Pesquisar este blog

domingo, 1 de junho de 2025

2025: o ano em que virei sócio da minha mãe

O ano de 2025 começou, para mim, com um daqueles acontecimentos que mudam tudo. Meu pai faleceu em janeiro. E com sua partida, não se foi apenas um ente querido — foi-se também uma parte da estrutura da nossa família, especialmente no que diz respeito à administração da casa, das finanças e dos pequenos grandes detalhes da vida cotidiana, que muitas vezes só percebemos quando já não estão mais sendo feitos.

De repente, me vi não apenas como filho, mas como parceiro, conselheiro e, em muitos aspectos, sócio da minha mãe.

A Travessia

O luto não dá escolha. Ou você se entrega a ele de modo paralisante, ou atravessa, trabalhando. E atravessar, no nosso caso, significou reorganizar a vida. Começamos pelas questões mais objetivas: fazer a declaração de imposto de renda, revisar contratos, entender documentos, atualizar cadastros e enfrentar aquele universo burocrático que, quando não se domina, se torna fonte de ansiedade e insegurança.

Se meu pai era quem naturalmente cuidava dessas coisas, agora era preciso que alguém assumisse esse papel, e eu, com naturalidade, tomei essa responsabilidade para mim.

A Educação Financeira em Casa

Mas não ficou só nisso. Uma vez dentro dos números, percebi que havia muito espaço para otimizar a vida financeira da minha mãe. Ensinei a ela como funcionam os programas de fidelidade, como transformar pontos de cartão de crédito em milhas, e, mais importante, como converter essas milhas em dinheiro real.

Coisas que, até pouco tempo atrás, ela olhava como algo distante, meio complicado ou simplesmente irrelevante, passaram a fazer parte do nosso vocabulário cotidiano. E foi aí que me dei conta: nossa relação tinha assumido um novo patamar.

De filho, me tornei também sócio. Sócio no sentido mais profundo do termo: compartilhamos responsabilidades, planos, preocupações e estratégias. Não se trata de explorar, nem de controlar. Trata-se de cooperar, de construir juntos uma nova ordem para a vida, onde o saber de um complementa a necessidade do outro.

O Supermercado Como Escola de Estratégia

Até as idas ao supermercado se tornaram parte de um exercício de inteligência financeira. No começo do ano, ajudava minha mãe nas compras do Supermercados Princesa, onde adotamos a estratégia de fidelização: cada compra gerava pontos, que, acumulados, poderiam ser revertidos em uma compra inteira sem custo — desde que permanecêssemos fiéis à rede.

Para frutas, verduras e hortaliças, nossa escolha era sempre o Hortifruti, buscando qualidade e frescor. A logística era simples e eficiente: fazíamos os pedidos e as entregas chegavam diretamente em casa, através de entregadores locais.

Mas não parava por aí. Todas as notas fiscais das compras eram cadastradas no Méliuz, gerando um pequeno, porém constante, cashback em reais. Quando o Joyz, novo programa de pontos do Méliuz, foi lançado, cada real gasto começou a valer cinco Joyz. Ainda é um programa em construção — as lojas que me interessam, como a Amazon brasileira, ainda não estão integradas —, mas é o tipo de semente que, plantada agora, pode render bons frutos no médio e longo prazo.

Essa dinâmica de consumo inteligente passou a ser parte do nosso cotidiano. Não é sobre obsessão por descontos. É sobre entender que, no jogo da vida, informação, disciplina e estratégia são tão importantes quanto dinheiro.

Resolvendo a Sucessão — O Peso da Responsabilidade e a Liberdade que Ela Gera

Mas 2025 não foi apenas o ano de reorganizar o dia a dia. Foi também o ano em que colocamos em ordem a sucessão do meu pai. Com serenidade, diálogo e responsabilidade, resolvemos tudo: meu pai deixou um apartamento e um carro. Minha mãe ficou com o carro. O carro e a moto - que está no nome dela -,  serão vendidos e a vaga da garagem será alugada para algum condômino do condomínio onde moramos.

Eu e meu irmão Gregório ficamos com a propriedade em conjunto do apartamento em que eu e mamãe moramos, algo que, mais do que um patrimônio, representa também um símbolo da responsabilidade que agora assumimos como geração que avança.

E não paramos aí. Aproveitamos esse movimento para também antecipar a sucessão da minha mãe. Ela tem hoje 75 anos, está bem de saúde — graças a Deus —, mas, realisticamente, sabemos que o tempo não volta. E há uma sabedoria profunda em preparar a transição das coisas enquanto ainda há lucidez, diálogo e afeto.

Organizar isso agora não é apenas um ato administrativo. É um gesto de amor, de cuidado, de responsabilidade. É garantir que, quando chegar a hora, não haverá espaço para confusões, disputas, nem para aquele tipo de mágoa que nasce quando as coisas não são tratadas no tempo certo.

Uma Nova Aliança Familiar — E Seu Reconhecimento

No fundo, tudo isso não é apenas sobre dinheiro. É sobre assumir responsabilidade. É sobre honrar pai e mãe, não só no discurso, mas no gesto prático, concreto e diário. É sobre entender que, na ausência de quem partiu, o que deve ficar é uma rede de apoio que se constrói com amor, inteligência, trabalho e senso de dever.

E como toda boa sociedade — justa e equilibrada — também há reconhecimento. Neste dia 2 de junho de 2025, além da doação habitual de R$ 100,00 que recebo mensalmente como sinal de cuidado e apoio, receberei também uma recompensa extraordinária de R$ 400,00, fruto direto da ajuda que dei à minha mãe no processo do imposto de renda e na reorganização da vida financeira da família.

Não é sobre dinheiro, e ao mesmo tempo, é também sobre ele — como sinal concreto de que o amor, quando se traduz em trabalho, merece ser também materialmente reconhecido.

2025, para mim, não foi apenas um ano de perdas. Foi o ano em que eu e minha mãe nos tornamos sócios na vida. Aprendemos, juntos, que até no luto há espaço para criar, para transformar e para construir algo novo — mais forte, mais consciente e mais livre.

E talvez seja esse, no fundo, o verdadeiro sentido da palavra herança.

Nenhum comentário:

Postar um comentário