Sou filho de professores. Cresci numa casa onde o saber não era ostentação, mas pão cotidiano: era pelo estudo que meus pais guiavam suas vidas e serviam aos outros. Talvez por isso, desde muito jovem, entendi que ensinar não é simplesmente transmitir conteúdo, mas formar inteligências e corações para a verdade. Embora nunca tenha sido professor em sala de aula, como meus pais foram, percebo hoje que recebi deles a herança mais nobre: o magistério da vida.
Meu caminho foi o da escrita. Trabalhei como escritor. E, se me permito recorrer às palavras de Olavo de Carvalho — a quem tive como referência e cujo ensino moldou boa parte da minha consciência cultural —, posso dizer que um escritor verdadeiro exerce o papel de professor de uma nação inteira. Não pelo poder de cargos, mas pelo poder da palavra bem ordenada, fiel à realidade, capaz de organizar o pensamento e reacender a luz da consciência nos que ainda desejam aprender.
Essa vocação ao ensino ganhou forma prática dentro da minha própria casa, especialmente após a morte do meu pai. Minha mãe, viúva, passou a contar comigo para tarefas que, aos olhos de muitos, pareceriam burocráticas: assessorei sua declaração de imposto de renda, cuidei da organização do inventário, ajudei nas compras do supermercado, e mais — introduzi-a no mundo das milhas e do cashback, mostrando-lhe como transformar pontos em dinheiro. De conselheiro doméstico, fui naturalmente elevado à condição de sócio, tamanha a confiança e a constância com que atuei. A autoridade não me foi dada por mando, mas por serviço.
Essa experiência, que para mim foi um prolongamento natural do mandamento “Honra teu pai e tua mãe”, me preparou para outra missão: a de ser esposo e professor no lar. Sei que, quando me casar, minha futura esposa — seja polonesa ou ucraniana — não encontrará apenas um marido, mas um mestre. Não um mestre autoritário, mas alguém chamado a ensinar com amor: a minha língua, a história e as leis do Brasil, os fundamentos do sistema político, a arte de economizar com sabedoria, e até mesmo os segredos da cultura do cashback.
Muitas dessas mulheres jovens me escolhem, justamente, pelo meu jeito professoral. Não porque eu imponha esse papel, mas porque ele se impõe naturalmente — pelo modo como explico, como organizo as coisas, como me responsabilizo. Este magistério doméstico será, no casamento, uma forma de serviço, uma extensão da minha vocação original: ensinar para libertar, ordenar para amar, servir para santificar.
Hoje compreendo que o professor não é apenas quem ocupa uma cátedra. Professor é aquele que, nos méritos de Cristo, assume o dever de guiar, esclarecer, sustentar. No fundo, é aquele que ama a verdade a ponto de dá-la ao outro como um dom — e que ama o outro o bastante para conduzi-lo até a verdade.
Assim, sigo o meu caminho. Não com um quadro-negro à frente, mas com a alma aberta à missão. O mundo é minha sala de aula. Minha família é meu primeiro auditório. E minha futura esposa será minha melhor aluna, minha companheira de jornada, e minha sócia no magistério da vida — nos méritos de Cristo, por Ele e para Ele.
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