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sábado, 24 de maio de 2025

18 de Maio: um feriado na alma — o dia em que a Divina Providência tocou a História

Há datas no calendário que transcendem o simples correr dos dias. São marcos que se tornam eternos, não porque estejam inscritos nos livros oficiais, mas porque estão gravados nas tábuas do coração humano, na memória da Igreja e no pulsar da história da salvação. Para mim, 18 de maio é uma dessas datas — um verdadeiro feriado na alma, celebrado tanto no Brasil quanto na Polônia, não importa onde eu esteja.

O nascimento de um santo para o mundo

No dia 18 de maio de 1920, em Wadowice, uma pequena cidade da Polônia, nasceu Karol Józef Wojtyła, aquele que o mundo conheceria mais tarde como São João Paulo II. Sua vida se tornaria um testemunho luminoso de coragem, fé, sacrifício e amor pela humanidade. Um homem moldado pela cruz e que, a partir dela, iluminou o século XX e as primeiras décadas do século XXI.

São João Paulo II não foi apenas um papa polonês. Foi um gigante espiritual, um apóstolo incansável da verdade, da dignidade humana e da liberdade dos povos. Sua biografia é, em muitos aspectos, a biografia da luta de todo homem que não aceita se submeter às tiranias deste mundo, sejam elas políticas, ideológicas ou espirituais.

Quando a Divina Providência cria encontros inesquecíveis

O dia 18 de maio, no entanto, carrega um peso ainda mais especial para mim. Além de celebrar o nascimento desse grande santo, também celebro o nascimento de meu pároco — um homem que, como João Paulo II, consagrou sua vida inteiramente a Deus.

Mas o mistério não para aí. Foi justamente no dia 18 de maio de 1975 que, pelas mãos do então Arcebispo de Cracóvia, Cardeal Karol Wojtyła, meu pároco, Mons. Jan Kaleta, foi ordenado sacerdote, no dia do aniversário dele (ele nasceu em Rabka, a 18 de maio de 1950). Sob o olhar amoroso da Virgem Negra de Czestochowa e no seio de uma Polônia que ainda sofria sob o jugo comunista, um novo sacerdote foi configurado a Cristo, pelo ministério daquele que, poucos anos depois, seria eleito Sucessor de Pedro.

Uma herança que transcende as fronteiras

O que poderia parecer uma simples coincidência, para quem tem olhos da fé, revela-se como um delicado bordado da Providência. O nascimento e a ordenação no mesmo dia, pelas mãos de um santo, é um selo divino sobre uma vocação sacerdotal que não pertence apenas a uma pessoa ou a uma comunidade, mas à própria Igreja Universal.

Por isso, eu afirmo sem hesitação: para mim, 18 de maio é feriado — seja no Brasil, seja na Polônia. É um dia de parar, refletir, agradecer, celebrar. Um dia de honrar tanto São João Paulo II quanto aquele que, pelas suas mãos, foi inserido para sempre na linhagem sacerdotal de Cristo.

Quando o Céu toca a Terra

Em um mundo cada vez mais apressado e esquecido de seus próprios fundamentos, cultivar a memória dos dias santos — mesmo que não estejam no calendário civil — é um ato de resistência espiritual. É afirmar que há coisas que valem mais do que o funcionamento ordinário da vida. É reconhecer que o Céu, de vez em quando, toca a Terra e deixa nela marcas que jamais se apagarão.

18 de maio não é, para mim, apenas uma lembrança. É um sacramento da história. É um memorial da ação concreta de Deus na vida dos homens. É o dia em que a luz venceu as trevas, em que a esperança venceu o medo, e em que um santo soprou sobre o mundo uma nova primavera espiritual.

E assim, todos os anos, onde quer que eu esteja, o sino da minha alma toca mais forte neste dia. "Nie lękajcie się!" — "Não tenhais medo!", como dizia João Paulo II. Não temos medo de dizer: 18 de maio é feriado no meu coração. E, se Deus quiser, também o será no coração de todos os que reconhecem a beleza e o poder desse dia.

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