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segunda-feira, 21 de julho de 2025

Navegar é preciso: um chamado à santidade nas redes sociais

Vivemos uma era em que estar nas redes sociais parece inevitável. Mas, como toda grande novidade da história humana, esse mar aberto e digital exige discernimento, coragem e direção. Por isso, o que inicialmente seria um conselho para um filho que ainda não nasceu — e que um dia ouvirá, com atenção, do pai que o ama —, torna-se agora um aviso público a todos aqueles que desejam manter a integridade da alma em meio ao caos informacional dos nossos tempos.

As Redes Sociais como o Novo Oceano

Quando alguém ingressa nas redes sociais, está, em certo sentido, repetindo o gesto dos navegadores do século XV: lança-se ao desconhecido, em busca de alguma promessa — seja de reconhecimento, influência, conhecimento, lucro ou amor. 

Esse gesto, porém, não é neutro. Assim como as Grandes Navegações geraram civilizações e também tragédias, a navegação digital pode edificar ou destruir uma alma, conforme o rumo que ela tome.

Há quem use as redes como a Espanha: impondo força e opinião sobre os outros, querendo dominar territórios alheios com altivez.

Há quem use como a França: cultivando uma imagem de requinte e beleza, porém alicerçada na vaidade.
Outros, como a Holanda, fazem das redes um canal apenas para o lucro e o pragmatismo.

Mas há um outro modo, mais nobre, mais antigo, mais cristão: o modo português — o modo de quem leva consigo o Evangelho e se lança ao mundo com o firme propósito de servir a Cristo em terras distantes.

O propósito: servir a Cristo

Ninguém deveria ter uma presença pública sem uma missão clara. E a missão do católico nas redes sociais deve ser a mesma de sua vida inteira: amar e servir a Deus, tornar visível o Reino, sustentar a verdade, defender os pequenos, consolar os aflitos, edificar os que buscam, denunciar o mal e testemunhar a beleza da fé. Em suma: ser presença de Cristo onde Ele é mais desprezado.

Se tua entrada no mundo digital não for motivada por esse ideal, melhor seria não entrar. A neutralidade não existe. Nas redes, ou se é fermento de santidade ou se é mais um grão na massa podre da vaidade, da mentira e da autoglorificação.

A condição: mortificar o eu

Mas mesmo o propósito nobre de evangelizar pode ser corrompido se não vier acompanhado da mais importante de todas as disposições interiores: a mortificação do eu.

O cristão que se lança nas redes precisa antes aprender, na vida sacramental e orante da Igreja, a dizer “não” a si mesmo. Porque, nesse mar virtual, tudo convida ao orgulho: os números de seguidores, os likes, os comentários elogiosos, a ilusão de superioridade. E tudo isso nos distancia da cruz.

 O erro mais comum nas redes é transformar o próprio ego em altar. O apóstolo que se exibe deixa de ser servo para ser ídolo. E um ídolo de barro. É necessário, portanto, viver o que se prega. Negar-se a si mesmo. Aceitar o anonimato. Perdoar ofensas. Calar diante de calúnias. Falar somente o necessário. Testemunhar com obras, pois, nas redes sociais, a maior caridade é a integridade silenciosa e coerente.

Um apelo ao recolhimento (se for o caso)

Se alguém não se sente capaz de entrar nas redes com esse espírito — ou se, tendo entrado, vê que sua alma começa a se corromper —, não há vergonha nenhuma em recolher-se. Pelo contrário: há sabedoria. É melhor viver no escondimento de Nazaré do que se perder nas praças públicas de um mundo sem freios.

A internet não é para todos. Nem precisa ser. O recolhimento voluntário pode ser, em muitos casos, o caminho mais santo.

Conclusão: o chamado é universal

Este artigo nasceu como um conselho de pai para o filho que um dia vai nascer, caso um dia eu venha a ter. Mas a verdade que esta mensagem carrega é maior do que a relação de sangue. É um chamado universal à responsabilidade e à santidade no mundo digital.

Se fores navegar, prepara tua alma como se estivesses indo ao encontro de civilizações distantes. Carrega contigo a fé, a humildade, a oração e a disposição de sofrer por amor. E lembra-te: navegar é preciso, sim — mas é ainda mais preciso servir a Cristo com inteireza, onde quer que estejas.

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