Ao reler “O desconcerto do mundo” de Gustavo Corção e pensar na sua afirmação de que “onde está o homem está o gemido”, não posso discordar da sentença de Hesíodo: “o homem é senão calamidade”. Correta, portanto, a ordenada crítica ao Mito do Progresso como remédio para todas as dores. Experiências passadas e recentes provam que não há obscurantismo maior do que a ciência pervertida pela política. Por a esperança no Mito do Progresso é o maior dos autoenganos, é potencializar o sentimento camusiano de “l’absurdité” (“Em qualquer esquina, qualquer homem esbarra no absurdo”). O desconcerto da sede de eternidade não se resolve com ilusões “tecnicistas”, principalmente quando escancaradamente enviesadas, desnaturadas. O gemido sem fim é o selo indelével do homem, sua sã loucura, seu desespero ordenado. Se será ou não sufocado só o exercício corajoso da transcendência será capaz de dizer.
Paulo Henrique Cremoneze
PS: este é um livro que merece ser lido ao ritmo dos monges, pausada e reflexivamente. Por tratar honestamente de temas tão terrenos, seu conteúdo é sublime e tem nuances espirituais.
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