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quarta-feira, 11 de junho de 2025

O descobrimento do Brasil como encobrimento de Portugal: Um chamado à História Total

Resumo

Este artigo propõe uma releitura da História do Brasil a partir da tese de que todo descobrimento implica, necessariamente, um encobrimento. Quando a narrativa histórica oficial tem início em 1500, ela encobre a história espiritual e cultural que remonta ao Milagre de Ourique, em 1139. A secessão do Brasil do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves marca a ruptura simbólica com a ordem decorrente da Jerusalém Celeste, culminando na fundação de Brasília e na institucionalização do brutalismo como arquitetura do horror metafísico. A restauração da verdadeira história, alicerçada na língua portuguesa e no serviço a Cristo em terras distantes, conduz à liberdade, à cultura e à imaginação do belo.

1. Introdução

Quando se ensina nas escolas que a História do Brasil começa em 1500, com a chegada dos portugueses, o que se instaura é um encobrimento de nossa verdadeira origem. Esta narrativa oficial, ao deslocar o ponto de partida da história para o “descobrimento”, realiza, na prática, o que Gerd Bornheim chamou de uma operação de ocultação cultural, pois “todo descobrimento implica, necessariamente, um encobrimento”¹.

2. O Encobrimento e o Mito da Colonização

Segundo Bornheim, o conceito de descobrimento não pode ser separado da destruição e negação de formas anteriores de saber, vida e cultura. Ao descobrirem as novas terras, os europeus encobriram os mundos que ali existiam, impondo não apenas novas formas políticas, mas também novas formas de percepção e existência².

Esse processo, no caso brasileiro, resultou na mitificação da condição de colônia, apagando a participação ativa de Portugal na formação do Brasil e destruindo os vínculos espirituais entre ambas as terras. A consequência prática é um véu de ignorância histórica que impede a verdadeira compreensão de nossa identidade como povo.

3. A História Total e a Jerusalém Celeste

A recuperação da história verdadeira exige que adotemos o princípio da História Total, que entende que “a pátria é a sua língua”³. O verdadeiro ponto de partida é, portanto, Portugal, não enquanto unidade geográfica, mas enquanto vocação espiritual que tem no Milagre de Ourique (1139) sua epifania fundacional. Foi ali que se estabeleceu o compromisso de servir a Cristo em terras distantes.

Ao rompermos com essa vocação no processo de secessão política do Reino Unido, abrimos espaço para a fundação de Brasília, símbolo da ruptura com a tradição e encarnação moderna de uma nova “Babilônia”, tal como expressa na arquitetura brutalista – o estilo que materializa o horror metafísico de uma civilização sem transcendência.

4. O chamado à conversão pela imaginação do belo

A primeira etapa da reconstrução cultural é o resgate da outra ponta de nossa história. O conhecimento da verdade histórica induz à imaginação do belo e do verdadeiro, e esta, por sua vez, conduz à conversão das almas. É nessa fidelidade à verdade que se dá a produção de cultura: “a necessidade de amar o belo e o bom, nos méritos, leva à necessidade de servir isto nestas terras e em terras distantes, nos méritos de Cristo”.

O Cristo que é “o caminho, a verdade e a vida” (Jo 14,6) torna-se o critério da liberdade, pois só a verdade liberta (Jo 8,32). Essa é a liberdade que fundamenta a cultura verdadeira.

5. Conclusão: O Seminário da Palavra Escrita

Na ausência de um seminário vivo como o do professor Olavo de Carvalho, a palavra escrita torna-se meio ordinário de semear a verdade. Cada texto é uma semente, e o solo é o coração do leitor chamado a despertar do engano histórico. A restauração da pátria começa pela restauração da sua história – e esta, pela restauração do seu vínculo com Cristo.

Notas:

  1. BORNHEIM, Gerd. O Conceito de Descobrimento. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1998. p. 12.

  2. Idem, p. 15.

  3. HERDER, Johann Gottfried. Ideias para a Filosofia da História da Humanidade. São Paulo: EDUSP, 2006. [Herder foi um dos primeiros a identificar a língua como a expressão suprema do espírito nacional.]

  4. Cf. CARVALHO, Olavo de. O Jardim das Aflições. Rio de Janeiro: Record, 2000. p. 97.

Referências:

BORNHEIM, Gerd. O Conceito de Descobrimento. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1998.

CARVALHO, Olavo de. O Jardim das Aflições. Rio de Janeiro: Record, 2000.

HERDER, Johann Gottfried. Ideias para a Filosofia da História da Humanidade. São Paulo: EDUSP, 2006.

EVANGELHO SEGUNDO SÂO JOÃO. Bíblia Sagrada. João 14:6; João 8:32.

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