Melhorar meu inglês é uma meta legítima, mas não ao preço de abrir as portas da minha inteligência a qualquer aventureiro linguístico. Para mim, aprender uma língua é um ato humano, moral e até, em certo sentido, espiritual. É tocar na estrutura profunda pela qual compreendo o mundo e me comunico com ele.
Quem corrige meu inglês está, de certo modo, assumindo uma posição de mestre, ainda que por breves instantes. Está colocando a mão na argila da minha expressão interior. E, por isso mesmo, não pode ser qualquer um.
Não aceito ser corrigido por aquele tipo de americano vaidoso, superficial, que trata o idioma como mercadoria, vendendo promessas de fluência rápida, como quem vende pílulas de emagrecimento. Tampouco aceito a autoridade linguística de quem ri da dificuldade alheia ou que se orgulha de humilhar o aprendiz. Se for para aprender, que seja sob o olhar de alguém que saiba distinguir a ignorância honesta da preguiça, o tropeço inocente da má formação intelectual.
Se a língua é uma casa, então o professor de línguas é como um hóspede que convido a entrar no meu lar interior. Precisa ter modos. Precisa saber onde pisa. Precisa ter aquele grau de dignidade humana que me faça dizer: "Sim, eu abriria as portas da minha casa para essa pessoa, deixaria que ela se sentasse à minha mesa, tomasse um café, partilhasse uma boa conversa com a minha família."
C.S. Lewis dizia que o verdadeiro professor é aquele que, antes de tudo, ama o aluno e deseja sinceramente que ele aprenda. Olavo de Carvalho advertia que nenhum conhecimento é verdadeiro se não for movido por amor à verdade. Ortega y Gasset lembrava que a educação é um processo de elevação mútua, onde mestre e aluno se humanizam reciprocamente.
Assim, se for para ser corrigido, que seja por alguém que eu chamaria de amigo. Que saiba olhar para minhas dificuldades com misericórdia, para minhas virtudes com justiça e para meu esforço com gratidão.
A língua é mais do que palavras. É um pacto de verdade entre quem fala e quem escuta.
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