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sábado, 24 de maio de 2025

“Paulo, The Goon”: quando o nome vira uma crônica política internacional

Existe um velho ditado na cultura anglo-saxã que diz: “Names have power” — os nomes têm poder. Eles não são apenas identificadores, mas frequentemente se tornam símbolos, marcas, bandeiras ou, em certos casos, caricaturas involuntárias. E eis que surge, como um lampejo irônico da providência, o nome de Paulo Gonet, atual Procurador-Geral da República do Brasil, que na fonética inglesa abre caminho para um trocadilho de altíssima potência simbólica: “Paulo, the Goon”.

O poder do trocadilho na cultura anglo-saxã

O humor anglo-saxão é profundamente alimentado por trocadilhos — puns — que muitas vezes condensam, de maneira elegante e cruel, toda uma crítica social, política ou moral. No mundo da política, esses jogos de palavras não são apenas brincadeiras: são armas retóricas. Funcionam como pequenas cápsulas de sátira, memórias instantâneas que se espalham rapidamente e moldam percepções públicas.

Por que “Goon”?

Na língua inglesa, “goon” é um termo carregado. Pode significar:

  • Capanga, brutamontes a serviço de um grupo poderoso.

  • Jagunço, alguém sem autonomia, cuja função é intimidar, reprimir ou executar ordens, pouco importando sua legalidade ou moralidade.

  • Idiota útil, um sujeito tosco, sem luz própria, que serve cegamente aos desígnios de forças mais sombrias.

Em qualquer dos sentidos, a palavra carrega consigo o peso da subserviência, da ausência de virtude e da disposição para a violência simbólica, política ou física em nome de quem o paga, de quem o controla.

De Gonet a Goon: uma tradução da realidade política brasileira

Se o trocadilho faz rir, é porque faz sentido. E todo humor que faz sentido carrega consigo uma denúncia. A atuação de Paulo Gonet no cenário brasileiro tem sido, para muitos, a materialização daquilo que os juristas sérios, os defensores da ordem natural e os estudiosos da tradição republicana chamam de captura institucional do Ministério Público pela tirania do Poder Judiciário, ou, mais precisamente, de um arranjo oligárquico disfarçado de democracia.

Na prática, o Procurador-Geral da República deveria ser o guardião da lei, o defensor da ordem jurídica e dos interesses da sociedade. Mas, quando o PGR se omite seletivamente, quando ignora crimes de poderosos aliados do sistema, quando ativa ou desativa investigações conforme os ventos políticos, ele deixa de ser um magistrado do bem comum e passa a ser um “goon” do sistema.

“Paulo, the Goon”: A Crônica de Uma Vergonha Anunciada

Imagine agora um editorial do New York Times ou uma charge no The Economist:

“In Brazil, Paulo ‘The Goon’ stands as a symbol of how fragile democracy becomes when legal institutions surrender their dignity. Once the shield of the Republic, the Office of the Prosecutor General has been reduced to a mere servant of the judicial oligarchy.”

O trocadilho não é apenas engraçado. Ele carrega a exatidão cirúrgica de quem nomeia um fenômeno sociológico, jurídico e moral. A transformação do Ministério Público em um mero instrumento de perseguição seletiva não é um acaso, nem um erro de percurso, mas parte estrutural de um sistema que, na aparência de legalidade, destrói o próprio Estado de Direito.

O Trocadilho como ativismo cultural

Na era dos memes, dos vídeos curtos e da cultura de compartilhamento, um simples jogo de palavras como “Paulo, the Goon” se converte em uma narrativa instantânea. Mais do que longos textos técnicos ou pareceres jurídicos que ninguém lê, o trocadilho desce como uma sentença popular, definitiva e irreversível. Faz aquilo que Aristófanes fazia na Grécia, que Swift fazia na Inglaterra, que Millôr fazia no Brasil: nomeia para desmascarar.

Conclusão: quando o nome é destino

Talvez haja algo de providencial — ou de cômico no sentido metafísico — no fato de que o nome Gonet tenha essa ressonância. Porque, afinal, na cultura política brasileira atual, onde a aparência do direito esconde a prática da tirania, até os nomes parecem clamar ao mundo aquilo que muitos ainda fingem não ver.

“Paulo, the Goon” não é apenas uma piada. É uma epígrafe dos nossos tempos. Uma frase que, por si só, resume a tragédia institucional do Brasil.

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