No teatro tragicômico da burocracia brasileira, surgem duas figuras alegóricas que representam forças opostas: o Ptaxman, herói sem nenhum caráter que cobra impostos até do ar que se respira, e o Ptakman, o homem-pássaro empreendedor, que, ao trabalhar com elisão fiscal lícita e servir a Cristo em terras distantes, torna-se soldado-cidadão do Bem Comum.
Essa é a fábula do Brasil moderno, contada com humor, crítica e — por que não? — esperança.
Ptaxman: o Fiscal Alado da Tributação Global
O Ptaxman é a encarnação burocrática da PTAX — a média diária de cotações do dólar usada como referência para contratos futuros e instrumentos financeiros no Brasil. Mas ele é muito mais que um número técnico: é um símbolo do Estado predador, que persegue o contribuinte onde quer que ele esteja.
Se o Paraguai tributa apenas a renda gerada dentro de seu território, o Brasil adota o critério da residência fiscal, permitindo que o Ptaxman voe com suas asas de papel timbrado atrás do cidadão mundo afora. A fronteira para ele é apenas uma linha pontilhada no Google Maps.
Por isso ele tem asas: não são metáforas de liberdade, mas de vigilância. Ele cruza oceanos para aplicar autuações, entregar notificações e fiscalizar nômades fiscais como quem caça aves migratórias com rede de blockchain e algoritmos da Receita Federal.
O Ptaxman é macunaímico: opera sem princípio claro, sem ética determinada. Um dia defensor da responsabilidade fiscal, no outro entusiasta de incentivos cruzados. Seu patriotismo é pós-moderno, sua linguagem é cifrada, seu olhar é de águia — mas sempre mirando o bolso alheio.
Ptakman: o empreendedor que voa com a Graça
Em oposição ao Ptaxman, ergue-se o Ptakman — palavra que brinca com ptak (pássaro em polonês) e "man", como em super-herói. Ele é o homem-bípede implume da definição de Platão, mas com algo a mais: é um homem que se santifica através do trabalho.
Ele não foge da lei — ele, na verdade, a compreende. Ele estuda os tratados de bitributação, domina a legislação internacional e busca as brechas não para fraudar, mas para servir melhor. A elisão fiscal, para ele, é um dever de inteligência, não um desvio ético. Ele é o homem que, ao multiplicar talentos, devolve a Deus aquilo que recebeu.
Vive em dois tempos:
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No tempo cronológico, trabalha, estuda, inova, cruza fronteiras físicas e jurídicas.
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No tempo kairológico, está sempre disponível para Deus (dostępny, como se diz em polonês). Sabe que o momento da Graça não avisa, e por isso sua vida é um altar em movimento.
Ele é o soldado-cidadão, aquele que luta com o que tem: inteligência, laptop e vocação. Ele alarga as fronteiras do saber e da fé, não para enriquecer egoisticamente, mas para unir terras distantes sob a bandeira da Verdade.
Como bem dizia Leão XIII: “O verdadeiro capital é o trabalho acumulado ao longo do tempo.” Não há capital sem santificação no tempo. O Ptakman é, por excelência, o acumulador de virtudes: prudência, justiça, fortaleza e temperança, que lhe dão acesso ao capital legítimo e aos talentos espirituais.
A Batalha de Superioridade Aérea pela Alma da Terra da Santa Cruz
Neste ponto, compreendemos que a luta entre o Ptaxman e o Ptakman é uma batalha de superioridade aérea. Não no sentido bélico moderno, mas na disputa pela altura moral, espiritual e estratégica — que é, no fim, a que decide a sorte da Terra da Santa Cruz.
Enquanto o Ptaxman voa armado de algoritmos e autuações, como um anjo caído da burocracia, o Ptakman voa com as asas do entendimento e da disponibilidade a Deus, como um mensageiro livre da Graça.
Essa batalha se dá nos ares, mas repercute na terra:
Nas decisões que os cidadãos tomam ao emigrar ou permanecer;
Nos sistemas de governo que escolhem premiar a liberdade ou sufocá-la;
No tipo de pátria que será edificada — uma prisão fiscal ou um lar de justiça e serviço.
A Terra da Santa Cruz, chamada assim não por acaso, não pode ser governada por coletores de almas que operam como predadores globais, mas por homens que saibam servir à Cruz com inteligência, humildade e coragem.
Pois “onde está o Espírito do Senhor, aí há liberdade” (2 Cor 3,17).
Conclusão: Que Voem os Homens Livres
A luta entre o Ptaxman e o Ptakman não é só jurídica ou econômica — é espiritual. Trata-se de escolher entre dois modos de vida: um baseado na captura, outro na criação; um voltado à vigilância punitiva, outro à liberdade servidora.
Em tempos de globalização e tecnocracia, o riso diante do Ptaxman é necessário — mas a esperança no Ptakman é vital.
Que voem os homens que se santificam pelo estudo, que elidem com inteligência, que constroem com verdade e servem com amor. Pois, ao contrário do Ptaxman, o Ptakman não quer tomar nada de ninguém — só devolver a Deus, com lucro espiritual, os talentos que recebeu.
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