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quarta-feira, 4 de junho de 2025

🏛️ Do Barro Limpo ao Barro Barroso: o horror metafísico segundo Leszek Kołakowski e a realidade jurídico-política brasileira

 ✍️ Introdução

Na tradição filosófica cristã, o barro sempre foi metáfora da criação: Deus molda o homem do barro limpo, símbolo da matéria pronta para ser ordenada segundo o Ser, o Bem e a Verdade. Contudo, há outro barro: o barro sujo, aquele que não provém da terra fértil, mas dos dejetos — o excremento, o lixo, o resultado da corrupção da matéria.

É sobre esse barro sujo — aqui denominado barro barroso — que se debruça este artigo, tomando como ponto de partida a obra de Leszek Kołakowski, notável filósofo polonês que desmascarou, como poucos, o horror metafísico do niilismo moderno.

No contexto jurídico e político brasileiro, a metáfora se corporifica no ativismo judicial, cuja figura emblemática é o ministro Luiz Roberto Barroso, do STF. Este não modela no barro limpo da lei natural, da ordem metafísica, mas no barro sujo da engenharia social, da manipulação semântica e da ditadura dos afetos.

🏺 O Barro Limpo e o Barro Sujo: uma dialética ontológica

🔹 O Barro Limpo — Matéria da Criação

O barro limpo representa a matéria-prima da Criação, participando do Ser. É símbolo da maleabilidade subordinada à ordem ontológica e teleológica. Deus molda o barro limpo para gerar aquilo que reflete Seu Logos:

  • O homem como imago Dei.

  • A justiça como adequação à verdade do ser.

  • A lei como expressão da ordem moral natural.

🔸 O Barro Sujo — Matéria da Contra-Criação

O diabo não cria; ele imita, distorce, corrompe. Quando não encontra barro limpo, fabrica o seu próprio barro — não da terra fértil, mas dos dejetos, do lixo moral, do excremento espiritual e social. Este barro sujo é a matéria da contra-criação:

  • Produz simulacros da justiça.

  • Fabrica "direitos" que negam a própria natureza humana.

  • Faz da lei um instrumento de dominação, não de justiça.

📚 O Horror Metafísico em Kołakowski

Leszek Kołakowski, especialmente em sua obra "Se Deus não existe…", argumenta que a cultura moderna, ao abdicar de Deus, perde também a distinção essencial entre o bem e o mal, o justo e o injusto.

🗣️ "O niilismo moderno não é uma ausência de crenças; é a crença de que todas as crenças são arbitrárias, e que, portanto, qualquer coisa pode ser construída a partir de nada."

Quando a ordem jurídica abandona seu enraizamento na ordem metafísica, surge o horror metafísico: uma realidade onde leis são moldadas como esculturas feitas de excremento — polidas, douradas, sofisticadas, mas cujo odor pestilento não pode ser disfarçado.

🏛️ Barroso: Entre o Bachoso Carioca e o Mais Puro Barro Sujo

No plano da fonética carioca, surgiu a curiosa observação: “Bach” e “bar” são homônimos. Assim, por extensão humorística e trágica, “Barroso” pode ser lido como “Bachoso” — mas não no sentido da harmonia musical do mestre barroco, e sim como expressão dissonante do barro sujo.

⚖️ O Barroso Bachoso é aquele que:

  • Se apresenta como compositor de uma nova ordem, porém sua partitura é escrita não sobre o pentagrama da lei natural, mas sobre as pautas rasgadas da engenharia social.

  • Constrói decisões que parecem melodias de progresso, mas cujos acordes são dissonâncias do niilismo jurídico.

💩 O Barroso de Barro Sujo é aquele que:

  • Abandona o barro da Criação (a lei natural, a objetividade, a justiça) e opta conscientemente por modelar no barro dos dejetos culturais — ideologias, ressentimentos, relativismos.

  • Produz uma estética jurídica enganosa: bela por fora, pútrida por dentro.

 🗺️ Quadro Conceitual

Eixo Barro Limpo Barro Sujo (Barro Barroso)
Ordem Ontológica Participação no Ser, Criação, Verdade Contra-criação, negação do Ser, simulacro
Agente Modelador Deus — Logos Diabo — Anti-Logos
Finalidade Bem, Beleza, Verdade, Justiça Paródia, Distorção, Mentira, Manipulação
Expressão Jurídica Direito natural, Justiça objetiva Ativismo judicial, Engenharia social
Resultado Espiritual Santificação, Ordem, Civilização Corrupção moral, Desordem, Barbárie
Síntese Filosófica Cosmos — Ordem Caos — Desordem

 📜 Verbete Enciclopédico Proposto:

🔍 Barro Barroso (Substantivo Filosófico e Crítico)

  • Definição: Matéria simbólica oriunda da corrupção da ordem natural e da engenharia social contemporânea. Designa as produções jurídicas, culturais e políticas que se apresentam como ordem, mas são fabricadas a partir da desordem, do niilismo e da mentira.

  • Origem: Crítica à atuação de ministros do Supremo Tribunal Federal, especialmente Luiz Roberto Barroso, cuja prática jurídica é entendida como fabricação de simulacros normativos.

  • Contexto Filosófico: Relaciona-se à crítica de Leszek Kołakowski ao horror metafísico do niilismo moderno.

🔥 Epílogo Kołakowskiano Aplicado ao Brasil:

"Deus molda do barro limpo, mas o diabo, quando não encontra barro, fabrica o seu — dos dejetos da privada."

É exatamente esse barro que hoje forma os alicerces de parte do Judiciário brasileiro. Não mais barro de criação, mas barro barroso — sujo, tóxico, ontologicamente degenerado.

Enquanto não restaurarmos o barro limpo da verdade, da lei natural e da ordem transcendente, o Brasil continuará sendo governado não por construtores, mas por oleiros do esgoto, cujas obras são belas nas vitrines da mídia, mas pestilentas aos olhos de Deus.

📚 Bibliografia Essencial

  • Kołakowski, Leszek. Se Deus não existe.... Lisboa: Gradiva, 2006.

  • Kołakowski, Leszek. Main Currents of Marxism: Its Rise, Growth and Dissolution. Oxford University Press, 1978.

  • Kołakowski, Leszek. Horror Metaphysicus. Penguin Books, 1988.

  • Pieper, Josef. Abuso da Linguagem, Abuso do Poder. São Paulo: É Realizações, 2013.

  • Pieper, Josef. Las Virtudes Fundamentales. Madrid: Rialp, 1981.

  • Lewis, C.S. A Abolição do Homem. São Paulo: Martins Fontes, 2005.

  • Lewis, C.S. Cartas de um Diabo a seu Aprendiz. São Paulo: Thomas Nelson Brasil, 2008.

  • Gurgel, Rodrigo. Escrever Melhor. São Paulo: Contexto, 2013.

  • Olavo de Carvalho. O Jardim das Aflições. Rio de Janeiro: Record, 1995.

  • Olavo de Carvalho. O Imbecil Coletivo. Rio de Janeiro: Diadorim, 1996.

  • Santo Tomás de Aquino. Suma Teológica. Trad. Frei Pedro Mesquita. São Paulo: Loyola, 2000.

  • Gilson, Étienne. O Realismo Metafísico. São Paulo: Martins Fontes, 2007.

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