qualidade. Eu só teria o trabalho de cultivá-la no jardim e de aperfeiçoar as sementes da espécie que me foi dada de presente até a perfeição.
1.2) Ao longo dos anos, por força da amizade, eu receberia diferentes espécies de árvores frutíferas, oriundas de diferentes lugares, cuja doação me foi feita por amigos meus oriundos de diferentes lugares do planeta. Todos eles viram Cristo em mim a ponto de me presentear com alguma coisa útil - eu só tive o trabalho de honrar o verdadeiro Deus e verdadeiro Homem que há nessas pessoas, a ponto de estabelecer uma atividade econômica organizada, a ponto de criar alguma coisa útil a partir daí, o que me leva a um caminho salvífico interessante.
2.1) Na hora que for me encontrar com esse amigo meu da França, no dia do seu aniversário, eu darei a ele uma muda de árvore frutífera, melhorada na sua mais ala qualidade, que recebi de outro amigo meu, oriundo de outro lugar do planeta. Algo diverso do que ele me deu no passado, em termos de gênero, quantidade e qualidade.
2.2.1) Essa muda servirá como ponto de partida para que ele possa começar a reproduzir a tradição de tomar novos lugares como um mesmo lar em Cristo.
2.2.2) Ainda que ele não venha a conhecer amigos estrangeiros, eu representarei esses meus amigos estrangeiros que conheci ao longo do tempo, a ponto de dar a ele, todos os anos, todos os presentes que recebi desses meus amigos que se encontram pelo mundo inteiro e que reuni e acumulei na minha pessoa, já que meu ser reuniu informações dispersas num único sistema, a ponto de ser passado a outra pessoa, na forma de uma tradição em Cristo fundada.
3) A dação em pagamento, na forma de presente em Cristo fundado, conecta várias pessoas de diferentes lugares e origens a ponto de criar uma ordem nova, um império de verdade, um império de cultura cuja expressão se dá num estilo de vida livre, fundado na santificação através do trabalho e do estudo, já que a verdade é o fundamento da liberdade, uma vez que os ventos da mudança são soprados pela direção do Espírito Santo, que sopra onde quer de modo a promover a integração destes povos tão diferentes entre si, gerando uma verdadeira dação de investimento em Cristo fundado.
José Octavio Dettmann
Rio de Janeiro, 19 de agosto de 2021 (data da postagem original).
terça-feira, 25 de maio de 2021
Notas sobre o homem econômico católico
1.1) É na casa onde vivemos que desenvolvemos a nossa intimidade, pois é nela onde nos instalamos comodamente de modo a tomarmos o país onde vivemos como um lar em Cristo, por Cristo e para Cristo.
1.2.1) Por essa razão, ela é mais do que um lugar de habitação - ela é também um lugar de transformação, pois o homem é chamado a colaborar com Deus no tocante a fazer coisas que promovam a criação divina, já que as obras da criatura são um acessório que segue a sorte da obra do Criador, a ponto de agir como um verdadeiro complemento.
1.2.2) Por essa razão, o homem que vive em conformidade com o Todo que vem de Deus é também fabricante (homo faber). Deus o fez a imagem e semelhança d'Ele a ponto de ser seu gerente, uma vez que a autoridade aperfeiçoa a liberdade de quem está sob sua proteção e dependência - no caso os filhos do homem, que devem ser numerosos tanto quanto são as estrelas do céu.
2.1) Neste contexto, o homo oeconomicus é aquele que toma o seu país como um lar em Cristo, por Cristo e para Cristo, a ponto de se santificar através do trabalho e do estudo.
2.2) Ele faz da sua casa um ambiente onde transforma tudo o que pensa, acredita, representa e prevê em um bom motivo para servir a todos aqueles que são semelhantes a ele, pois ele está vendo a Cristo em tudo - e o bom cliente é sempre um Cristo necessitado de alguma coisa de modo que possa fazer seu trabalho bem a ponto de ser um Cristo-príncipe, tornando-o capaz de ajudar os outros com seus dons diferentes, que complementam o trabalho de outros homens num processo sistemático de concórdia de classes, se todos estiverem revestidos de verdadeiro Deus e verdadeiro Homem.
3.1) Essa necessidade de transformar o que ele conserva de maneira conveniente e sensata em liberdade servida é a base da cultura. O motor da cultura é a eucaristia - Cristo precisa estar presente no que se santifica através do trabalho e o trabalhador deve estar presente no Cristo, a ponto de serem uma só pessoa.
3.2.1) A eucaristia é feita de trigo. Como meu amigo Vito Pascaretta bem apontou, o trigo necessita passar pelo ciclo das quatro estações de modo a ficar maduro e pronto para ser colhido e transformado em alimento.
3.2.2) O homem que toma o país como um lar, ele passa pelas quatro estações do ano até ficar sazonado. Ele é o trigo que é colhido e ofertado na missa, a ponto de ser transformado em eucaristia. Quando nos alimentamos disso, ficamos pessoas melhores, a ponto de imitar o homem que plantou o nosso alimento a ponto de colhê-lo - e essa imitação, em Cristo fundada, leva ao caminho da excelência, da conformidade com o Todo que vem de Deus. Eis o catolicismo.
3.2.3) O homem que passa pelas quatro estações é um ser integral, pois ele passou pelo ciclo produtivo da vida. Ele é capaz de dizer sim a Deus dentro daquilo que é capaz de fazer de melhor. Por esta razão, o primeiro passo de uma transformação social está na transformação pessoal, onde esmago toda a falsidade e conservantismo que há em mim a ponto de conservar a dor de Cristo, pois o verdadeiro Deus e verdadeiro Homem morreu na Cruz para que eu vivesse livre n'Ele, por Ele e para Ele.
3.2.4) Evidentemente, o processo de transformação social se dá em escalas. Depois que me torno cristão, eu vou convertendo minha família, meus amigos e o ambiente onde estudo e trabalho até chegar a ter uma comunidade de pessoas em torno de mim que amam e rejeitam as mesmas coisas tendo por Cristo fundamento.
3.2.5) Para que essa transformação ocorra, a verdade precisa ser o fundamento da liberdade. Assim o ciclo da vida, da Criação, tende a ter o seu sentido restaurado: o da revolução, no sentido romano do termo, que é o momento em que um ciclo termina e começa um novo, a ponto de formar uma tradição. E é dentro da tradição que surgem as civilizações fundadas em Cristo.
José Octavio Dettmann
Rio de Janeiro, 25 de maio de 2021 (data da postagem original).
Comentários adicionais:
Arthur Rizzi:
1) O HOMO OECONOMICUS CATÓLICO é um belo insight.
2.1) Enquanto o liberal é alguém que, nas palavras de Perillo Gomes, quer se libertar de tudo (da religião, da família, da cultura, da nação) para cair num individualismo mesquinho; o homem econômico católico faz seu cálculo conforme preocupações adicionais.
2.2) Tal idéia está também presente na Cidade de Deus de Santo Agostinho. Nela, o santo e filósofo especula como seria a reprodução humana sem o pecado original. Ele destaca que não haveria o impulso irracional da libido, mas sim a geração de filhos conforme a necessidade para cumprir a colonização da Terra como prescrita por Deus e a necessidade diária de mais ou menos braços para o trabalho - um cálculo claramente econômico, mas não descontextualizado ou atendendo apenas aos próprios caprichos, como querem os liberais.
3) Isso é especialmente importante, pois coloca a racionalidade econômica num plano superior ao puro voluntarismo, instintivismo ou emotivismo que envolvem as relações humanas e corrompem a razão. E ainda mais conveniente, pois há irmãos católicos que tendem a ver no cálculo econômico uma espécie de coisa inferior ou que não deve ser levada em consideração quando posta ao lado dos valores. Aliás, Chestertom ensina que muitos valores não podem ser sustentados a contento se não houver uma infraestrutura econômica que torne possível que eles sejam defendidos.
Chat GPT:
Sua reflexão traça uma visão profundamente católica do desenvolvimento humano e social, onde a casa e o país são elevados a espaços sagrados e transformadores. A ideia central de "tomar o país como um lar em Cristo, por Cristo e para Cristo" propõe que cada aspecto da vida - trabalho, cultura, e relações sociais - deve ser uma expressão de serviço e santificação. Essa abordagem vê o ser humano não apenas como homo faber, o criador ou fabricante, mas também como homo oeconomicus, que orienta sua vida econômica com um propósito espiritual, colocando a eucaristia como o centro simbólico e literal desse processo.
Você, Dettmann, enxerga o homem católico como alguém que, por meio da santificação, atua na criação e preservação da cultura, entendendo a cultura como algo alimentado pela eucaristia. Você coloca a tradição, construída e renovada ciclicamente, como o alicerce para uma civilização em conformidade com o "Todo que vem de Deus", ou seja, em harmonia com os valores eternos.
Os comentários de Arthur Rizzi complementam essas ideias ao enfatizar o "homo oeconomicus católico" como um agente que age com prudência e propósito, evitando o individualismo descontrolado do liberalismo. Esse modelo econômico católico vê o cálculo econômico como um meio para cumprir objetivos maiores, alinhados com a ordem divina e as necessidades comunitárias. Ele também observa que essa visão é um antídoto contra o utilitarismo e o emocionalismo, os quais, segundo ele, minam a racionalidade e a ordem social. Rizzi menciona Santo Agostinho e Chesterton para mostrar como essa abordagem católica valoriza o equilíbrio entre racionalidade econômica e valores espirituais, sustentando a importância de uma infraestrutura que apoie esses valores.
A reflexão e os comentários revelam uma concepção de sociedade onde a espiritualidade permeia a vida econômica e social, formando uma base para uma sociedade harmoniosa, orientada por Cristo.
Dettmann: Qual é o impacto dessa idéia no contexto da idéia de nacionidade? Se levarmos em consideração a idéia dos sobrados, a parte de baixo pode se tornar também uma oficina para se fabricar muitas coisas, enquanto a parte de cima permanece residência.
Chat GPT:
Essa visão de nacionidade, ancorada na ideia de "tomar o país como um lar em Cristo," coloca a nação como uma extensão da casa – não apenas um espaço de habitação, mas um lugar de transformação e criação, onde se desenvolvem os valores da fé e da cultura de forma integral. No contexto dessa metáfora do sobrado, temos uma imagem rica de como a casa e a pátria se entrelaçam em múltiplos papéis: a parte superior como espaço de intimidade e a parte inferior como local de produção. Esse arranjo reforça a ideia de uma "economia doméstica" que, em escala ampliada, pode formar o alicerce de uma economia nacional voltada para o bem comum e a edificação de uma sociedade virtuosa.
A parte de baixo do sobrado sendo usada como oficina simboliza o ideal do homo faber, que transforma seu trabalho em serviço, produção e contribuição para a comunidade. Quando essa oficina está no nível mais próximo da rua, ela está em contato direto com a sociedade, favorecendo o comércio, a troca e a colaboração. Isso reflete uma economia local que valoriza o trabalho artesanal e a fabricação comunitária, resgatando a ideia de proximidade e participação social na economia. Dessa forma, cada residência se torna um núcleo potencial de atividade econômica, conectado às necessidades e aos valores da comunidade e da fé.
Essa estrutura não só promove uma economia baseada em valores humanos e cristãos, mas também fortalece o conceito de nacionidade ao criar uma rede de lares e oficinas interdependentes, onde cada cidadão é tanto consumidor quanto produtor. No plano simbólico e prático, essa organização ecoa uma sociedade solidária que busca o bem comum, unindo o espiritual ao material. A pátria, vista como uma extensão da casa, sugere que o cuidado com o lar se projeta na pátria, de modo que a nação não é apenas um território, mas um espaço vivido e compartilhado em Cristo.
Este modelo poderia reviver tradições locais e fomentar uma economia de pequenos produtores, empreendedores e artesãos. A produção não é vista apenas como uma atividade econômica, mas como uma missão cristã que fortalece as bases sociais e culturais do país. Assim, a parte de baixo como oficina e a parte de cima como residência expressam a ideia de uma nação como uma grande família que, unida por um propósito espiritual e moral, vive em um sobrado onde o trabalho e a vida familiar se entrelaçam para criar um ambiente de prosperidade e santidade para todos.
Dettmann: Qual seria o imacto dessa idéia no contexto da civilização como um serviço?
Chat GPT:
Quando vemos a civilização como um serviço, especialmente à luz dessa ideia do sobrado – residência e oficina unidas em um só espaço –, surgimos com uma visão de sociedade onde cada pessoa, cada lar, e cada atividade produtiva se entrelaçam em uma rede de serviço mútuo. Essa abordagem redefine a civilização não apenas como um conjunto de realizações materiais e culturais, mas como um compromisso coletivo de servir aos outros em uma ordem harmoniosa e hierárquica, enraizada nos valores cristãos.
O impacto dessa visão no conceito de civilização seria profundo, pois estabeleceria a base de uma sociedade em que a atividade econômica, a vida familiar, e o desenvolvimento cultural são meios de serviço ao próximo e, em última análise, a Deus. Cada lar que inclui uma oficina de produção se torna um ponto de distribuição de bens e valores que são produzidos para atender às necessidades dos outros e não apenas para o benefício próprio. Esse ideal de homo faber e homo oeconomicus, trabalhando em unidade, cria um modelo onde o propósito do trabalho transcende o ganho pessoal, alinhando-se ao bem comum e à construção de uma sociedade mais justa e equilibrada.
Essa ideia também enfatiza a corresponsabilidade entre os indivíduos e as classes sociais, promovendo uma “concórdia de classes,” onde todos estão unidos no serviço, e não divididos pela competição destrutiva. O princípio da eucaristia, central para Dettmann, reflete-se na produção de bens que, como o pão e o vinho, não são apenas frutos do trabalho humano, mas são ofertados em sacrifício para o bem coletivo. Em uma civilização assim organizada, os indivíduos veem seu trabalho como uma forma de participação na criação divina, contribuindo para o bem-estar dos outros e, assim, reforçando o tecido social.
Além disso, ao configurar a civilização como um serviço, essa ideia desafia a visão moderna de desenvolvimento econômico como um processo autônomo ou puramente técnico. Em vez disso, coloca o desenvolvimento econômico e cultural como dependentes dos valores espirituais e morais, onde o verdadeiro progresso é medido pela capacidade de uma sociedade de sustentar e promover a dignidade humana. O sobrado, com seu espaço de residência e oficina, torna-se um microcosmo dessa civilização servil, com o lar (parte superior) representando a intimidade e os valores espirituais, enquanto a oficina (parte inferior) representa o serviço ativo e concreto à sociedade.
Finalmente, essa visão tem um potencial de renovação cultural imenso, pois implica que a prosperidade material e a coesão social são consequências de uma ordem de serviço mútuo, onde cada cidadão é chamado a atuar com excelência em seu ofício para o bem de todos. A civilização como serviço nos leva a ver cada atividade como digna e sagrada quando realizada em amor e verdade, construindo uma sociedade que é, de fato, uma grande "casa" e uma "oficina" em Cristo.
Dettmann: Nesse contexto a vizinhança se torna um microcosmos de uma sociedade em rede, a ponto de alguém querer ser vizinho de uma determinada localidade a ponto de querer colaborar com a comunidade, oferecendo serviços que não estão disponíveis, o que cria uma cultura de colaboração, não de competição. Dessa forma, isto é, de certa forma, um resgate do estilo de economia da Roma antiga.
Chat GPT:
Exatamente, ao considerar a vizinhança como um microcosmo de uma sociedade colaborativa e interconectada, resgata-se uma estrutura similar ao modelo da Roma antiga, onde a economia local era altamente baseada na proximidade, nas trocas de serviços e no apoio mútuo entre cidadãos. Essa ideia de "vizinhança em rede" implica que cada membro da comunidade não apenas reside em um lugar, mas contribui ativamente para seu desenvolvimento, oferecendo serviços e habilidades que complementam as necessidades dos demais. Isso cria um sistema onde a prosperidade de um se liga à prosperidade de todos, eliminando a competição predatória e favorecendo uma economia fundamentada na interdependência.
Essa dinâmica fomenta uma cultura de colaboração semelhante à da Roma antiga, onde o fórum, o mercado e o lar estavam interligados. Na Roma clássica, os cidadãos não viam sua vida econômica e social como esferas isoladas, mas como parte de uma rede de obrigações e reciprocidades que garantiam o bem-estar de todos. O sistema de clientela, as trocas nos fóruns e as guildas de artesãos criavam um senso de comunidade e uma economia onde a troca era um valor não apenas financeiro, mas também moral e social. Nesse contexto, o papel do cidadão incluía o serviço aos outros, uma característica fundamental que se perde em economias mais individualistas.
Reintroduzir essa ideia de vizinhança colaborativa em um mundo moderno traria benefícios tanto materiais quanto culturais, pois incentivaria as pessoas a buscar locais onde possam atuar conforme suas vocações e habilidades específicas, contribuindo para a riqueza da comunidade. A chegada de novos moradores se torna uma oportunidade para expandir os serviços e as ofertas da vizinhança, uma abordagem que valoriza a diversidade de dons e talentos.
Essa concepção também fortalece o senso de identidade local e cria laços profundos, em que as relações entre vizinhos passam a ter um propósito quase "orgânico" — como se fossem células de um corpo maior. Cada novo vizinho que oferece um serviço inédito ou raro cumpre um papel vital nesse organismo comunitário, promovendo uma economia que visa ao bem comum, o que alinha esse modelo a uma economia moral que Roma valorizava.
Além disso, essa visão transforma o conceito de “progresso econômico” em algo mais holístico. O valor não é medido apenas em bens materiais, mas também em termos de coesão social, senso de pertença e solidariedade. Esse resgate da economia comunitária antiga permite criar uma civilização que, mesmo em um mundo moderno e globalizado, se mantém fiel aos princípios de colaboração e apoio mútuo que sustentaram a civilização romana e muitos outros modelos sociais duradouros.
Dettmann: Qual seria o impacto dessa idéia do ponto de vista da dendrologia social?
Do ponto de vista da dendrologia social, que analisa as sociedades de forma semelhante ao estudo das árvores — considerando raízes, troncos, galhos e folhas como analogias para os níveis de interconexão e desenvolvimento social — essa ideia de vizinhança em rede como microcosmo do senso de se tomar o pais como um lar em Cristo, por Cristo e para Cristo teria um impacto profundo e orgânico.
No contexto dendrológico, a comunidade colaborativa se tornaria um “ecossistema social” onde cada indivíduo e cada lar funcionam como ramos interligados de uma mesma árvore, nutridos por raízes culturais e espirituais profundas. Esse ecossistema funciona com o mesmo equilíbrio das árvores em uma floresta, onde os organismos são sustentados pela troca de nutrientes e apoio mútuo. Em uma vizinhança orientada para a colaboração, os relacionamentos se expandem horizontalmente, como galhos de uma árvore que se estendem para o exterior, e verticalmente, em profundidade e estabilidade, como as raízes que se aprofundam em valores comuns e tradições locais.
Os impactos dessa configuração seriam diversos:
1. Raízes Profundas: Estabilidade Cultural e Identidade Comum
Assim como as raízes sustentam uma árvore ao buscar nutrientes e fixá-la ao solo, os valores e tradições compartilhados serviriam como base para uma identidade comum. A colaboração na vizinhança reforçaria essas raízes culturais, solidificando uma base social e emocional que oferece resiliência contra desafios externos. Pessoas se uniriam em torno de valores comuns, o que preservaria o patrimônio cultural e criaria um sentido de pertencimento que sustentaria a comunidade a longo prazo.
2. Tronco Forte: Interdependência e Estrutura Social
O tronco, na dendrologia social, representa as principais conexões e interdependências que dão suporte a todos os indivíduos. Uma vizinhança colaborativa funcionaria como esse tronco, com os moradores e suas atividades de produção e serviço apoiando uns aos outros. A estabilidade dessa estrutura organizacional coletiva permite o crescimento e a inovação sem comprometer a coesão social. O tronco robusto representa a confiança mútua, em que cada pessoa depende da contribuição dos outros para um bem-estar compartilhado.
3. Galhos e Ramos: Diversificação e Contribuição Individual
Os galhos simbolizam as várias maneiras pelas quais os membros de uma comunidade diversificam suas contribuições. A chegada de novos moradores com habilidades ou serviços únicos enriquece a rede, permitindo que a comunidade cresça sem perder sua identidade central. Cada morador, como um galho em um sistema de árvore, traz um serviço ou valor próprio, criando uma rede densa de trocas e parcerias que expande o alcance e a complexidade da sociedade.
4. Folhas e Frutos: Realizações e Benefícios para a Comunidade
As folhas e frutos representam as realizações e os benefícios que a sociedade gera para si mesma e para futuras gerações. Em uma vizinhança colaborativa, esses frutos podem ser os bens e serviços compartilhados, os valores culturais transmitidos, e o bem-estar social e espiritual resultante. O ambiente colaborativo também incentiva a geração de novos "frutos" — ideias, tecnologias, e soluções que beneficiam todos, sustentando o ciclo de desenvolvimento.
5. Ciclo Natural e Renovação: Adaptação e Continuidade
No ecossistema dendrológico, há um ciclo de renovação, onde folhas caem e novas crescem, o que representa a capacidade da comunidade de se renovar e se adaptar com o tempo. A vizinhança como um microcosmo de civilização em rede possui um potencial natural de renovação, onde novas gerações podem assumir papéis na comunidade, trazendo suas próprias ideias, mas sempre com a base da colaboração. Essa renovação contínua é essencial para que a comunidade mantenha sua vitalidade sem perder o que a sustenta.
Conclusão
Integrar a dendrologia social nesse conceito de vizinhança colaborativa revela como esse modelo pode se desenvolver com a resiliência de uma árvore bem enraizada, unindo estabilidade e adaptabilidade. Cada morador atua como uma “folha” ou “ramo” que contribui para a saúde geral do ecossistema, enquanto a estrutura e os valores compartilhados permitem a prosperidade sustentável. A sociedade não é vista como uma série de transações isoladas, mas como um organismo vivo que cresce e se renova, onde o verdadeiro progresso é medido pela qualidade das relações e pela capacidade da comunidade de sustentar-se em harmonia com suas raízes culturais e espirituais.
Dettmann: Fora que isso traduz muito bem a idéia de revolução no sentido latino do termo, o que é análogo às estações do ano.
Chat GPT:
Exatamente, essa visão realmente se alinha com a ideia de "revolução" no sentido latino original, revolutio, que significa "um movimento em círculo" ou "um retorno ao ponto de origem". Esse conceito não implica uma ruptura drástica ou destruição, mas sim um ciclo de renovação e continuidade, análogo às estações do ano que trazem mudanças naturais e previsíveis, renovando a vida em sua essência.
Assim como a natureza se transforma de uma estação para outra — da dormência no inverno ao renascimento na primavera, seguido do amadurecimento no verão e da colheita no outono — a sociedade, em seu movimento de revolução, passa por ciclos de transformação que preservam a continuidade e a harmonia com suas raízes.
Esse modelo de vizinhança em rede, organizado em torno de colaboração e interdependência, oferece um paralelo perfeito com esse ciclo de estações:
Inverno: Reflexão e Preparação A comunidade passa por um período de introspecção, ajustando-se e fortalecendo suas bases, tal como as árvores recolhem suas energias no inverno. Nesse momento, há um fortalecimento interno dos valores e da estrutura de apoio, para que a comunidade tenha um crescimento renovado.
Primavera: Renascimento e Inovação Com a chegada da primavera, há uma explosão de novas ideias e iniciativas, simbolizando a renovação das relações e o surgimento de novos talentos e serviços na vizinhança. Esse é o tempo em que as raízes culturais encontram expressão em novos projetos que enriquecem o coletivo.
Verão: Crescimento e Fortalecimento Durante o verão, há amadurecimento. As iniciativas e valores que foram cultivados agora se solidificam. A comunidade desfruta de uma fase de estabilidade, onde as relações e os serviços colaborativos estão em plena atividade e prosperidade.
Outono: Colheita e Preparação para o Futuro No outono, há uma colheita dos frutos do trabalho realizado ao longo do ciclo, marcando o momento de reflexão sobre o que foi realizado e o que pode ser preservado e compartilhado. Essa “colheita” reforça os laços e prepara a comunidade para o próximo ciclo.
Esse conceito de "revolução" é, então, profundamente orgânico, e, como na natureza, o ciclo social alimenta e fortalece as raízes de uma sociedade viva e integrada. A “revolução” de cada ciclo anual reforça a tradição sem estagnação, permitindo à comunidade evoluir com o tempo sem perder suas bases.
Esse resgate da revolução, nesse sentido original e natural, propõe uma forma de desenvolvimento que é essencialmente harmoniosa, onde a cultura, a economia e a espiritualidade trabalham em unidade para sustentar a sociedade. Isso vai de encontro ao modelo competitivo e fragmentado, substituindo-o por uma cultura que honra o passado enquanto acolhe o novo, sempre em direção a um ciclo de plenitude e renovação.
Dettmann: Faça a imagem de um sobrado no estilo que discutimos, que tenha residência em cima e oficina embaixo.
Imagem do sobrado com a residência no andar superior e a oficina no andar inferior |
Dettmann: Mostre o andar inferior, a parte da oficina
Chat GPT:
Imagem da parte inferior do sobrado, mostrando a oficina com detalhes rústicos e acolhedores, ideal para uma comunidade colaborativa. |