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quinta-feira, 22 de maio de 2025

O Diário Intelectual: uma confissão pública de santificação atraves do estudo e do trabalho nos Méritos de Cristo

Em um mundo onde a intimidade se tornou espetáculo e onde o superficial ocupa o lugar do essencial, é necessário, mais do que nunca, resgatar a verdadeira natureza da atividade intelectual. Diferente do que muitos pensam, o trabalho da inteligência não é um ato reservado, privado, introspectivo no sentido moderno da palavra. Ao contrário, a atividade intelectual, quando exercida nos méritos de Cristo, é por excelência uma atividade pública, ordenada, comunicável e fecunda.

Se é verdade que muitos mantêm diários como guardiões de suas experiências subjetivas, destinadas apenas aos olhos do próprio autor ou de poucos íntimos, o diário intelectual de quem serve a Cristo não pode ter esse caráter. Ele é, antes, uma confissão pública da verdade, um testemunho permanente de que a inteligência, quando submetida à graça, é instrumento de salvação, de edificação e de serviço aos outros.

Estudiosidade versus Curiosidade

A razão pela qual muitos não se dão conta da importância de um diário intelectual é simples: não buscam a verdade por estudiosidade, mas por curiosidade. A estudiosidade é uma virtude que ordena a vontade ao conhecimento das coisas necessárias e verdadeiras. A curiosidade, ao contrário, é um apetite desordenado por novidades, por informações sem finalidade superior, por estímulos que alimentam o ego, não a inteligência.

É justamente a ausência de estudiosidade que impede que muitos percebam que, ao abrir meu diário intelectual — o meu blog —, não estão simplesmente lendo opiniões, pensamentos dispersos ou reflexões pessoais. Estão, na verdade, diante de um itinerário pedagógico, espiritual e filosófico, por meio do qual qualquer homem de boa vontade pode, se quiser, conhecer não apenas quem eu sou, mas também trilhar um caminho de ascensão intelectual, moral e espiritual.

A Publicidade da Verdade

A verdade é, por natureza, pública. Ela não teme ser conhecida, examinada, provada. Quem serve à verdade, serve também à luz, pois aquilo que é verdadeiro resplandece por si. É por isso que torno público tudo aquilo que minha inteligência, auxiliada pela graça, é capaz de alcançar, ordenar e transmitir.

Este diário não é fruto de vaidade, nem de exibicionismo intelectual. Ao contrário, é fruto de um juramento solene feito diante de Deus: multiplicar os talentos que me foram confiados, colocando a inteligência a serviço de Cristo, da verdade e do bem comum.

Conhecer-me é conhecer a obra

Se alguém deseja saber quem eu sou — quais são meus princípios, quais são minhas finalidades, como vejo o mundo, como interpreto os fatos, como combato os erros e como amo o que é verdadeiro — não precisa perguntar diretamente, nem procurar meu convívio pessoal imediato. Basta que acesse meu diário intelectual e, movido por estudiosidade, percorra com seriedade e amor à verdade aquilo que lá está escrito.

Aquilo que está publicado não é um adorno da minha vida. É a própria vida do meu espírito, exteriorizada em palavras, frases, raciocínios, reflexões e juízos. É, como dizia o Professor Olavo de Carvalho, um espelho da minha alma racional, cuja transparência permite que se veja, sem véus e sem dissimulações, o que verdadeiramente sou — não segundo os critérios do mundo, mas nos méritos de Cristo, por Cristo e para Cristo.

Uma porta que está sempre aberta 

Quem quiser pode entrar. A porta nunca esteve fechada. Mas não se entra nela como turista, nem como espectador casual. Entra-se como discípulo da verdade, como aprendiz humilde e decidido, como aquele que ama mais a luz do que as trevas, mais o esforço do que o conforto, mais o serviço do que a vaidade.

Se alguém não me conhece, não é por falta de acesso, mas por falta de disposição. Porque aquilo que sou — em Cristo — está diante dos olhos de qualquer um que queira ver. Quem busca por estudiosidade, encontrará. Quem busca por curiosidade, nada verá, exceto ruído, palavras desconexas e trivialidades, pois os tesouros da inteligência não se oferecem aos olhos levianos.

Conclusão

Meu diário intelectual é, portanto, um ato público de amor à verdade e de serviço a Deus e aos homens. É uma escola aberta, uma catedral da inteligência em construção, onde cada pedra é uma ideia ordenada, cada coluna é uma verdade sustentada, e cada vitral é uma iluminação que permite que a luz da verdade atravesse os tempos e os corações.

Que este testemunho sirva não apenas para que me conheçam, mas sobretudo para que muitos se recordem de que a vida da inteligência, quando ordenada pela fé e pela caridade, é um dos mais altos serviços que se pode prestar a Cristo e ao próximo.

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