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sábado, 19 de julho de 2025

🛤️ Mashinky e o backlog kairológico: a liturgia do jogo bem comprado

Em 21 de setembro de 2025, darei início a mais um ciclo cuidadosamente planejado: a aquisição do jogo Mashinky. Não é um impulso, tampouco uma compra impensada. É o cumprimento de um plano de longo prazo, uma liturgia pessoal, dentro do meu modo particular de usufruir da cultura digital sem me submeter à tirania do hype.

Ao contrário da pressa comum que rege o mercado de jogos, a minha relação com esse universo é marcada por um ritmo próprio — um ritmo kairológico. Tal como se faz com os bons vinhos, os livros difíceis ou as amizades verdadeiras, há jogos que só devem ser jogados quando o tempo estiver maduro. Mashinky é um desses.

📅 Um calendário que tem sentido

A compra será parcelada em três vezes de R$ 15,33 — algo modesto, sim, mas cuidadosamente cronometrado. A primeira parcela será paga no dia 21 de setembro, uma data que marca o início da estação da colheita: o tempo de recolher os frutos do que foi pacientemente plantado. A última parcela será quitada no dia 21 de dezembro, poucos dias antes do Natal — não por acaso, um tempo de esperança, renascimento e consumação das promessas.

Nesse período de três meses, terei tempo não apenas para pagar o jogo, mas para me preparar para recebê-lo, do modo como se deve receber um presente valioso: com gratidão e com reverência.

🚂 Um jogo que respeita o tempo

Mashinky não é um jogo apressado. Criado por um único desenvolvedor, Jan Zelený, ao longo de mais de uma década, ele exige do jogador o mesmo que o próprio autor se exigiu: visão de longo prazo, paciência estratégica, precisão histórica. É um simulador de ferrovias, mas também é um simulador do tempo: o tempo que leva para construir algo duradouro, eficiente, belo.

Jogar Mashinky é como operar uma sinfonia de trilhos e estações. Nada acontece de repente. Tudo precisa de cálculo, equilíbrio e atenção ao detalhe. Ao entrar nesse universo, já sabendo que ele tem mais de dez anos de lapidação, sinto que estou diante de algo maduro, estável, e que será melhor aproveitado agora do que quando foi lançado.

🕰️ O backlog kairológico como ato de fé

Essa escolha faz parte de algo maior que venho cultivando: o meu backlog kairológico — uma biblioteca de jogos comprados não com o intuito de jogar imediatamente, mas de preservar, amadurecer e, no tempo certo, usufruir. Trata-se de um investimento não apenas no conteúdo, mas no momento certo da experiência. A tecnologia há de alcançar a obra; o tempo há de purificar os excessos; e eu, enquanto isso, amadureço junto.

Esse backlog não é uma lista de pendências, mas um campo de promessas. Cada jogo ali depositado é uma semente que aguarda o tempo oportuno para germinar.

🌟 Conclusão: entre os trilhos e o céu

Mashinky, para mim, não será apenas um jogo. Ele será uma estação do tempo, um altar pessoal onde celebrarei a fidelidade ao meu próprio ritmo, à minha consciência de consumo e à dignidade do meu tempo. Ao adquiri-lo no calendário que estabeleci, estarei dizendo ao mundo: não preciso ser o primeiro — preciso apenas ser fiel ao tempo certo.

E esse tempo certo não vem do relógio. Vem de Deus.

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