O Poder Invisível das Redes: como a geopolítica das conexões humanas explica a escolha do novo Papa

Em maio de 2025, enquanto o mundo especulava sobre quem sucederia o Papa Francisco, três pesquisadores da Universidade Bocconi — Giuseppe Soda, Alessandro Iorio e Leonardo Rizzo — publicaram um estudo que antecipava o nome do novo Papa. Utilizando análise de redes sociais, eles identificaram o cardeal Robert F. Prevost como o mais bem posicionado no intricado sistema de relações do Vaticano. De fato, Prevost foi eleito, adotando o nome de Papa Leão XIV.arXiv

Esse episódio ilustra o impacto da geopolítica das conexões humanas, uma abordagem que combina geografia humana e análise de redes para entender como relações interpessoais e institucionais moldam decisões de poder em escala global.

A Geopolítica das Conexões Humanas

Tradicionalmente, a geopolítica focava em territórios e recursos. Hoje, as redes de relações humanas — formais e informais — desempenham papel crucial na distribuição de poder. Compreender quem se conecta com quem, e como essas conexões influenciam decisões, é essencial para entender dinâmicas políticas, econômicas e sociais contemporâneas.

O Estudo da Universidade Bocconi

No estudo "In the Network of the Conclave: Social Network Analysis and the Making of a Pope" , os autores mapearam três tipos de conexões entre os cardeais:arXiv

1. Relações institucionais: co-participação em comissões e conselhos do Vaticano.

2. Ordenação apostólica: vínculos espirituais de consagração entre cardeais.

3. Conexões informais: afinidades ideológicas e experiências compartilhadas.

Aplicando métricas de análise de redes — centralidade, intermediação e coesão — identificaram Prevost como o mais influente na rede, apesar de ser considerado um azarão por analistas tradicionais.

Implicações Mais Amplas

Esse caso demonstra que, em ambientes complexos, as redes de relações podem ser mais determinantes que fatores tradicionais como idade ou nacionalidade. A análise de redes oferece uma lente poderosa para entender como o poder é distribuído e exercido em diversas esferas, desde instituições religiosas até corporações e governos.

Bibliografia Essencial

Para aprofundar o entendimento sobre o tema, recomenda-se a leitura dos seguintes trabalhos:

• Soda, G., Iorio, A., & Rizzo, L. (2025). In the Network of the Conclave: Social Network Analysis and the Making of a Pope. arXiv preprint arXiv:2505.17635.arXiv

• Fronczak, P., Fronczak, A., & Holyst, J. A. (2006). Publish or perish: analysis of scientific productivity using maximum entropy principle and fluctuation-dissipation theorem. arXiv preprint physics/0606190.arXiv

• Barabási, A.-L. (2002). Linked: The New Science of Networks. Perseus Publishing.

• Castells, M. (1996). The Rise of the Network Society. Blackwell Publishers.

• Granovetter, M. (1973). The Strength of Weak Ties. American Journal of Sociology, 78(6), 1360–1380.

Essas obras fornecem fundamentos teóricos e estudos de caso sobre como as redes influenciam estruturas de poder e decisões em diversos contextos.