Enquanto crescia, como tantos brasileiros, fui educado numa cultura onde o "deixa disso" era a resposta padrão diante de qualquer conflito. Desde pequeno, a lição era clara: "não compre briga", "evite confusão", "baixe a cabeça", mesmo diante de injustiças escancaradas. O medo de confronto e a submissão aos mais fortes ou aos mais maliciosos viraram quase uma virtude socialmente aceita.
Mas... foi assistindo à NHL — a liga de hóquei no gelo da América do Norte — que comecei a entender que havia um outro caminho. Um caminho que ensina que a verdadeira paz não nasce da omissão, mas da coragem de enfrentar o mal quando ele se apresenta.
A Escola dos Enforcers: a ética da coragem
Os enforcers da NHL eram muito mais do que "brigões de aluguel". Eles eram os guardiões da justiça dentro de um sistema que, como todo sistema humano, tinha suas falhas.
Quando um adversário atacava um jogador estrela com violência covarde...
Quando a arbitragem fingia não ver...
Quando os códigos oficiais de conduta falhavam...
Era o enforcer que assumia a responsabilidade moral.
Ele não pedia permissão. Não esperava o juiz. Não esperava que a liga revisse lances em vídeo.
Ele entrava no gelo... olhava nos olhos do agressor... e fazia justiça.
Lições que carrego para a vida real
Ao ver homens como Bob Probert, Tie Domi, Marty McSorley, Derian Hatcher, Basil McRae e tantos outros, comecei a entender um conceito que faltava na minha formação cultural:
A coragem moral exige ação concreta.
Não é sobre gostar de violência.
Não é sobre buscar confusão.
É sobre reconhecer que há momentos na vida em que ficar calado ou passivo é ser cúmplice do mal.
Aos poucos, fui deixando de lado meu lado "deixa disso".
Quando a situação exige, hoje eu resolvo com firmeza.
Se for preciso usar as palavras, que sejam firmes.
Se for preciso partir para a ação física, que seja com consciência moral e senso de justiça.
O papel social do enforcer: além do gelo
O que os enforcers faziam dentro da arena... muitos homens de bem precisam fazer na vida real:
✅ Proteger os mais fracos
✅ Confrontar o agressor quando todos os outros se calam
✅ Servir de exemplo de que o medo não é desculpa para a covardia
✅ Impor limites quando o outro lado não reconhece o básico da convivência civilizada
E sempre com um senso claro de medida: não é sobre violência gratuita, mas sobre justiça proporcional e direta.
Quando não há autoridade legítima... a responsabilidade vem para o indivíduo
Uma das maiores lições que tirei dessa escola de vida chamada NHL foi entender que quando as autoridades falham ou se omitem, a responsabilidade moral de agir recai sobre quem tem consciência e coragem.
Isso vale para qualquer campo da vida:
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No ambiente de trabalho
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No meio social
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Na política
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Na defesa dos amigos e da família
A omissão diante do mal é, no fundo, uma forma de cooperação com o mal.
Conclusão: a coragem não é uma opção, mas uma responsabilidade
Os enforcers da NHL não eram apenas atletas...
Eram professores de vida.
Se hoje eu ajo com firmeza quando vejo injustiça, é porque aprendi com eles que:
"Paz verdadeira só existe quando os maus têm medo dos bons."
E que...
Em momentos de crise, ou você é o protegido... ou você é o protetor.
Eu escolhi ser o segundo.
Por convicção. Por dever. Por honra.
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