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quarta-feira, 11 de junho de 2025

Entre O Patriotismo e A Cosmópolis: a guerra invisível por trás da Nova Ordem Mundial

Vivemos hoje uma transformação silenciosa e profunda na ordem internacional. A recente polêmica sobre o IOF no Brasil é apenas a ponta do iceberg de um fenômeno global muito mais significativo: a erosão da globalização como a conhecemos e a ascensão de um novo espírito de patriotismo defensivo diante da ameaça de uma cosmópolis totalitária.

A crise não é apenas econômica. É teológica, moral e civilizacional. O que está em jogo não é apenas o destino dos investimentos ou dos acordos comerciais, mas o futuro da liberdade, da soberania dos povos e da fidelidade ao verdadeiro Deus e verdadeiro Homem.

1. Patriotismo x Nacionalismo: uma distinção necessária

Diante da desglobalização, muitos observadores recorrem ao termo “nacionalismo” para descrever o movimento de retorno à soberania. Mas o uso indiscriminado desse termo é perigoso. O nacionalismo, em sua forma ideológica, idolatra o Estado, submetendo tudo — religião, cultura, família, consciência — à máquina estatal. É o modelo de regimes totalitários como o nazismo ou o comunismo, onde tudo está no Estado, nada pode estar fora dele, e ninguém pode estar contra ele¹.

O que se vê hoje em diversas partes do mundo — dos Estados Unidos à Europa e mesmo em países da Ásia — não é uma volta ao nacionalismo, mas o florescer de um patriotismo sadio: uma postura de legítima defesa contra a instrumentalização de mecanismos globais por governos totalitários. O patriotismo reconhece a nação como um bem comum, anterior ao Estado e posterior ao indivíduo². E, sobretudo, reconhece que o bem da pátria está subordinado ao Bem maior: o de Deus³.

2. O colapso da "globalização inocente"

Não há, nem nunca houve, uma globalização inocente. Toda ordem econômica ou política traz consigo um princípio organizador — e o da globalização moderna é nitidamente antiteológico. Ela rejeita a transcendência, dilui as fronteiras culturais e morais, e se apresenta como preparação para uma governança mundial desvinculada de qualquer fundamento natural ou divino.

A chamada “Nova Ordem Mundial” opera não como expressão do bem comum entre nações soberanas, mas como plano de centralização do poder global sob instituições que ninguém elegeu, movidas por interesses obscuros, travestidos de neutralidade. O nome dessa utopia tecnocrática é “cosmópolis” — uma cidade do mundo construída contra a Cidade de Deus⁴.

3. O uso perverso dos mecanismos globais

A América, em sua origem, foi pioneira na criação de estruturas como o SWIFT e o sistema eurodólar. Tais mecanismos nasceram com propósitos legítimos: facilitar o comércio, dar estabilidade ao câmbio, proteger os aliados. No entanto, o avanço da cosmópolis permitiu que regimes totalitários e elites antinacionais se apoderassem dessas ferramentas e as voltassem contra a própria América e contra os povos livres.

O sistema que deveria garantir a cooperação passou a servir à exclusão, à perseguição econômica e à chantagem internacional. O poder de sanção tornou-se instrumento de controle ideológico. Bancos, empresas, universidades e até moedas passaram a ser reguladas por uma moral artificial, ditada por interesses antinaturais⁵.

4. A crise como juízo

Mas a própria globalização que se pretendia eterna está ruindo. A desglobalização não é um retrocesso. É um juízo histórico, como uma torre de Babel que começa a cair pela base. Diante disso, as nações se veem obrigadas a fazer escolhas: defender a própria alma ou vender-se em nome de uma paz que custa a liberdade.

Os Estados Unidos, por exemplo, começam a reorientar suas alianças no Oriente Médio, firmando pactos com países como o Catar e a Arábia Saudita para garantir estabilidade em energia e segurança. A Europa, por sua vez, desperta para a necessidade de retomar sua defesa, enquanto a China busca autossuficiência em tecnologia e infraestrutura⁶.

Tudo isso sinaliza uma mudança de paradigma: já não basta observar gráficos e juros para entender a macroeconomia. É preciso discernir os espíritos, como exorta o apóstolo Paulo⁷. Pois a economia, longe de ser neutra, é expressão das lealdades últimas dos homens e das nações.

5. Contra a cosmópolis, a fidelidade à ordem divina

O combate, portanto, não é apenas político ou financeiro. É um combate espiritual. Uma globalização sem Deus está condenada a tornar-se um instrumento de tirania. E uma economia sem Cristo será sempre o campo de batalha entre Mammon e a liberdade⁸.

A única saída verdadeira para esse conflito não está em um nacionalismo idolátrico, mas na restauração do patriotismo cristão, que ama a pátria sem odiar as outras, que defende a justiça sem submeter a verdade ao interesse, e que reconhece que nenhuma ordem política se sustenta fora da ordem do Todo de Deus⁹.

Enquanto não se reconhecer esse fundamento, o mundo continuará oscilando entre o caos e o controle total. Mas há uma esperança: os patriotas que, nas diversas nações, se levantam não para construir a cidade do homem, mas para defender o terreno da graça contra o avanço da tirania global¹⁰.

Notas

  1. Cf. MUSSOLINI, Benito. A doutrina do fascismo. Roma: Il Minervale, 1932.

  2. Cf. MARITAIN, Jacques. O homem e o Estado. São Paulo: Paulus, 2005.

  3. Cf. SANTO TOMÁS DE AQUINO. Suma Teológica, II-II, q. 26, a. 3.

  4. Cf. AGOSTINHO, Santo. A Cidade de Deus. Petrópolis: Vozes, 1999.

  5. Cf. HOBSBAWM, Eric. A era dos extremos: o breve século XX. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.

  6. Cf. AVERY, Michael. Reports and Analyses on Statecraft and Global Shifts. Rabobank, diversos relatórios.

  7. Cf. I Coríntios 12,10: “A outro, o dom de discernir os espíritos...”.

  8. Cf. MATEUS 6,24: “Não podeis servir a Deus e ao dinheiro”.

  9. Cf. LEÃO XIII. Rerum Novarum. Vaticano, 1891.

  10. Cf. BURKE, Edmund. Reflexões sobre a Revolução em França. São Paulo: Martins Fontes, 2002.

Referências

AGOSTINHO, Santo. A cidade de Deus. Trad. Oscar Paes Leme. Petrópolis: Vozes, 1999.

AVERY, Michael. Reports and Analyses on Statecraft and Global Shifts. Rabobank. Disponível em: https://www.rabobank.com. Acesso em: 11 jun. 2025.

BURKE, Edmund. Reflexões sobre a Revolução em França. São Paulo: Martins Fontes, 2002.

HOBSBAWM, Eric. A era dos extremos: o breve século XX (1914-1991). São Paulo: Companhia das Letras, 1995.

LEÃO XIII. Rerum Novarum. Vaticano, 1891. Disponível em: https://www.vatican.va. Acesso em: 11 jun. 2025.

MARITAIN, Jacques. O homem e o Estado. São Paulo: Paulus, 2005.

MUSSOLINI, Benito. A doutrina do fascismo. Roma: Il Minervale, 1932.

SANTO TOMÁS DE AQUINO. Suma Teológica. Trad. Alexandre Corrêa. São Paulo: Loyola, 2001.

A Bíblia Sagrada: tradução da Vulgata latina em português. São Paulo: Ave Maria, 2011.

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