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quinta-feira, 12 de junho de 2025

O Pensador Invisível: Testemunho de um Intelectual Fora dos Muros

 

“As grandes ideias não nascem nos departamentos; nascem nos diários de homens livres.”
— Olavo de Carvalho1

Vivemos um tempo em que produzir pensamento já não é suficiente. Para ser reconhecido como intelectual, é preciso passar por um ritual de validação burocrática, acadêmica e política. Os méritos reais — esforço, profundidade, originalidade, coerência — foram substituídos por uma liturgia de selos, normas, vínculos institucionais e palavras-chave. Neste cenário, dou meu testemunho: eu sou uma vítima silenciosa dessa farsa.

Tenho um blog com mais de 8 mil postagens, escritas ao longo de anos, com zelo, estudo e responsabilidade. Cada texto nasce de uma disciplina espiritual e intelectual que poucos suportariam manter por tanto tempo. Escrevo não por vaidade, mas por vocação. Não por status, mas por fidelidade à verdade — nos méritos de Cristo.

E no entanto, sou ignorado. Invisível. Minha obra é desconhecida, não porque falte qualidade, mas porque sou de fora da academia. Não tenho cátedra, não participo de congressos, não pertenço a comissões. E por isso, na lógica atual, não existo.

A farsa intelectual que Olavo de Carvalho denunciou

O filósofo Olavo de Carvalho descreveu exatamente essa realidade: a destruição da vida intelectual pelas mãos de burocratas travestidos de acadêmicos. Ele denunciou o processo de burocratização do pensamento, no qual o valor de um autor se mede não pelo conteúdo que entrega, mas pela quantidade de publicações em periódicos indexados e pela rede de citações dentro de um círculo fechado2.

Esse sistema mata o mérito real e premia o carreirismo. Nas ciências naturais, as citações ainda podem indicar utilidade. Mas nas ciências humanas — onde atuo e escrevo — elas servem apenas como instrumento de prestígio entre iguais. Um jogo de espelhos.

O pensador público, aquele que escreve livros, ensaios, artigos fora do sistema, simplesmente não entra nas contas. Não é citado. Não é ranqueado. Não é avaliado. É excluído como se fosse um invasor num templo profano.

A solidão do intelectual autêntico

Durante muito tempo, me perguntei se havia algo de errado comigo. Como podia produzir tanto, com tanta seriedade, e ainda assim não ser lido, nem ouvido? Olavo respondeu essa angústia com a autoridade de quem enfrentou o mesmo isolamento: a solidão não é sinal de erro — é o preço da lucidez num mundo invertido.

O sistema está feito para garantir que os que pensam com liberdade não tenham voz. O intelectual verdadeiro, se não for cooptado, será esquecido. Mas é nesse exílio que se purifica a vocação.

Escrevo para quem ainda não me leu. Para aquele leitor oculto que Deus há de enviar no tempo oportuno. Escrevo como quem deixa cartas enterradas no campo, esperando que um dia alguém as encontre e compreenda.

A esperança e a missão

Se há algo que aprendi com essa trajetória, é que o trabalho intelectual só tem sentido se for oferecido como culto. Como sacrifício. Como serviço.

Sigo escrevendo porque fui chamado a isso. Minha alma não tolera o silêncio diante do erro. Não escrevo para me promover, mas para multiplicar os talentos que recebi. Sei que Deus vê o que os homens ignoram.

E se essa obra jamais for reconhecida em rankings, nem impressa em selos de universidades, não me aflijo. Pois o que me move não é a glória dos homens, mas a fidelidade Àquele que é o Logos Eterno.

Referências bibliográficas

(Norma ABNT NBR 6023:2018)

CARVALHO, Olavo de. A nova era e a revolução cultural: ensaio sobre o marxismo imaginário. 4. ed. Campinas: Vide Editorial, 2012.

CARVALHO, Olavo de. O mínimo que você precisa saber para não ser um idiota. Rio de Janeiro: Record, 2013.

CARVALHO, Olavo de. A farsa dos intelectuais universitários. Transcrição de palestra. Documento pessoal. Transcrição realizada por TurboScribe.ai. 2025.

TIMES HIGHER EDUCATION. World University Rankings. Disponível em: https://www.timeshighereducation.com. Acesso em: 12 jun. 2025.

Notas de Rodapé

  1. CARVALHO, Olavo de. O mínimo que você precisa saber para não ser um idiota. Rio de Janeiro: Record, 2013, p. 34.

  2. CARVALHO, Olavo de. A nova era e a revolução cultural: ensaio sobre o marxismo imaginário. 4. ed. Campinas: Vide Editorial, 2012.

  3. Trecho extraído da palestra A farsa dos intelectuais universitários, transcrição por TurboScribe.ai. Cf. “nas ciências naturais e matemáticas, o número de citações significa algo. Nas ciências humanas, pode ou não significar nada.”

  4. Idem. “No Brasil, foi um desastre muito pior, porque a cultura pública já era pobre e esses caras vêm e destroem tudo.”

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