Como abrir as portas da própria casa pode abrir também as portas para novas oportunidades profissionais
Ao longo da vida, muitos de nós somos educados em ambientes onde a segurança, a ordem e até mesmo certas manias de limpeza acabam moldando a forma como a casa é gerida. No meu caso, meus pais, por zelo ou talvez por receio de julgamentos alheios, acabaram impondo uma espécie de barreira invisível que restringiu a circulação de pessoas em nosso lar. Pessoas que, muitas vezes, poderiam ter sido fonte de boas amizades, oportunidades de trabalho e, quem sabe, até de um novo rumo para nossa vida familiar.
Com o tempo, amadureci a compreensão de que uma casa fechada é também uma porta fechada para o mundo. Hoje, ao refletir sobre o futuro — e especialmente sobre o momento em que me tornarei o legítimo senhor do imóvel onde vivo —, tomo uma decisão clara: minha casa será um lugar de hospitalidade, de encontro e de trocas produtivas.
Num Brasil cada vez mais afetado por crises econômicas, por um desemprego estrutural que aflige milhões e por um funcionalismo público muitas vezes ocupado por militantes ideológicos que desprezam o mérito, a construção de um sólido capital social tornou-se não apenas uma escolha, mas uma necessidade.
Pierre Bourdieu (1980) já apontava que o capital social é um dos grandes fatores de mobilidade e sobrevivência em sociedades estratificadas. Ter boas relações significa ter acesso a informações, a redes de apoio e, sobretudo, a oportunidades que não aparecem em anúncios de emprego ou concursos públicos.
Além disso, Putnam (2000), em seu clássico estudo "Bowling Alone", mostrou como o declínio das redes sociais tradicionais (como vizinhanças unidas, associações de bairro e até a simples prática de receber amigos em casa) impacta negativamente o bem-estar social e econômico das pessoas.
Sei fazer bem o que faço e tenho plena confiança nas minhas habilidades. Mas também sei que, no cenário atual, competência técnica sem conexões humanas é como uma semente sem terra fértil para crescer.
Portanto, minha meta é clara: manter as portas abertas para boas conversas, bons projetos e boas pessoas. Porque cada visita pode ser a semente de um futuro contrato, de uma nova amizade ou de uma oportunidade que mude minha vida.
Referências Bibliográficas
BOURDIEU, Pierre. Le capital social: éléments pour une théorie. Paris: Seuil, 1980.
PUTNAM, Robert D. Bowling Alone: The Collapse and Revival of American Community. New York: Simon & Schuster, 2000.
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