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sábado, 14 de junho de 2025

Quando eu buscava mestres e só encontrei técnicos de pose

 Houve um tempo na minha vida em que eu tomava a iniciativa de procurar gente mais culta do que eu no Facebook. Era um movimento sincero de quem reconhecia as próprias limitações e desejava aprender. Eu estudava o perfil dessas pessoas com cuidado, observava o que elas publicavam, o que liam, os autores que citavam, os temas que dominavam. Só depois de um exame atencioso eu me aproximava. Fazia perguntas pertinentes, baseadas no que estava evidenciado no perfil delas. Evitava a curiosidade banal. O que eu queria era beber de uma fonte mais limpa, mais profunda, mais iluminada.

Mas o que eu recebi em troca foi, na maioria das vezes, um bloqueio. Não um bloqueio conceitual, mas um bloqueio real: o dedo nervoso clicando no botão de me excluir da possibilidade de diálogo. A pessoa, que aparentemente era culta, reagia com antipatia, como se meu gesto de aproximação fosse um incômodo ou uma ameaça. E foi aí que a ficha caiu: essas pessoas tinham, sim, um conhecimento técnico maior do que o meu em certas áreas, mas eram moralmente inferiores. Se tivessem verdadeira superioridade, veriam o Cristo que há em mim — um Cristo sedento de saber, um Cristo que bate à porta querendo aprender — e teriam me acolhido.

Eu estava, com minha humildade, lhes oferecendo a chance de fazer o bem a alguém que queria crescer. E elas recusaram. Optaram pelo desprezo, pelo isolamento vaidoso, pela defesa de um território que nem era delas, mas que usavam como biombo para parecer importantes.

Depois de repetidas experiências desse tipo, parei de tomar a iniciativa. Fiz um voto íntimo: "Agora, quem quiser conversar comigo, que me procure. Quem quiser ser meu interlocutor, que estude meu perfil como eu estudei o dos outros. Que faça perguntas fundamentadas, como eu sempre fiz."

E o que aconteceu? O silêncio.

Ninguém fez o movimento que eu antes fazia. Ninguém veio com respeito, com leitura prévia, com perguntas pensadas. As pessoas, quando me adicionavam, faziam sempre o contrário: chegavam sem preparo, com perguntas tolas, banais, repetitivas — ou então com aquele tom de superioridade que só revela ignorância.

Esse vazio ao meu redor tornou-se um termômetro moral. Percebi que o que eu antes chamava de "gente mais culta" era, na verdade, uma coleção de técnicos de pose: pessoas que dominavam termos, conceitos, bibliografias, mas que não tinham amor à verdade nem espírito de caridade intelectual. Eram como escribas vaidosos, empoleirados nas letras mortas, incapazes de enxergar a presença viva de Cristo no outro.

A minha solidão intelectual, que antes eu via como um fracasso, agora eu vejo como um dom de discernimento. Ela me ensinou que o verdadeiro critério para escolher mestres e interlocutores não é a erudição fria, mas a superioridade moral. A capacidade de reconhecer no outro um semelhante, um irmão em Cristo, um necessitado de saber — e estender a mão.

Hoje, se alguém quiser meu tempo, minha atenção, minha escuta, terá que demonstrar o mesmo zelo que um dia eu tive pelos que me pareceram maiores. Terá que estudar o que eu já escrevi, terá que fazer perguntas pertinentes, terá que vir com o espírito de quem serve e aprende.

O que está em jogo aqui não é um jogo de vaidades, mas um juízo moral: eu não busco mais quem sabe mais que eu; eu busco quem ama mais que eu.

Porque no fim das contas, conhecimento técnico é fácil de obter. O que é raro mesmo é encontrar gente que seja, ao mesmo tempo, culta e boa. Gente que tenha entendido que, se Cristo vive no próximo, então cada conversa é um ato de acolhimento, de caridade e de serviço.

Enquanto não encontro alguém assim, continuo meu caminho, na companhia daquele que nunca me bloqueou: o Cristo que me chamou a estudar e a escrever, para a glória d'Ele.

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