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sábado, 21 de junho de 2025

Do gelo ao altar: por que a vida sacerdotal é uma pós-carreira natural para um enforcer?

 Quando pensamos no papel de um enforcer no hóquei, logo nos vêm à mente as imagens de intensidade, bravura e sacrifício físico. O enforcer é aquele jogador que não mede esforços para proteger seus companheiros de time. Ele não busca os holofotes. Muitas vezes, seu nome não está entre os maiores pontuadores, mas sua importância no vestiário e no gelo é inquestionável. Ele é o escudo humano que protege os mais talentosos, o primeiro a responder quando alguém tenta intimidar ou machucar os seus.

Agora imagine que, após anos nessa missão de defesa e sacrifício, esse homem decide abraçar uma vocação igualmente exigente e corajosa: o sacerdócio ou a vida monástica. Pode parecer uma transição improvável para alguns, mas para quem entende o verdadeiro espírito de um enforcer, ela faz todo o sentido.

O espírito de sacrifício: um valor comum

O enforcer aprende desde cedo que a sua missão é dar o corpo em defesa de algo maior que ele mesmo: o time, a honra, a justiça dentro do jogo. Na vida sacerdotal ou monástica, o sacrifício também é central. O sacerdote é aquele que dá sua vida, dia após dia, pelo bem das almas que lhe foram confiadas. Ele enfrenta o mundo espiritual como o enforcer enfrentava seus oponentes no gelo: com coragem, com disciplina e com a disposição de sofrer pelas pessoas que ama e serve.

A coragem: física no gelo, moral no altar

Muitos não entendem o que é a coragem moral. É fácil dar um soco, muito mais difícil é sustentar a verdade quando todos te pressionam a ceder. O sacerdote é aquele que sobe ao púlpito e, sabendo que pode perder amizades, prestígio e até sua segurança pessoal, diz o que precisa ser dito. Ele exorta, corrige, consola e enfrenta as forças espirituais do mal com a mesma seriedade com que um enforcer enfrenta um provocador em pleno jogo.

O combate: mudam-se as armas, mas permanece a luta

O enforcer lutava com os punhos e com o corpo. O sacerdote luta com a oração, com a Palavra de Deus, com os sacramentos e com o jejum. Ambos entendem que estão em uma guerra. O enforcer contra a injustiça física e a violência desmedida dentro do esporte. O sacerdote, contra a injustiça moral, o pecado e as tentações que destroem almas.

Ambos também sabem que o verdadeiro inimigo muitas vezes não é visível. No hóquei, o enforcer identifica um adversário que extrapola os limites. Na vida espiritual, o sacerdote luta contra o maligno, que atua nas sombras, tentando dividir, enfraquecer e destruir.

O código de honra

Os melhores enforcers são regidos por um código não escrito: eles só lutam quando precisam, não abusam da força, protegem os vulneráveis e sempre têm respeito pelos colegas de profissão, mesmo os adversários. O sacerdote também tem o seu código: o Evangelho. Ele é chamado a ser misericordioso, mas firme; paciente, mas decidido; humilde, mas intransigente quando a verdade está em jogo.

A liderança invisível

O enforcer raramente usa a braçadeira de capitão, mas dentro do vestiário ele é um líder natural. Ele é aquele que dá o tom de seriedade, que motiva nos momentos difíceis e que nunca abandona um companheiro em apuros. O sacerdote também lidera assim: não pela ostentação, mas pelo exemplo, pelo sofrimento silencioso e pela fidelidade inquebrantável.

Exemplo de pós-carreira: da violência ao amor sacrificial

No mundo real, já vimos vários atletas que encontraram na vida religiosa sua verdadeira vocação após a aposentadoria. A disciplina que adquiriram nos esportes, o domínio sobre o próprio corpo, a capacidade de lidar com dor e sacrifício, tudo isso se transforma em virtudes espirituais quando colocadas a serviço de Deus.

Para um enforcer, que já viveu anos colocando-se entre o perigo e os inocentes, tornar-se sacerdote ou monge é apenas uma mudança de campo de batalha.

Conclusão: do gelo ao altar, a missão continua

Se um filho seu, depois de uma carreira de enforcer no hóquei, decidir tornar-se sacerdote, isso não será um rompimento com sua identidade. Pelo contrário: será a continuidade mais nobre e elevada de tudo o que ele já aprendeu.

Do rink para o altar, a essência permanece: serviço, coragem, sacrifício e amor pelos outros até as últimas consequências.

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