1.1) Por conta da minha natureza mais fechada, eu sempre tive muita dificuldade de me relacionar com as pessoas - a maioria preferia conversar através da fala a conversar por escrito.
1.2) Era lugar comum, antes do advento da rede social, dizer que ser extrovertido era uma virtude, quando, na verdade, isto é um vício de caráter - ao contrário da crença popularmente disseminada, eu não considero a pessoa que tem esse traço no caráter um modelo a ser seguido ou digno de ser imitado, ainda mais pelo desejo mimético de se praticar a arte pela arte de imitar, que tem um fim vazio em si mesmo. A necessidade irrefreável de expansão do ser que estas pessoas têm na essência levam-nas a terem um amor de si desordenado, a ponto de desprezarem Deus como a razão de ser de todas as coisas - e isto pode apontar que estas pessoas extrovertidas têm uma personalidade esquerdista ou mesmo um caráter psicopático, o que fazem delas pessoas extremamente perigosas, uma vez que elas são marcadas pelo pecado do orgulho e da vaidade, a ponto de estarem em constante cegueira a ponto de praticarem um conservantismo atroz e progredirem obstinadamente no mal que praticam, ainda mais em nome do bem comum - eis o progressismo, enquanto ideologia.
2.1) Nos primórdios da rede social, minha família foi uma das primeiras a ter e e-mail, mas fiz pouco uso da ferramenta, pois, no meio social onde eu estava, a maioria nem tinha computador em casa, ainda mais com internet.
2.2) Durante os anos da faculdade é que fiz mais uso do e-mail como ferramenta de comunicação. Tive excelentes conversas através deste instrumento, a ponto de cultivar excelentes amizades por conta disso. Só não tive debates acadêmicos por esta via porque as pessoas não tinham cultura para isso, como bem apontou o professor Olavo de Carvalho, tempos mais tarde - desde que a esquerda passou a dominar o ambiente universitário no Brasil, a cultura está sendo rebaixada e o processo se acelerou mais, da década de 90 para cá.
3.1) Na época de Facebook, muito embora as pessoas preferissem conversar pelo Whatsapp, eu ainda assim preferia o e-mail. Eu sempre gostei de desenvolver com elas uma conversa inteligente e com o raciocínio fundamentado, já que não uso a escrita como sucedâneo da linguagem falada, por conta de meu ouvinte estar em terras distantes ou ser nativo de um outro idioma que não o português. Isto faria do processo comunicacional uma atividade irracional e errático, tal qual a fala - e isto é um uso impróprio da escrita enquanto ferramenta de comunicação.
3.2) Quando alguém me diz que e-mail é coisa do passado, a vontade que eu tenho é de espancar o imbecil que diz isto até não poder mais - ao contrário do que diz Maquiavel na sua obra O Príncipe, eu não sou como a maioria dos homens, que se ofende com as pequenas ofensas. Dizer que e-mail é atraso de vida é dizer que a cultura do escrito é um atraso de vida e que ela não faz sentido algum - e neste ponto, essa pessoa está sendo imbecil, pois está medindo as coisas pela estupidez dela, já que está conservando o que é conveniente e dissociado da verdade. E ser conservantista é primar pelo obsoleto, não pela tradição, pela cultura; o conservantista não ama a verdade, que é o fundamento da liberdade, pois não conserva a dor de Cristo.
4.1) Aqui em casa mesmo, como tenho a tendência de preferir escrever a falar, por conta de eu ser um homem de letras, eu geralmente prefiro resolver os meus problemas por escrito.
4.2) Quando faço uma compra e sinto que algo está errado durante o processo de aquisição, eu escrevo para a empresa responsável e resolvo meus problemas por e-mail. Geralmente sou bem atendido e os problemas são resolvidos, sem se fazer o menor alarde. Meus pais são o exemplo oposto: eles preferem ligar para os prestadores de serviço quando algo está errado. Como estas empresas usam mecanismos de call center desumanizadores, eles se sentem humilhados com a espera, a tal ponto que não conseguem resolver os problemas do dia-a-dia. E essa postura de não-conversa só agrava ainda mais os problemas sociais, a ponto de se criar uma cultura de judicialização - e isso é um prato cheio para o comunismo.
5.1) Infelizmente, vivemos numa sociedade onde a cultura do escrito é negligenciada - como as pessoas estão cada vez estão mais bárbaras e mais cheias de si, a ponto de conservarem o que é conveniente e dissociado da verdade, o diálogo pela via da fala, que é a via preferida do extrovertido, está se tornando um caminho extremamente perigoso de se viver a vida. E neste sentido, o caminho mais seguro para se exercer a arte de conhecer alguém é certamente pela via da escrita.
5.2) Fico imaginando quantas portas podem ser abertas se as relações entre mim e os vizinhos de condomínio se dessem pela comunicação por escrito. Muitos interesses poderiam ser conciliados a partir daí.
José Octavio Dettmann
Rio de Janeiro, 06 de fevereiro de 2023 (data da postagem original).
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