Em 2001, quando entrei na Universidade Federal Fluminense para cursar Direito, uma informação me chamou a atenção: cada aluno custava aos cofres públicos cerca de cinco mil reais por mês. Fiz a conta de cabeça e me dei conta de que, por ano, o Estado gastava algo em torno de sessenta mil reais apenas para me manter ali. Pensei cá com meus botões:
"Ótimo: me dá cinco mil reais por mês que eu me dou uma formação excelente e ainda sobra dinheiro. Com muito menos do que isso, eu me daria uma educação muito melhor do que a porcaria de ensino que vocês me deram."
E por que pensei assim? Simples: porque já naquela época, com acesso limitado à internet e com poucos recursos pessoais, eu já entendia o óbvio que tantos fingem não ver: o problema nunca foi falta de dinheiro, foi (e continua sendo) incompetência, ideologização e má gestão.
Enquanto a universidade pública brasileira se esconde atrás do discurso do "ensino gratuito e de qualidade", a realidade é que ela se transformou numa máquina de desperdiçar dinheiro público e formar profissionais despreparados, desmotivados e, muitas vezes, doutrinados ideologicamente.
O que eu teria feito com cinco mil reais por mês?
Com cinco mil reais mensais em 2001, eu teria comprado uma biblioteca inteira de clássicos da filosofia, do direito, da literatura e da história. Teria feito cursos de idiomas de verdade, viajado para intercâmbios acadêmicos com foco técnico e cultural. Poderia ter financiado cursos de retórica, lógica formal, escrita avançada e técnicas de argumentação jurídica – tudo com professores escolhidos por mérito e resultado, não por militância sindical.
Com o tempo, fui percebendo que meu raciocínio não era apenas uma reclamação de aluno insatisfeito. Era um diagnóstico de algo muito maior: o sistema de ensino superior público brasileiro é uma espécie de latifúndio improdutivo, que consome recursos numa escala obscena e entrega muito pouco em retorno social real.
O falso "acesso democrático"
Muitos, ao lerem isso, vão dizer: "Ah, mas a universidade pública é uma conquista democrática, é onde os pobres podem estudar!"
E aqui é preciso dizer a verdade sem medo: não é. Nunca foi. Em 2001, a esmagadora maioria dos meus colegas de sala vinha da elite da classe média ou de escolas particulares. O estudante realmente pobre, que dependia da escola pública, mal conseguia passar no vestibular. O sistema sempre foi uma transferência de renda dos mais pobres (que pagam impostos indiretos) para a classe média universitária que tem tempo e recursos para cursar Direito, Medicina e Engenharia de graça.
A hipocrisia dos que se beneficiam
Muitos daqueles que na época gritavam contra o "neoliberalismo" são os mesmos que hoje ocupam cargos públicos, vivem de dinheiro estatal ou montaram ONGs para continuar mamando no mesmo sistema. Gente que passou a vida dizendo que a "educação pública é um direito universal", mas que, na prática, usou a universidade como trampolim para garantir privilégios próprios.
O que restou de tudo isso?
A melhor parte da minha formação foi a que eu mesmo busquei fora da sala de aula: os livros que comprei por conta própria, os estudos independentes que fiz, os diálogos que tive com quem realmente queria aprender, as leituras fora do currículo obrigatório.
Hoje, olhando para trás, vejo que meu instinto estava certo: a verdadeira educação é fruto de um esforço pessoal constante, de um projeto de vida fundamentado na verdade e no amor ao conhecimento – não de um sistema estatal inchado, ineficiente e moralmente falido.
O que eu aprendi naquela época (e que só se confirmou com o tempo) é que o problema não é dinheiro. O problema é caráter, gestão, prioridade e amor à verdade.
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