Na minha vida intelectual e moral, sempre me predispus a escutar quem discorda de mim — desde que o faça com respeito, honestidade e com o desejo sincero de construir ou buscar a verdade. É o que aprendemos nas boas práticas do Direito: ao discordar, usamos fórmulas de cortesia como "se me permite discordar, gostaria de apontar tal ponto, que me parece impreciso por esta ou aquela razão". Essa forma de dizer já sinaliza que se trata de uma alma capaz de dialogar, não de impor.
Quando encontro alguém assim, paro, ouço e, se a pessoa estiver com a razão, concordo com humildade. A verdade tem primazia sobre qualquer vaidade pessoal. Contudo, nas redes sociais, esse espírito parece ausente. Muitas vezes o que recebo é apenas um “discordo” — seco, imperativo, desprovido de argumento. Um "discordo" que já não soa como opinião, mas como ordem, como ataque, como negação da legitimidade do que digo sem sequer compreendê-lo.
Quando isso acontece, parto do pressuposto de que minhas palavras feriram não a verdade, mas algo que a pessoa conserva como conveniente — e, justamente por isso, dissociado da verdade. Só pela atitude, já perco o interesse. Não quero sequer ouvir o argumento. Apago, bloqueio, retiro do convívio — não por vaidade, mas por zelo à integridade do que carrego em mim e ofereço em minhas palavras.
Recentemente, uma moça de Brasília me perguntou por que eu postava fotos antigas e não novas de mim mesmo. Respondi com aquilo que acredito:
"Se você gostar da minha versão mais jovem, você gostará da minha versão mais velha. Posso ter perdido um pouco de cabelo, posso ter engordado, mas na essência continuo a mesma pessoa. Como essas coisas são belas, Deus as cobre com um véu — e só uma mulher digna pode descortinar esse véu nos méritos de Cristo."
Ela respondeu apenas: "discordo". E, como consequência, foi bloqueada.
Não por causa da discordância em si, mas porque quem responde com um "discordo" assim não busca a verdade, apenas se impõe. Quem age assim não compreende que há véus que não se levantam com a força da opinião, mas apenas com a reverência da dignidade.
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