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sábado, 7 de junho de 2025

Por que Lula não salvará Alexandre de Moraes: o cálculo político por trás da ruptura institucional

 O cenário político brasileiro atual, marcado por alianças instáveis e conflitos de bastidores, tem como figura central o embate entre setores do Judiciário e os núcleos de poder do Executivo. Nesse contexto, o jornalista Allan dos Santos aponta uma possível ruptura: segundo ele, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não está disposto a sustentar o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), diante da crescente pressão internacional e das consequências políticas internas.

A função cumprida e o descarte calculado

Segundo Allan dos Santos, Moraes já não é mais necessário para o governo Lula. A razão é clara: com Jair Bolsonaro fora da presidência e a oposição fragilizada após os eventos do 8 de janeiro, o papel de Moraes como peça-chave no combate ao bolsonarismo radical estaria cumprido. A estabilidade desejada pelo governo petista já foi alcançada — pelo menos no que diz respeito ao processo eleitoral — e, por isso, Moraes torna-se um ativo político descartável.

A manutenção de um aliado que carrega em sua bagagem acusações de abuso de poder e conivência com medidas autoritárias representaria um custo alto demais para Lula, especialmente diante do cenário internacional cada vez mais sensível às violações de direitos civis.

A pressão externa e o fantasma da Lei Magnitsky

Allan dos Santos também destaca a crescente tensão com os Estados Unidos, especialmente em torno da Lei Magnitsky — uma legislação norte-americana que permite sanções contra autoridades estrangeiras envolvidas em corrupção ou violações de direitos humanos. Ele afirma que Moraes tornou-se alvo potencial dessa lei, o que ameaça arrastar para o centro da crise outros nomes históricos da política brasileira, inclusive figuras ligadas ao PSDB como Paulo Preto e José Serra.

Essa teia de conexões compromete não apenas a imagem do Judiciário, mas também coloca em risco os interesses diplomáticos do governo brasileiro, sobretudo quando se trata de manter relações estratégicas com os EUA em um momento geopolítico delicado.

A aliança instável entre PT e PSDB

Um dos pontos mais provocadores da análise de Allan dos Santos é a contradição entre a narrativa pública e a realpolitik nos bastidores: defender Moraes, segundo ele, implicaria o PT mobilizar sua estrutura para proteger o PSDB — um partido que historicamente foi seu rival. Essa aliança, selada por conveniência durante a perseguição a Bolsonaro, é agora insustentável diante das exigências ideológicas e pragmáticas do PT.

Lula, portanto, estaria diante de um dilema: ou defende Moraes e herda os escombros políticos e jurídicos que isso traria, ou o descarta, reconhecendo que seu papel estratégico se esgotou.

A memória de Zavascki e o medo da retaliação

A parte final do discurso de Allan dos Santos mergulha em tons dramáticos ao evocar o nome do ministro Teori Zavascki, morto em um acidente aéreo suspeito após decisões desfavoráveis ao PT. Allan dos Santos sugere que ministros do STF já entenderam o recado: confrontar o poder petista pode ter consequências graves.

Nesse ponto, sua crítica torna-se mais contundente contra aqueles que tentam estabelecer uma falsa equivalência entre os chamados "radicais de direita" e "radicais de esquerda". Para ele, essa simetria é um artifício retórico que mascara a gravidade dos atos atribuídos a grupos ligados à esquerda, que ele associa a sequestros, terrorismo e narcotráfico.

Conclusão: o fim de uma aliança e o início de outra crise

A análise de Allan dos Santos revela uma leitura estratégica dos movimentos recentes no tabuleiro político nacional. Segundo ele, Lula está prestes a abandonar Alexandre de Moraes porque manter essa aliança não traz mais vantagens práticas e, ao contrário, ameaça abrir novas frentes de crise.

Nesse jogo de sobrevivência e poder, alianças são construídas com data de validade. O ministro que outrora se sentiu semideus pode descobrir, em breve, que seus aliados de ontem estão dispostos a sacrificá-lo em nome de uma nova estabilidade.

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