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domingo, 25 de maio de 2025

Economia que Pega: uma análise linguística e sociopolítica da propina no Brasil e sua tradução polonesa

Em meio aos estudos sobre traduções e o significado profundo das expressões populares, um tema curioso emergiu: o conceito de "economia que pega", uma metáfora usada para descrever como certas ações, leis e normas tornam-se efetivas na sociedade — ou, ao contrário, permanecem inertes, sem impacto real. A reflexão ganhou ainda mais profundidade ao observar uma tradução polonesa do termo para "ekonomia, która przylega" — que pode ser traduzido literalmente como "economia que adere" ou "economia que cola". Essa expressão ressoa com a ideia de algo que efetivamente funciona, que se fixa na prática social e política.

A Transição do “Não Pegar” para o “Pegar”

No Brasil, uma das maiores dificuldades do sistema é justamente fazer as leis e normas "pegarem" — isto é, serem efetivamente cumpridas, respeitadas e aplicadas. Porém, há um fenômeno que muitas vezes determina essa transição de um estado passivo para ativo: o pagamento de propina.

Popularmente conhecido como pixuleco, termo com forte conotação pejorativa e ligado a escândalos de corrupção, o ato de pagar propina funciona como uma espécie de lubrificação na engrenagem burocrática e política. Sem essa lubrificação — ou sem "grease with the right palms", como diz o jargão anglo-saxão — a máquina estatal simplesmente não se move, ou se move de forma extremamente lenta e ineficiente.

Assim, o pagamento de propina passa a ser um mecanismo informal, extraoficial, mas decisivo para que leis, contratos, decisões e projetos possam realmente "pegar", ou seja, saírem do papel e produzirem efeitos práticos.

A Metáfora da Lubrificação e o Funcionamento do Sistema

A imagem da "engrenagem" que precisa ser lubrificada para girar corretamente é uma metáfora poderosa para explicar a corrupção sistêmica. Em um sistema ideal, as regras deveriam ser suficientes para garantir o funcionamento correto da máquina pública, sem a necessidade de atalhos ilegais ou pagamentos paralelos. Contudo, a realidade mostra que, frequentemente, essa "lubrificação" é o que permite o funcionamento básico, ainda que de forma distorcida e ilegítima.

A expressão polonesa "ekonomia, która przylega" reforça essa ideia, mostrando que o problema não é apenas a existência das leis, mas sua capacidade de "aderir" à realidade social e política — ou, dito de outro modo, de "pegar" no cotidiano.

Da Linguagem ao Contexto Social: Uma Reflexão Cultural

A tradução da expressão para o polonês e sua conexão com o fenômeno brasileiro da corrupção mostra como as línguas capturam nuances culturais e sociais profundas. A "economia que pega" não é apenas um conceito econômico, mas um fenômeno social e político que revela as tensões entre o formalismo legal e a prática real do dia a dia.

Além disso, a palavra pixuleco — popularizada no Brasil durante grandes escândalos — simboliza esse mecanismo informal que, embora condenável, acabou por se tornar parte do "óleo" que faz a máquina girar.

Considerações Finais

Analisar as traduções e o significado das expressões populares, especialmente aquelas que descrevem processos sociopolíticos complexos, ajuda a entender melhor as dinâmicas internas dos sistemas que regem as sociedades. A relação entre a "economia que pega" e o pagamento de propina evidencia uma dura realidade brasileira, mas que pode encontrar ecos em outras culturas, como demonstrado pela tradução polonesa.

Esse estudo linguístico e sociopolítico é um convite para refletir sobre os meios legítimos de fazer as instituições funcionarem e sobre a urgência de reformas que eliminem a necessidade dessa "lubrificação informal", para que a engrenagem do Estado gire limpa, eficiente e para o benefício de toda a população.

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