Vivemos numa era de imediatismo. Seja no consumo de notícias, de entretenimento ou de bens digitais, tudo parece girar em torno da velocidade. No mundo dos games, essa pressa se manifesta em uma ansiedade coletiva por lançamentos apressados, datas de estreia forçadas e demonstrações entregues às pressas para satisfazer um público impaciente. No entanto, escolhi seguir na contramão: eu não faço pressão sobre os produtores de jogos — e tenho boas razões para isso.
Enquanto muitos consumidores e até mesmo jornalistas especializados exercem uma pressão contínua sobre os desenvolvedores, exigindo prazos, atualizações constantes ou datas de lançamento definitivas, prefiro deixar que os criadores trabalhem no seu ritmo. O que eu quero, no fim das contas, não é um jogo lançado rapidamente, mas um jogo bem feito — da melhor qualidade possível.
A maior prova da minha postura é o jogo Let Them Trade. Faz muitos anos que o coloquei na minha lista de favoritos. Durante esse tempo, não houve demonstrações, trailers mirabolantes ou promessas vazias. Houve silêncio e trabalho. Só agora uma demonstração foi finalmente disponibilizada — e isso indica que o jogo está perto de ser lançado, ainda que de forma antecipada. Para mim, essa espera não foi um problema. Ao contrário: foi um sinal de que os criadores estavam comprometidos com algo que merecesse ser jogado com prazer e confiança.
A experiência nos mostra que o acesso antecipado pode ser um processo longo. Há jogos que ficaram mais de dez anos em desenvolvimento contínuo, sendo refinados, repensados e, aos poucos, moldados até atingirem sua forma definitiva. E quando finalmente chegaram a esse ponto, muitos desses jogos encontraram o sucesso que mereciam — não porque foram rápidos, mas porque foram feitos com cuidado, visão e respeito ao próprio processo criativo.
A paciência do jogador pode, portanto, ser uma aliada poderosa dos bons jogos. Ao confiar nos desenvolvedores, reconhecemos o valor do trabalho artístico e técnico envolvido. Jogar não é apenas consumir — é experienciar o fruto de anos de dedicação. Ao invés de sufocar os produtores com cobranças diárias, devemos criar uma cultura de respeito ao tempo necessário para que grandes ideias se tornem grandes jogos.
Se queremos uma indústria de jogos mais saudável, mais criativa e mais ousada, talvez devêssemos começar com um simples gesto: deixar os produtores em paz e confiar no talento que os levou até ali. O tempo certo das coisas, afinal, costuma trazer recompensas muito maiores do que a pressa jamais poderia oferecer.
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