Quando termino de escrever qualquer texto em português, é parte da minha rotina traduzi-lo imediatamente para o polonês. Esta prática, que pode parecer apenas um exercício linguístico, tem, na verdade, um significado muito mais profundo, que transcende as fronteiras do idioma e se enraíza na minha concepção de pátria, de serviço, de amor cristão e de civilização.
O saudoso príncipe Dom Bertrand de Orleans e Bragança, Chefe da Casa Imperial do Brasil, costumava afirmar que o monarca deve tratar o povo como parte da sua própria família. Esta máxima, que sintetiza uma visão profundamente cristã do poder, não é uma mera formalidade retórica. Trata-se da verdadeira essência da monarquia católica: um governo que vê na autoridade um serviço prestado ao bem comum, à continuidade da civilização e à salvação das almas.
Pois bem. Eu não sou da realeza de Bragança — e, sejamos francos, é bem provável que ainda leve muito tempo até que sejam restaurados os títulos de nobreza, não apenas no Brasil, mas no mundo inteiro, como reconhecimento dos méritos daqueles que, pela graça de Deus, consagram sua vida à edificação da civilização cristã.
Entretanto, independentemente de qualquer formalidade jurídica ou título, assumo, por dever de consciência, a mesma lógica que guiou nossos ancestrais: tomar como minha família aqueles povos que, pela graça, pela fé e pela aliança em Cristo, passam a compartilhar não apenas da mesma cultura espiritual, mas também de um mesmo destino histórico.
Por isso, quando afirmo que tomo os poloneses como parte da minha família, não o faço por mera gentileza, nem por simples simpatia cultural. Faço-o porque reconheço, nos méritos de Cristo, que a comunhão entre Brasil e Polônia — assim como entre quaisquer povos fiéis — transcende os acidentes da geografia, da língua ou da etnia. Somos, antes de tudo, membros de uma mesma pátria espiritual, fundada no Batismo, selada na Eucaristia e perpetuada pela fidelidade à verdade.
Da mesma forma, reconheço a Casa de Bragança como minha família. Embora não tenhamos o mesmo sangue, sou eternamente grato a essa dinastia, que são, legitimamente, os pais fundadores do Brasil. Eles representam, na ordem natural e na história concreta, aquilo que na ordem sobrenatural se espelha na paternidade de Deus: um governo que educa, que protege, que civiliza e que guia.
Na prática, traduzir meus textos para o polonês não é apenas um gesto de comunicação, mas uma declaração viva de que a missão que abraço — de servir, de construir, de conservar e de expandir a civilização cristã — não se limita às fronteiras do Brasil. Assim como outrora os navegadores portugueses levaram a fé, a língua e a cultura a terras distantes, hoje faço o mesmo com as ferramentas que Deus, na sua providência, colocou ao nosso dispor.
Se o mundo moderno busca dissolver as fronteiras da verdade, da moral e da cultura, nós, que somos filhos da Igreja e herdeiros da civilização cristã, temos o dever de restaurar as fronteiras legítimas — não as que separam, mas as que estruturam; não as que dividem, mas as que ordenam.
Por isso, digo sem hesitação: Brasil e Polônia são, para mim, um só lar em Cristo. E que Deus me conceda a graça de honrar essa verdade com o meu trabalho, com a minha vida e, se necessário, com o meu sangue.
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