O Papa Leão XIV e a vocação messiânica das nações: entre a Polônia de São João Paulo II e os Estados Unidos de hoje
A eleição de um novo Papa é sempre um momento decisivo na história da Igreja. No caso de Leão XIV, recém-eleito, abre-se diante de nós uma nova página que poderá revelar, mais uma vez, como a Providência se serve dos pontífices não apenas para guiar a Igreja, mas para salvar nações inteiras do abismo da tirania e da apostasia.
O paralelo com São João Paulo II é inevitável. Karol Wojtyła não apenas assumiu o trono de Pedro como um filho da Polônia martirizada, mas retornou espiritualmente à sua pátria para libertá-la, com autoridade profética, do jugo do comunismo ateu. A força do seu testemunho, a clareza doutrinal de seus escritos e a firmeza com que denunciou o totalitarismo materialista não foram apenas atos políticos, mas sobretudo sacerdotais: atos messiânicos, nos méritos de Cristo, para reconduzir um povo inteiro ao seu destino sobrenatural.
A consequência disso foi que muitos católicos puderam reconhecer na Polônia, por meio do Papa santo, não apenas um país geográfico, mas uma terra consagrada — um lar espiritual. E isso é algo que só pode acontecer quando uma nação inteira, ainda que por breve tempo, se ordena à verdade revelada e aceita participar da cruz redentora de Cristo. Quando isso ocorre, nasce uma ponte. E é justamente essa ponte que permite a alguém tomar uma terra estrangeira como um lar em Cristo tanto quanto aquela onde nasceu — pois o critério não é o sangue, mas a graça.
Do mesmo modo, se Leão XIV for um bom Papa — um verdadeiro pontífice —, ele terá diante de si a imensa tarefa de purificar os Estados Unidos de sua confusão espiritual: o falso ecumenismo, o liberalismo desordenado, o culto ao indivíduo, a idolatria das instituições e a submissão às ideologias progressistas que corroem as almas por dentro. Se conseguir despertar naquela nação uma consciência de missão cristã, de responsabilidade perante Deus e de serviço à verdade, ele poderá criar pontes tão sólidas quanto as que João Paulo II criou para os poloneses e para o mundo.
E, se isso acontecer, muitos de nós poderemos olhar para os Estados Unidos — não com o olhar cínico que vê apenas decadência e hegemonia, mas com o olhar teológico, que reconhece ali uma terra que foi novamente visitada pela graça. Uma terra que, santificada pela missão pontifícia, poderá ser amada como lar espiritual. Porque um lar em Cristo não se define apenas pelo solo onde nascemos, mas pelo solo onde Cristo reina.
Como se lê nos Evangelhos, “em verdade vos digo que ninguém há que tenha deixado casa, ou irmãos, ou irmãs, ou pai, ou mãe, ou filhos, ou campos por amor de mim e do Evangelho, que não receba cem vezes mais, já neste tempo [...] e no século futuro, a vida eterna” (Mc 10,29-30). A pátria verdadeira é aquela onde o Reino se manifesta. E se Leão XIV for fiel à sua missão, poderá reconduzir os Estados Unidos a esse Reino — e fazer dessa nação, uma vez mais, um ponto de irradiação da fé.
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