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sábado, 24 de maio de 2025

Censura nos algortimos e redução da monetização na Polônia: um reflexo do modelo Brasileiro?

Neste tempo de eleições, observou-se na Polônia um fenômeno que não é mais exclusivo de regimes abertamente autoritários: a drástica redução da monetização nas plataformas digitais durante o período eleitoral. O fato, embora revestido de aparente neutralidade técnica — ajustes de algoritmos, mudanças nos critérios de alcance, revisão de políticas de conteúdo —, revela um padrão preocupante de controle da informação.

A quem interessa isso? Qual a lógica por trás da asfixia financeira dos produtores de conteúdo em momentos de intensa ebulição política?

Da "Defesa da Democracia" à Censura Velada

Desde as eleições de 2022 no Brasil, o mundo acompanhou, com perplexidade ou com entusiasmo (dependendo do espectro ideológico), a atuação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob a liderança de Alexandre de Moraes. Sob o pretexto da defesa da democracia e do combate às fake news, instaurou-se um regime de censura prévia, bloqueio de contas, remoção de conteúdos e até perseguição judicial a vozes dissonantes.

Não demorou muito para que esse modelo começasse a ser estudado, copiado ou adaptado por outros países. Afinal, ele oferece um caminho "legalista" para o silenciamento de opositores, mascarado de zelo democrático.

A Polônia, um país que vive intensa polarização política entre forças conservadoras, progressistas e europeístas, parece agora experimentar um efeito similar. A súbita queda na monetização de canais, perfis e páginas durante o ciclo eleitoral não é mera coincidência. Trata-se de censura algorítmica.

Censura Algorítmica: o novo censor invisível

Diferentemente da censura clássica, exercida de maneira direta por um agente estatal que veta, interdita ou apreende conteúdos, a censura algorítmica se manifesta de forma dissimulada. Ela não proíbe formalmente a fala — apenas torna-a economicamente inviável.

O criador de conteúdo continua "livre" para falar, desde que aceite falar para ninguém e de graça. As visualizações despencam, o alcance some, o CPM (Custo por Mil Impressões) colapsa. E tudo isso sem um decreto, sem uma sentença, sem um ato formal. É o não dito, o não escrito, operando nas entranhas dos algoritmos.

É o censor que não precisa mais se sentar na redação dos jornais. Ele está nas linhas de código, nos data centers, nas salas opacas das big techs, que agora prestam contas menos aos usuários e mais aos governos que ameaçam sua operação com regulação estatal.

A geopolítica da informação e a nova censura transnacional

A era digital inaugurou uma forma de censura que não conhece fronteiras nacionais. Plataformas globais, ao mesmo tempo em que oferecem espaços de expressão, também se tornam instrumentos de controle. A dependência econômica dos criadores de conteúdo em relação aos modelos de monetização dessas plataformas cria um sistema onde a sanção econômica é a nova forma de coerção.

Durante eleições, este poder se maximiza. A desculpa é sempre a mesma: combater a desinformação, proteger a democracia, evitar o extremismo. Mas quem define o que é desinformação? Quem estabelece o que é verdade?

O Brasil forneceu, nos últimos anos, um manual prático — copiado agora por vários regimes. A União Europeia, de onde a Polônia faz parte, já discute e implementa legislações de "moderação de conteúdo" que, na prática, são dispositivos de censura institucionalizada.

A esfinge da liberdade e O falso dilema moderno

O dilema que se impõe à humanidade é trágico e, ao mesmo tempo, irônico. O Ocidente, outrora baluarte da liberdade de expressão, abraça com entusiasmo os métodos que antes denunciava como próprios de regimes autoritários.

O discurso do politicamente correto, a cruzada contra a desinformação e o moralismo tecnocrático formam, juntos, uma teocracia secular que não admite heresia. Quem pensa fora do dogma estabelecido, não é mais queimado na fogueira, mas deletado, desmonetizado, banido, invisibilizado.

A liberdade, então, deixa de ser um direito natural e passa a ser uma concessão revogável, administrada por tecnocratas e burocratas, sejam eles da Suprema Corte brasileira, do Parlamento Europeu ou dos conselhos éticos das big techs.

Conclusão: resistir é preciso, adaptar-se é estratégico

O caso polonês, que agora começa a espelhar os métodos brasileiros, é um sinal de alerta para todos aqueles que compreendem que a liberdade não é um valor negociável.

A resistência, porém, não pode ser apenas discursiva — ela precisa ser estratégica. É necessário criar canais alternativos, redes de financiamento independentes, sistemas de distribuição de conteúdo descentralizados.

Se o algoritmo é o novo censor, cabe aos livres criar os próprios algoritmos. Se o dinheiro se tornou instrumento de coerção, cabe aos livres criar as próprias moedas, plataformas, ecossistemas econômicos.

Pois no fim, a lição que permanece é a que já ecoava desde tempos antigos: não existe liberdade sem verdade e não existe verdade sem sacrifício.

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