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terça-feira, 25 de maio de 2021

Notas sobre o homem econômico católico

1.1) É na casa onde vivemos que desenvolvemos a nossa intimidade, pois é nela onde nos instalamos comodamente de modo a tomarmos o país onde vivemos como um lar em Cristo, por Cristo e para Cristo. 

1.2.1) Por essa razão, ela é mais do que um lugar de habitação - ela é também um lugar de transformação, pois o homem é chamado a colaborar com Deus no tocante a fazer coisas que promovam a criação divina, já que as obras da criatura são um acessório que segue a sorte da obra do Criador, a ponto de agir como um verdadeiro complemento.

1.2.2) Por essa razão, o homem que vive em conformidade com o Todo que vem de Deus é também fabricante (homo faber). Deus o fez a imagem e semelhança d'Ele a ponto de ser seu gerente, uma vez que a autoridade aperfeiçoa a liberdade de quem está sob sua proteção e dependência - no caso os filhos do homem, que devem ser numerosos tanto quanto são as estrelas do céu.

2.1) Neste contexto, o homo oeconomicus é aquele que toma o seu país como um lar em Cristo, por Cristo e para Cristo, a ponto de se santificar através do trabalho e do estudo. 

2.2) Ele faz da sua casa um ambiente onde transforma tudo o que pensa, acredita, representa e prevê em um bom motivo para servir a todos aqueles que são semelhantes a ele, pois ele está vendo a Cristo em tudo - e o bom cliente é sempre um Cristo necessitado de alguma coisa de modo que possa fazer seu trabalho bem a ponto de ser um Cristo-príncipe, tornando-o capaz de ajudar os outros com seus dons diferentes, que complementam o trabalho de outros homens num processo sistemático de concórdia de classes, se todos estiverem revestidos de verdadeiro Deus e verdadeiro Homem.

3.1) Essa necessidade de transformar o que ele conserva de maneira conveniente e sensata em liberdade servida é a base da cultura. O motor da cultura é a eucaristia - Cristo precisa estar presente no que se santifica através do trabalho e o trabalhador deve estar presente no Cristo, a ponto de serem uma só pessoa.

3.2.1) A eucaristia é feita de trigo. Como meu amigo Vito Pascaretta bem apontou, o trigo necessita passar pelo ciclo das quatro estações de modo a ficar maduro e pronto para ser colhido e transformado em alimento. 

3.2.2) O homem que toma o país como um lar, ele passa pelas quatro estações do ano até ficar sazonado. Ele é o trigo que é colhido e ofertado na missa, a ponto de ser transformado em eucaristia. Quando nos alimentamos disso, ficamos pessoas melhores, a ponto de imitar o homem que plantou o nosso alimento a ponto de colhê-lo - e essa imitação, em Cristo fundada, leva ao caminho da excelência, da conformidade com o Todo que vem de Deus. Eis o catolicismo.  

3.2.3) O homem que passa pelas quatro estações é um ser integral, pois ele passou pelo ciclo produtivo da vida. Ele é capaz de dizer sim a Deus dentro daquilo que é capaz de fazer de melhor. Por esta razão, o primeiro passo de uma transformação social está na transformação pessoal, onde esmago toda a falsidade e conservantismo que há em mim a ponto de conservar a dor de Cristo, pois o verdadeiro Deus e verdadeiro Homem morreu na Cruz para que eu vivesse livre n'Ele, por Ele e para Ele.

3.2.4) Evidentemente, o processo de transformação social se dá em escalas. Depois que me torno cristão, eu vou convertendo minha família, meus amigos e o ambiente onde estudo e trabalho até chegar a ter uma comunidade de pessoas em torno de mim que amam e rejeitam as mesmas coisas tendo por Cristo fundamento. 

3.2.5) Para que essa transformação ocorra, a verdade precisa ser o fundamento da liberdade. Assim o ciclo da vida, da Criação, tende a ter o seu sentido restaurado: o da revolução, no sentido romano do termo, que é o momento em que um ciclo termina e começa um novo, a ponto de formar uma tradição. E é dentro da tradição que surgem as civilizações fundadas em Cristo.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 25 de maio de 2021 (data da postagem original).

Comentários adicionais:

Arthur Rizzi:

1) O HOMO OECONOMICUS CATÓLICO é um belo insight.

2.1) Enquanto o liberal é alguém que, nas palavras de Perillo Gomes, quer se libertar de tudo (da religião, da família, da cultura, da nação) para cair num individualismo mesquinho; o homem econômico católico faz seu cálculo conforme preocupações adicionais.

2.2) Tal idéia está também presente na Cidade de Deus de Santo Agostinho. Nela, o santo e filósofo especula como seria a reprodução humana sem o pecado original. Ele destaca que não haveria o impulso irracional da libido, mas sim a geração de filhos conforme a necessidade para cumprir a colonização da Terra como prescrita por Deus e a necessidade diária de mais ou menos braços para o trabalho - um cálculo claramente econômico, mas não descontextualizado ou atendendo apenas aos próprios caprichos, como querem os liberais.

3) Isso é especialmente importante, pois coloca a racionalidade econômica num plano superior ao puro voluntarismo, instintivismo ou emotivismo que envolvem as relações humanas e corrompem a razão. E ainda mais conveniente, pois há irmãos católicos que tendem a ver no cálculo econômico uma espécie de coisa inferior ou que não deve ser levada em consideração quando posta ao lado dos valores. Aliás, Chestertom ensina que muitos valores não podem ser sustentados a contento se não houver uma infraestrutura econômica que torne possível que eles sejam defendidos.

Chat GPT: 

Sua reflexão traça uma visão profundamente católica do desenvolvimento humano e social, onde a casa e o país são elevados a espaços sagrados e transformadores. A ideia central de "tomar o país como um lar em Cristo, por Cristo e para Cristo" propõe que cada aspecto da vida - trabalho, cultura, e relações sociais - deve ser uma expressão de serviço e santificação. Essa abordagem vê o ser humano não apenas como homo faber, o criador ou fabricante, mas também como homo oeconomicus, que orienta sua vida econômica com um propósito espiritual, colocando a eucaristia como o centro simbólico e literal desse processo.

Você, Dettmann, enxerga o homem católico como alguém que, por meio da santificação, atua na criação e preservação da cultura, entendendo a cultura como algo alimentado pela eucaristia. Você coloca a tradição, construída e renovada ciclicamente, como o alicerce para uma civilização em conformidade com o "Todo que vem de Deus", ou seja, em harmonia com os valores eternos.

Os comentários de Arthur Rizzi complementam essas ideias ao enfatizar o "homo oeconomicus católico" como um agente que age com prudência e propósito, evitando o individualismo descontrolado do liberalismo. Esse modelo econômico católico vê o cálculo econômico como um meio para cumprir objetivos maiores, alinhados com a ordem divina e as necessidades comunitárias. Ele também observa que essa visão é um antídoto contra o utilitarismo e o emocionalismo, os quais, segundo ele, minam a racionalidade e a ordem social. Rizzi menciona Santo Agostinho e Chesterton para mostrar como essa abordagem católica valoriza o equilíbrio entre racionalidade econômica e valores espirituais, sustentando a importância de uma infraestrutura que apoie esses valores.

A reflexão e os comentários revelam uma concepção de sociedade onde a espiritualidade permeia a vida econômica e social, formando uma base para uma sociedade harmoniosa, orientada por Cristo.

Dettmann: Qual é o impacto dessa idéia no contexto da idéia de nacionidade? Se levarmos em consideração a idéia dos sobrados, a parte de baixo pode se tornar também uma oficina para se fabricar muitas coisas, enquanto a parte de cima permanece residência.

Chat GPT:

Essa visão de nacionidade, ancorada na ideia de "tomar o país como um lar em Cristo," coloca a nação como uma extensão da casa – não apenas um espaço de habitação, mas um lugar de transformação e criação, onde se desenvolvem os valores da fé e da cultura de forma integral. No contexto dessa metáfora do sobrado, temos uma imagem rica de como a casa e a pátria se entrelaçam em múltiplos papéis: a parte superior como espaço de intimidade e a parte inferior como local de produção. Esse arranjo reforça a ideia de uma "economia doméstica" que, em escala ampliada, pode formar o alicerce de uma economia nacional voltada para o bem comum e a edificação de uma sociedade virtuosa.

A parte de baixo do sobrado sendo usada como oficina simboliza o ideal do homo faber, que transforma seu trabalho em serviço, produção e contribuição para a comunidade. Quando essa oficina está no nível mais próximo da rua, ela está em contato direto com a sociedade, favorecendo o comércio, a troca e a colaboração. Isso reflete uma economia local que valoriza o trabalho artesanal e a fabricação comunitária, resgatando a ideia de proximidade e participação social na economia. Dessa forma, cada residência se torna um núcleo potencial de atividade econômica, conectado às necessidades e aos valores da comunidade e da fé.

Essa estrutura não só promove uma economia baseada em valores humanos e cristãos, mas também fortalece o conceito de nacionidade ao criar uma rede de lares e oficinas interdependentes, onde cada cidadão é tanto consumidor quanto produtor. No plano simbólico e prático, essa organização ecoa uma sociedade solidária que busca o bem comum, unindo o espiritual ao material. A pátria, vista como uma extensão da casa, sugere que o cuidado com o lar se projeta na pátria, de modo que a nação não é apenas um território, mas um espaço vivido e compartilhado em Cristo.

Este modelo poderia reviver tradições locais e fomentar uma economia de pequenos produtores, empreendedores e artesãos. A produção não é vista apenas como uma atividade econômica, mas como uma missão cristã que fortalece as bases sociais e culturais do país. Assim, a parte de baixo como oficina e a parte de cima como residência expressam a ideia de uma nação como uma grande família que, unida por um propósito espiritual e moral, vive em um sobrado onde o trabalho e a vida familiar se entrelaçam para criar um ambiente de prosperidade e santidade para todos.

Dettmann: Qual seria o imacto dessa idéia no contexto da civilização como um serviço?

Chat GPT: 

Quando vemos a civilização como um serviço, especialmente à luz dessa ideia do sobrado – residência e oficina unidas em um só espaço –, surgimos com uma visão de sociedade onde cada pessoa, cada lar, e cada atividade produtiva se entrelaçam em uma rede de serviço mútuo. Essa abordagem redefine a civilização não apenas como um conjunto de realizações materiais e culturais, mas como um compromisso coletivo de servir aos outros em uma ordem harmoniosa e hierárquica, enraizada nos valores cristãos.

O impacto dessa visão no conceito de civilização seria profundo, pois estabeleceria a base de uma sociedade em que a atividade econômica, a vida familiar, e o desenvolvimento cultural são meios de serviço ao próximo e, em última análise, a Deus. Cada lar que inclui uma oficina de produção se torna um ponto de distribuição de bens e valores que são produzidos para atender às necessidades dos outros e não apenas para o benefício próprio. Esse ideal de homo faber e homo oeconomicus, trabalhando em unidade, cria um modelo onde o propósito do trabalho transcende o ganho pessoal, alinhando-se ao bem comum e à construção de uma sociedade mais justa e equilibrada.

Essa ideia também enfatiza a corresponsabilidade entre os indivíduos e as classes sociais, promovendo uma “concórdia de classes,” onde todos estão unidos no serviço, e não divididos pela competição destrutiva. O princípio da eucaristia, central para Dettmann, reflete-se na produção de bens que, como o pão e o vinho, não são apenas frutos do trabalho humano, mas são ofertados em sacrifício para o bem coletivo. Em uma civilização assim organizada, os indivíduos veem seu trabalho como uma forma de participação na criação divina, contribuindo para o bem-estar dos outros e, assim, reforçando o tecido social.

Além disso, ao configurar a civilização como um serviço, essa ideia desafia a visão moderna de desenvolvimento econômico como um processo autônomo ou puramente técnico. Em vez disso, coloca o desenvolvimento econômico e cultural como dependentes dos valores espirituais e morais, onde o verdadeiro progresso é medido pela capacidade de uma sociedade de sustentar e promover a dignidade humana. O sobrado, com seu espaço de residência e oficina, torna-se um microcosmo dessa civilização servil, com o lar (parte superior) representando a intimidade e os valores espirituais, enquanto a oficina (parte inferior) representa o serviço ativo e concreto à sociedade.

Finalmente, essa visão tem um potencial de renovação cultural imenso, pois implica que a prosperidade material e a coesão social são consequências de uma ordem de serviço mútuo, onde cada cidadão é chamado a atuar com excelência em seu ofício para o bem de todos. A civilização como serviço nos leva a ver cada atividade como digna e sagrada quando realizada em amor e verdade, construindo uma sociedade que é, de fato, uma grande "casa" e uma "oficina" em Cristo.

Dettmann: Nesse contexto a vizinhança se torna um microcosmos de uma sociedade em rede, a ponto de alguém querer ser vizinho de uma determinada localidade a ponto de querer colaborar com a comunidade, oferecendo serviços que não estão disponíveis, o que cria uma cultura de colaboração, não de competição. Dessa forma, isto é, de certa forma, um resgate do estilo de economia da Roma antiga.

Chat GPT:

Exatamente, ao considerar a vizinhança como um microcosmo de uma sociedade colaborativa e interconectada, resgata-se uma estrutura similar ao modelo da Roma antiga, onde a economia local era altamente baseada na proximidade, nas trocas de serviços e no apoio mútuo entre cidadãos. Essa ideia de "vizinhança em rede" implica que cada membro da comunidade não apenas reside em um lugar, mas contribui ativamente para seu desenvolvimento, oferecendo serviços e habilidades que complementam as necessidades dos demais. Isso cria um sistema onde a prosperidade de um se liga à prosperidade de todos, eliminando a competição predatória e favorecendo uma economia fundamentada na interdependência.

Essa dinâmica fomenta uma cultura de colaboração semelhante à da Roma antiga, onde o fórum, o mercado e o lar estavam interligados. Na Roma clássica, os cidadãos não viam sua vida econômica e social como esferas isoladas, mas como parte de uma rede de obrigações e reciprocidades que garantiam o bem-estar de todos. O sistema de clientela, as trocas nos fóruns e as guildas de artesãos criavam um senso de comunidade e uma economia onde a troca era um valor não apenas financeiro, mas também moral e social. Nesse contexto, o papel do cidadão incluía o serviço aos outros, uma característica fundamental que se perde em economias mais individualistas.

Reintroduzir essa ideia de vizinhança colaborativa em um mundo moderno traria benefícios tanto materiais quanto culturais, pois incentivaria as pessoas a buscar locais onde possam atuar conforme suas vocações e habilidades específicas, contribuindo para a riqueza da comunidade. A chegada de novos moradores se torna uma oportunidade para expandir os serviços e as ofertas da vizinhança, uma abordagem que valoriza a diversidade de dons e talentos.

Essa concepção também fortalece o senso de identidade local e cria laços profundos, em que as relações entre vizinhos passam a ter um propósito quase "orgânico" — como se fossem células de um corpo maior. Cada novo vizinho que oferece um serviço inédito ou raro cumpre um papel vital nesse organismo comunitário, promovendo uma economia que visa ao bem comum, o que alinha esse modelo a uma economia moral que Roma valorizava.

Além disso, essa visão transforma o conceito de “progresso econômico” em algo mais holístico. O valor não é medido apenas em bens materiais, mas também em termos de coesão social, senso de pertença e solidariedade. Esse resgate da economia comunitária antiga permite criar uma civilização que, mesmo em um mundo moderno e globalizado, se mantém fiel aos princípios de colaboração e apoio mútuo que sustentaram a civilização romana e muitos outros modelos sociais duradouros.

Dettmann: Qual seria o impacto dessa idéia do ponto de vista da dendrologia social?

Do ponto de vista da dendrologia social, que analisa as sociedades de forma semelhante ao estudo das árvores — considerando raízes, troncos, galhos e folhas como analogias para os níveis de interconexão e desenvolvimento social — essa ideia de vizinhança em rede como microcosmo do senso de se tomar o pais como um lar em Cristo, por Cristo e para Cristo teria um impacto profundo e orgânico.

No contexto dendrológico, a comunidade colaborativa se tornaria um “ecossistema social” onde cada indivíduo e cada lar funcionam como ramos interligados de uma mesma árvore, nutridos por raízes culturais e espirituais profundas. Esse ecossistema funciona com o mesmo equilíbrio das árvores em uma floresta, onde os organismos são sustentados pela troca de nutrientes e apoio mútuo. Em uma vizinhança orientada para a colaboração, os relacionamentos se expandem horizontalmente, como galhos de uma árvore que se estendem para o exterior, e verticalmente, em profundidade e estabilidade, como as raízes que se aprofundam em valores comuns e tradições locais.

Os impactos dessa configuração seriam diversos:

1. Raízes Profundas: Estabilidade Cultural e Identidade Comum

Assim como as raízes sustentam uma árvore ao buscar nutrientes e fixá-la ao solo, os valores e tradições compartilhados serviriam como base para uma identidade comum. A colaboração na vizinhança reforçaria essas raízes culturais, solidificando uma base social e emocional que oferece resiliência contra desafios externos. Pessoas se uniriam em torno de valores comuns, o que preservaria o patrimônio cultural e criaria um sentido de pertencimento que sustentaria a comunidade a longo prazo.

2. Tronco Forte: Interdependência e Estrutura Social

O tronco, na dendrologia social, representa as principais conexões e interdependências que dão suporte a todos os indivíduos. Uma vizinhança colaborativa funcionaria como esse tronco, com os moradores e suas atividades de produção e serviço apoiando uns aos outros. A estabilidade dessa estrutura organizacional coletiva permite o crescimento e a inovação sem comprometer a coesão social. O tronco robusto representa a confiança mútua, em que cada pessoa depende da contribuição dos outros para um bem-estar compartilhado.

3. Galhos e Ramos: Diversificação e Contribuição Individual

Os galhos simbolizam as várias maneiras pelas quais os membros de uma comunidade diversificam suas contribuições. A chegada de novos moradores com habilidades ou serviços únicos enriquece a rede, permitindo que a comunidade cresça sem perder sua identidade central. Cada morador, como um galho em um sistema de árvore, traz um serviço ou valor próprio, criando uma rede densa de trocas e parcerias que expande o alcance e a complexidade da sociedade.

4. Folhas e Frutos: Realizações e Benefícios para a Comunidade

As folhas e frutos representam as realizações e os benefícios que a sociedade gera para si mesma e para futuras gerações. Em uma vizinhança colaborativa, esses frutos podem ser os bens e serviços compartilhados, os valores culturais transmitidos, e o bem-estar social e espiritual resultante. O ambiente colaborativo também incentiva a geração de novos "frutos" — ideias, tecnologias, e soluções que beneficiam todos, sustentando o ciclo de desenvolvimento.

5. Ciclo Natural e Renovação: Adaptação e Continuidade

No ecossistema dendrológico, há um ciclo de renovação, onde folhas caem e novas crescem, o que representa a capacidade da comunidade de se renovar e se adaptar com o tempo. A vizinhança como um microcosmo de civilização em rede possui um potencial natural de renovação, onde novas gerações podem assumir papéis na comunidade, trazendo suas próprias ideias, mas sempre com a base da colaboração. Essa renovação contínua é essencial para que a comunidade mantenha sua vitalidade sem perder o que a sustenta.

Conclusão

Integrar a dendrologia social nesse conceito de vizinhança colaborativa revela como esse modelo pode se desenvolver com a resiliência de uma árvore bem enraizada, unindo estabilidade e adaptabilidade. Cada morador atua como uma “folha” ou “ramo” que contribui para a saúde geral do ecossistema, enquanto a estrutura e os valores compartilhados permitem a prosperidade sustentável. A sociedade não é vista como uma série de transações isoladas, mas como um organismo vivo que cresce e se renova, onde o verdadeiro progresso é medido pela qualidade das relações e pela capacidade da comunidade de sustentar-se em harmonia com suas raízes culturais e espirituais.

Dettmann: Fora que isso traduz muito bem a idéia de revolução no sentido latino do termo, o que é análogo às estações do ano.

Chat GPT:

Exatamente, essa visão realmente se alinha com a ideia de "revolução" no sentido latino original, revolutio, que significa "um movimento em círculo" ou "um retorno ao ponto de origem". Esse conceito não implica uma ruptura drástica ou destruição, mas sim um ciclo de renovação e continuidade, análogo às estações do ano que trazem mudanças naturais e previsíveis, renovando a vida em sua essência.

Assim como a natureza se transforma de uma estação para outra — da dormência no inverno ao renascimento na primavera, seguido do amadurecimento no verão e da colheita no outono — a sociedade, em seu movimento de revolução, passa por ciclos de transformação que preservam a continuidade e a harmonia com suas raízes.

Esse modelo de vizinhança em rede, organizado em torno de colaboração e interdependência, oferece um paralelo perfeito com esse ciclo de estações:

  1. Inverno: Reflexão e Preparação A comunidade passa por um período de introspecção, ajustando-se e fortalecendo suas bases, tal como as árvores recolhem suas energias no inverno. Nesse momento, há um fortalecimento interno dos valores e da estrutura de apoio, para que a comunidade tenha um crescimento renovado.

  2. Primavera: Renascimento e Inovação Com a chegada da primavera, há uma explosão de novas ideias e iniciativas, simbolizando a renovação das relações e o surgimento de novos talentos e serviços na vizinhança. Esse é o tempo em que as raízes culturais encontram expressão em novos projetos que enriquecem o coletivo.

  3. Verão: Crescimento e Fortalecimento Durante o verão, há amadurecimento. As iniciativas e valores que foram cultivados agora se solidificam. A comunidade desfruta de uma fase de estabilidade, onde as relações e os serviços colaborativos estão em plena atividade e prosperidade.

  4. Outono: Colheita e Preparação para o Futuro No outono, há uma colheita dos frutos do trabalho realizado ao longo do ciclo, marcando o momento de reflexão sobre o que foi realizado e o que pode ser preservado e compartilhado. Essa “colheita” reforça os laços e prepara a comunidade para o próximo ciclo.

Esse conceito de "revolução" é, então, profundamente orgânico, e, como na natureza, o ciclo social alimenta e fortalece as raízes de uma sociedade viva e integrada. A “revolução” de cada ciclo anual reforça a tradição sem estagnação, permitindo à comunidade evoluir com o tempo sem perder suas bases.

Esse resgate da revolução, nesse sentido original e natural, propõe uma forma de desenvolvimento que é essencialmente harmoniosa, onde a cultura, a economia e a espiritualidade trabalham em unidade para sustentar a sociedade. Isso vai de encontro ao modelo competitivo e fragmentado, substituindo-o por uma cultura que honra o passado enquanto acolhe o novo, sempre em direção a um ciclo de plenitude e renovação.

Dettmann: Faça a imagem de um sobrado no estilo que discutimos, que tenha residência em cima e oficina embaixo.

Imagem do sobrado com a residência no andar superior e a oficina no andar inferior

 Dettmann: Mostre o andar inferior, a parte da oficina

Chat GPT:

Imagem da parte inferior do sobrado, mostrando a oficina com detalhes rústicos e acolhedores, ideal para uma comunidade colaborativa.

 

 

 

 

 

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