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sábado, 24 de maio de 2025

Jornalismo Cultural como serviço a Cristo em terras distantes: uma missão derivada de Ourique

Há uma missão que transcende as fronteiras políticas, econômicas e linguísticas — uma missão que se enraíza no próprio sentido da História à luz da Providência: servir a Cristo em terras distantes, por Cristo, em Cristo e para Cristo. Foi esta a missão solenemente assumida em Ourique, quando D. Afonso Henriques, de joelhos diante de Cristo, recebeu não apenas uma coroa, mas um chamado eterno: alargar as fronteiras da fé, da cultura e da civilização cristã.

Esse espírito de Ourique não pertence apenas à História de Portugal, mas constitui um arquétipo da própria missão cristã no mundo: levar a luz do Verbo encarnado a todos os povos, não apenas pela pregação, mas pela construção de uma ordem social e cultural conforme a verdade, a beleza e o bem.

É nesse contexto que nasce um novo tipo de jornalismo, radicalmente distinto do jornalismo mundano, materialista e sensacionalista dos nossos tempos. Trata-se de um jornalismo cultural de caráter civilizacional e missionário, que não se limita a noticiar fatos, mas busca compreender os fenômenos culturais à luz da missão cristã no mundo.

Comparar é discernir: a pedagogia dos povos

Ao tomar, por exemplo, Polônia e Brasil como um mesmo lar em Cristo, por Cristo e para Cristo, emerge uma vocação jornalística que não é simplesmente cosmopolita — no sentido moderno e dissolvente —, mas profundamente enraizada na fraternidade sobrenatural que une os povos sob o senhorio de Cristo Rei.

Nesse movimento, tudo o que se ouve dos poloneses — sua cultura, seus dramas, suas virtudes e seus pecados — torna-se um espelho para refletir o Brasil, e vice-versa. A comparação não é mero exercício intelectual, mas um ato de discernimento espiritual e cultural. Ela permite avaliar se as práticas, os costumes e as estruturas de um povo estão ou não em conformidade com a ordem natural e divina.

Essa prática gera conhecimento, gera consciência e gera espírito crítico no sentido mais alto da palavra: um critério que não é subjetivo, nem relativista, mas enraizado no critério absoluto da verdade, que é o próprio Cristo.

O que nenhum jornalista faz

Esse trabalho, até aqui, nenhum jornalista faz. A imprensa moderna está cega — presa a análises rasteiras, a leituras economicistas, sociologizantes ou ideológicas. Quando olham para um povo estrangeiro, veem apenas números, estatísticas, escândalos ou exotismos.

O que se propõe aqui é diferente. É um jornalismo que pergunta:

  • O que este povo ama? E o que este povo rejeita?

  • De que maneira este amor e este repúdio estão conformes — ou desconformes — ao amor de Cristo?

  • Quais são os traços culturais que preservam a dignidade humana, e quais são os que a corrompem?

  • Que lições podem ser trocadas entre os povos, na edificação de um mundo mais conforme ao Reino de Deus?

O jornalismo como extensão da missão de Ourique

Assim como a missão de Ourique consistiu em alargar as fronteiras da Cristandade, primeiro pela espada, depois pela navegação e pela cultura, este jornalismo assume a tarefa de alargar as fronteiras da consciência cristã no mundo contemporâneo. E o faz não pela violência, mas pela palavra — pela análise criteriosa, pela exposição da verdade, pela comparação iluminada pela fé.

Este é, portanto, um jornalismo que não serve aos interesses do mercado, nem às vaidades acadêmicas, nem às ideologias. Ele serve a um Senhor: Cristo Rei.

E seu objetivo não é outro senão este:
“Fazer da verdade o fundamento da liberdade, e da liberdade um caminho de santificação pessoal e social.”

Conclusão

O jornalismo cultural, entendido assim, não é um mero ofício, mas uma extensão do próprio mandato evangélico. O jornalista, neste contexto, torna-se um soldado-cidadão do Reino de Deus, que, como os navegadores lusitanos de outrora, não se contenta com os limites do seu pequeno mundo, mas deseja conhecer, compreender e, se for da vontade de Deus, aperfeiçoar todas as coisas na verdade que liberta.

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