“O currículo não é um registro de tudo o que você já fez — é um documento de marketing para o trabalho que você quer.” Essa frase, publicada recentemente pela empresa Teal, sintetiza uma mudança essencial na forma como devemos pensar sobre nossa trajetória profissional: o currículo não é sobre o que você viveu, mas sobre aonde você quer chegar.
A Ilusão do Inventário
É comum que profissionais, ao elaborarem seus currículos, tentem listar tudo o que já fizeram: cargos ocupados, todas as tarefas desempenhadas, cursos realizados, premiações recebidas. Essa abordagem faz parecer que estamos “vendendo” mais, quando na verdade podemos estar apenas criando ruído.
O excesso de informações dilui o foco e torna o currículo genérico. Ele se transforma em um inventário — útil para fins burocráticos, talvez, mas ineficaz como argumento de venda para uma vaga específica.
O currículo como documento de marketing
Assim como em uma campanha publicitária, o currículo deve destacar o que é mais relevante para o público-alvo. E nesse caso, o público é o recrutador — alguém que procura alguém para resolver um problema específico na organização. Portanto, o que importa não é tudo o que você já foi, mas o que você pode ser naquela função.
O objetivo do currículo é uma só coisa: ser convocado para uma entrevista. E para isso, ele precisa transmitir clareza, alinhamento e valor imediato.
Relevância é a nova regra
O maior erro de muitos candidatos é tentar impressionar com volume de realizações, quando o que realmente impressiona é a pertinência.
Isso exige uma mudança de postura: em vez de transmitir tudo, você precisa selecionar estrategicamente o que mostrar.
A pergunta-chave deixa de ser “o que eu já fiz de bom?” e passa a ser “o que dessa experiência serve para este cargo?”
Personalizar não é trabalho extra — é o trabalho
Essa mudança exige esforço, é verdade. Você precisará adaptar seu currículo para cada vaga, refletir sobre a descrição do cargo, entender o que é mais importante para a empresa e moldar sua apresentação com esse foco.
Mas esse esforço não é opcional. Como diz a publicação da Teal, “Tailoring isn’t extra work — it’s the work” (“Adaptar não é um trabalho extra — é o trabalho”). Em um cenário competitivo, currículos genéricos são ignorados. Os personalizados chamam atenção.
Como colocar isso em prática
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Leia atentamente a vaga: Quais habilidades são mencionadas com mais ênfase? Quais desafios o cargo parece envolver?
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Adapte seu resumo profissional: Destaque logo no início do currículo as qualidades e experiências mais relevantes para aquela vaga.
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Revise as descrições de cada cargo anterior: Enxugue as tarefas irrelevantes. Foque nas conquistas e responsabilidades que dialogam diretamente com o novo cargo.
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Use palavras-chave da vaga: Isso ajuda tanto na leitura humana quanto no filtro de sistemas automatizados (ATS).
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Seja breve, mas significativo: Um currículo de uma página bem focado vale mais que três páginas de dispersão.
Conclusão
Se você quer ser levado a sério por empresas que valem a pena, pare de se apresentar como alguém que “fez de tudo um pouco” e comece a se posicionar como alguém que resolve exatamente aquele problema.
Seu currículo deve ser uma resposta direta à pergunta silenciosa do recrutador: “Essa pessoa pode me ajudar?” — e, se bem construído, a resposta será clara: “Sim, e aqui está o porquê.”
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