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quinta-feira, 8 de maio de 2025

A cadeira vazia: entre a heresia revolucionária e a realidade que se impõe

Uma das heranças mais controversas do pontificado de Francisco é a urgência de refletirmos sobre o significado da expressão "cadeira vazia" no contexto da sucessão apostólica e da visibilidade da Igreja de Cristo. Com este termo, tradicionalmente se alude à ausência de um legítimo papa. Contudo, sob Francisco, esse termo se bifurca em dois sentidos distintos — e ambos exigem discernimento espiritual, teológico e histórico.

1. A cadeira vazia como doutrina revolucionária

O primeiro sentido é aquele que emerge de uma tradição revolucionária dentro da própria Igreja, segundo a qual a “cadeira vazia” se torna uma espécie de doutrina tácita: não é que não haja alguém sentado na Cátedra de Pedro, mas sim que a função mesma do Papa foi esvaziada de sua substância sobrenatural. É o espírito de conservação sem Verdade: tudo se conserva — as estruturas, os cargos, os títulos, os ritos exteriores —, mas tudo é dessacralizado, dessubstancializado, esvaziado do Cristo vivo que governa a Igreja pelo Espírito Santo até o fim dos tempos.

Essa tradição revolucionária é perita em manter aparências, enquanto destrói essências. Ela não ataca a Igreja de fora, mas mina a sua integridade a partir de dentro, negando na prática — ainda que não de forma explícita — a ação contínua do Espírito Santo na condução do Magistério. A Igreja é reduzida a uma instituição humana, adaptável ao espírito do tempo, moldada por consensos sociológicos e agendas políticas. O papa, nesse paradigma, deixa de ser o Vigário de Cristo para se tornar o gerente de uma empresa global de serviços morais e sociais.

2. A cadeira vazia como descrição da realidade

O segundo sentido da expressão “cadeira vazia” é mais direto, mais existencial e mais angustiante: trata-se de uma descrição pontual da realidade concreta, tal como percebi no próprio Papa Francisco. As palavras, gestos, omissões e intervenções do atual pontífice me conduziram, pouco a pouco, à dolorosa constatação de que ele e uma cadeira vazia se equivaliam no plano espiritual. Diante de suas atitudes, não reconheci nele a presença de Cristo. E, segundo o ensinamento constante da Igreja, um bom católico deve ver no Papa — e sobretudo em suas palavras magisteriais — um reflexo de Cristo, não uma sombra de ambiguidade e confusão.

Não se trata aqui de um juízo temerário, mas de uma constatação baseada no escândalo objetivo que o pontificado de Francisco tem causado a tantas almas fiéis. Quando o sucessor de Pedro se torna um promotor da confusão moral, da ambiguidade doutrinal e da dissolução disciplinar, cabe ao fiel, com espírito de oração e obediência a Deus antes que aos homens, reconhecer a realidade como ela se apresenta: a cadeira está ocupada formalmente, mas permanece vazia espiritualmente.

3. A fé assistida pelo Espírito Santo

A tensão entre essas duas compreensões da cadeira vazia revela um dos maiores desafios eclesiológicos do nosso tempo. A promessa de Cristo — "as portas do inferno não prevalecerão contra ela" (Mt 16,18) — não é revogada, mas posta à prova. O Espírito Santo continua a guiar a Igreja, mas é necessário distinguir entre o que é assistência infalível (ligada ao magistério ex cathedra) e o que é ação humana sujeita ao erro, à omissão e até ao pecado.

A verdadeira fidelidade à Igreja não está em fechar os olhos à realidade, nem em substituir a caridade pela idolatria institucional. A fidelidade está em discernir, com temor de Deus, o que deve ser preservado e o que deve ser purificado. A cadeira de Pedro é sagrada; mas nem todo aquele que a ocupa visivelmente age como servo fiel do Senhor.

Conclusão: entre o trauma e a esperança

O pontificado de Francisco se tornará, inevitavelmente, objeto de estudo e de controvérsias por muito tempo. Mas para quem viveu sob sua sombra, a lição principal é a seguinte: devemos separar cuidadosamente a cadeira vazia enquanto produto de uma tradição revolucionária de uma cadeira vazia que, por infeliz contingência histórica, se impõe como fato espiritual.

A primeira deve ser combatida com firmeza doutrinal; a segunda, suportada com oração, jejum e esperança escatológica. Pois Cristo voltará — e então, nenhuma cadeira estará mais vazia, e nenhuma mentira poderá mais esconder-se sob o manto da autoridade.

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