Adquiri meu notebook da linha Vaio em 2024. Um bom equipamento, adequado para a maioria das tarefas que preciso no dia a dia, inclusive alguns jogos. Mas como sou um homem paciente, não costumo me empolgar com lançamentos. O jogo Millennia, da Paradox, por exemplo — um título 4X de grande profundidade — foi lançado no mesmo ano da minha máquina. Mas ele não roda ainda com a fluidez que considero digna. Espero até 2030 para jogar. Daqui a cinco anos, farei meu próximo upgrade. Sem pressa. O tempo kairológico me ensina que há um momento certo para todas as coisas debaixo do céu.
Enquanto isso, uso o que posso. Às vezes, recorro a serviços como o GeForce Now, que me permitem rodar jogos mais exigentes pela nuvem, com desempenho de ponta. Mas essa opção só funciona em países sérios, com infraestrutura sólida e diplomacia estável. Não é o caso do Brasil atual.
Desde que Lula voltou ao poder, observo com crescente preocupação a deterioração das relações diplomáticas com os Estados Unidos. Não me refiro a simples divergências políticas — elas são naturais entre nações soberanas. Refiro-me à irresponsabilidade reiterada, à postura agressiva e antiocidental, à retórica infantil que mistura nostalgia revolucionária com populismo de ocasião. Tudo isso nos isola.
E o isolamento tem consequências práticas. Não é só que não temos GeForce Now no Brasil. É que, se a escalada de atritos continuar, aviões comerciais brasileiros poderão ser barrados do espaço aéreo norte-americano. Isso não é delírio — é uma possibilidade real. É a linguagem diplomática respondendo aos abusos com sanções.
Ou seja: não poderei sequer viajar para os Estados Unidos para usar infraestrutura que me permita trabalhar, estudar ou jogar com dignidade, como hoje planejo. A tirania não é uma abstração — ela chega até a placa de vídeo. Até o jogo que ainda não posso jogar.
O desgoverno brasileiro não destrói apenas a economia, a justiça ou a educação. Ele destrói também a nossa liberdade de acesso ao conhecimento, à tecnologia e ao lazer. O cidadão que deseja se atualizar precisa cada vez mais driblar o seu próprio país, como se fosse um criminoso fugindo de um regime totalitário. O sistema transforma o trabalhador honesto em contrabandista de progresso.
E é por isso que vejo em cada upgrade postergado, em cada compra estratégica com cashback, em cada livro importado com paciência e zelo, um ato de resistência silenciosa. A construção da liberdade não se faz com slogans revolucionários, mas com o acúmulo honesto de capital espiritual, intelectual e material, como ensina Leão XIII.
Se o Brasil estivesse na rota da civilização, eu hoje teria acesso digno ao Millennia — um jogo que simula o desenvolvimento das nações. Mas vivo em um país onde as nações estão sendo destruídas pela estupidez revolucionária travestida de democracia. E sigo esperando. Estudando. Jogando no tempo certo. E, sobretudo, guardando no coração a convicção de que a liberdade verdadeira só floresce onde Cristo é Rei — inclusive da História.
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