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quarta-feira, 22 de março de 2017

Por que não podemos aceitar o laicismo do Estado?

Com a difusão das idéias erigidas da Revolução francesa, o ódio anticatólico, ateísta e igualitário esteve em um grau de ferocidade nunca antes visto na História da Igreja, os princípios de "Liberdade, Igualdade e Fraternidade" espalharam-se pela Europa, causando caos absoluto, derrubando tronos e veneráveis dinastias milenares, semeando ódio contra as monarquias, contra o Papa, contra as ordens religiosas, e contra qualquer instituição tradicional que fosse considerada "obscurantista" pela loucura revolucionária, sedenta por sangue martirizado. Mesmo quando a perseguição relativamente acalmou-se e as monarquias foram restabelecidas, com o Congresso de Viena (1815), o princípio do Estado laico, ou seja, da total separação entre a Igreja e as Instituições estatais se tornou pauta constante e insistente dos liberais e maçons, em sua perseguição incessante contra a Igreja e contra o Papado.

Ora, a idéia laicista, desde seu surgimento, sempre teve aspirações anticristãs, anticlericais e humanistas, antropocêntricas, especificamente. Aspirou-se criar uma sociedade, onde o centro não fosse mais Nosso Senhor Jesus Cristo, mas o homem e suas supostas "liberdades" e "direitos". Antes de tudo, meus amigos, é preciso compreender o seguinte, a ordem do cosmos e portanto a ordem do mundo em que vivemos, decorre inteiramente do cumprimento da Lei deixada por Deus. Se em uma nação, todos os habitantes cumprem os Dez Mandamentos, há perfeição absoluta em todos os setores da sociedade, em todas as famílias, empresas e instituições, e onde ninguém os cumpre há caos e barbárie, como podemos de maneira legítima constatar ao analisarmos os rumos aos quais tem tomado nossa sociedade.

Os objetivos funestos e malignos do iluminismo, foram atingidos de modo quase plenamente satisfatório aos inimigos de Deus. Com o passar do tempo século XIX e XX, os estados tiraram o Evangelho de suas leis, de seus princípios legais, de suas instituições, em nome da suposta "liberdade" democrática. Em alguns países europeus, a perseguição aos católicos se tornou tamanha, que já se cogitava tomar todos os edifícios e propriedades eclesiásticas, e proibir os sacerdotes de usarem o hábito talar, foi assim na França, em 1905 e depois em Portugal, com o surgimento da maçônica Primeira República Portuguesa em 1911, perseguição que durou até a ascensão do Estado Novo, no final dos anos 20.

Essas ideias foram progredindo entre as nações Ocidente, a tal ponto que hoje em dia, cogita-se até mesmo tirar os crucifixos, e imagens dos santos, assim como qualquer objeto que faça menção à religião cristã das repartições e prédios públicos, como tribunais, delegacias, escolas públicas. Forçando a ateização do Estado, para então ateizar a sociedade civil. Ora, nós sabemos que Deus é Deus, e que portanto a obrigação de obedecer às leis deixadas por Ele, não é apenas individual, mas também é obrigação dos Estados e das autoridades constituídas.

Vejam, não se trata aqui de forçar, impor a religião católica às pessoas individualmente. Não é isso, mesmo porque isso seria um pecado contra Deus. Trata-se garantir à Igreja amparo não só civil, mas estatal, de maneira que Ela tenha o reconhecimento e o respeito das autoridades. A Santa Igreja, em sua infinita sabedoria concedida por N. S. Jesus Cristo, sempre ensinou que a primeira obrigação do Estado, não é apenas governar seus povos, mas também sustentar, auxiliar e facilitar ao máximo, o trabalho e a ação católica, nas instituições e entre todos os que constituem uma sociedade. A Igreja não deve legislar, pois esta não é sua área de atuação, assim como o Estado NÃO possui o direito de fazer leis que contrariem a Doutrina Católica. Sim, é isso mesmo, o Estado NÃO tem o direito de ser laico, ao contrário, tem obrigação de respeitar as leis de Deus e honrá-las ao máximo.

O laicismo joga a Santa Igreja Católica Apostólica Romana, fundada pelo Filho de Deus em pessoa, no mesmo patamar que as religiões pagãs, falsas, como se tivesse a mesma importância, poderia existir maior humilhação e ofensa ao próprio Deus ?

Como católicos fiéis ao Papa e ao Magistério Apostólico, temos obrigação moral e religiosa de combater o laicismo sob todos os aspectos, em todos os setores, seja na área das ideias, seja na área prática. Apresento abaixo, de maneira resumida, o que disseram diversos pontífices, a este respeito:

Papa Leão XIII (1878-1903)

"12. Devem, pois, os chefes de Estado ter por santo o nome de Deus e colocar no número dos seus principais deveres favorecer a religião, protegê-la com a sua benevolência, cobri-la com a autoridade tutelar das leis, e nada estatuírem ou decidirem que seja contrário à integridade dela. E isso devem-no eles aos cidadãos de que são chefes. Todos nós, com efeito, enquanto existimos, somos nascidos e educados em vista de um bem supremo e final ao qual é preciso referir tudo, colocado que está nos céus, além desta frágil e curta existência. Já que disso é que depende a completa e perfeita felicidade dos homens, é do interesse supremo de cada um alcançar esse fim. Como, pois, a sociedade civil foi estabelecida para a utilidade de todos, deve, favorecendo a prosperidade pública, prover ao bem dos cidadãos de modo não somente a não opor qualquer obstáculo, mas a assegurar todas as facilidades possíveis à procura e à aquisição desse bem supremo e imutável ao qual eles próprios aspiram. A primeira de todas consiste em fazer respeitar a santa e inviolável observância da religião, cujos deveres unem o homem a Deus."
- Encíclica Immortale Dei- 1 de novembro de 1885.

"28. Tempo houve em que a filosofia do Evangelho governava os Estados. Nessa época, a influência da sabedoria cristã e a sua virtude divina penetravam as leis, as instituições, os costumes dos povos, todas as categorias e todas as relações da sociedade civil. Então a religião instituída por Jesus Cristo, solidamente estabelecida no grau de dignidade que lhe é devido, em toda parte era florescente, graças ao favor dos príncipes e à proteção legítima dos magistrados. Então o sacerdócio e o império estavam ligados em si por uma feliz concórdia e pela permuta amistosa de bons ofícios. Organizada assim, a sociedade civil deu frutos superiores a toda expectativa, frutos cuja memória subsiste e subsistirá, consignada como está em inúmeros documentos que artifício algum dos adversários poderá corromper ou obscurecer."
- Encíclica Immortale Dei- Papa Leão XIII, 1885.

"39. Quanto à Igreja, que o próprio Deus estabeleceu, excluí-la da vida pública, das leis, da educação da juventude, da sociedade doméstica, é um grande e pernicioso erro. Uma sociedade sem religião não pode ser bem regulada; e, mais talvez do que fora mister, já se vê o que vale em si e em suas conseqüências essa pretensa moral civil."- Encíclica Immortale Dei- Papa Leão XIII, 1885

Papa Pio XI (1922-1939)

"22. Como bem sabeis, Veneráveis Irmãos, não é num dia que esta praga (O laicismo) chegou à sua plena maturação; há muito, estava latente nos estados modernos. Começou-se, primeiro, a negar a soberania de Cristo sobre todas as nações; negou-se, portanto, à Igreja o direito de doutrinar o gênero humano, de legislar e reger os povos em ordem à eterna bem-aventurança. Aos poucos, foi equiparada a religião de Cristo aos falsos cultos e indecorosamente rebaixada ao mesmo nível. Sujeitaram-na, em seguida, à autoridade civil, entregando-a, por assim dizer, ao capricho de príncipes e governos. Houve até quem pretendesse substituir à religião de Cristo um simples sentimento de religiosidade natural. Certos estados, por fim, julgaram poder dispensar-se do próprio Deus e fizeram consistir sua religião na irreligião e no esquecimento consciente e voluntário de Deus."
- Encíclica Quas Primas, sobre Cristo-Rei, 1925.

"23. Os frutos sobremodo amargosos que, tantas vezes e com tanta persistência, produziu esta apostasia dos indivíduos e dos estados, que desertam a Cristo, expendemo-los na Encíclica "Ubi arcano". Tornamos a lamentá-los hoje. Frutos desta apostasia são os germes de ódio esparsos por toda parte, as invejas e rivalidades entre nações, que alimentam as discórdias internacionais e dificultam ainda agora a restauração da paz; frutos desta apostasia as ambições desenfreadas, que muitas vezes se encobrem com a máscara do interesse público e do amor da pátria, e suas tristes conseqüências: dissensões civis, egoísmo cego e desmedido, sem outro fito nem outra regra mais que vantagens pessoais e proveitos particulares. Fruto desta apostasia a perturbação da paz doméstica, pelo esquecimento e desleixo das obrigações familiares, o enfraquecimento da união e estabilidade no seio das famílias, e por fim o abalo na sociedade toda, que ameaça ruir."
- Encíclica Quas Primas, sobre Cristo-Rei, 1925.

Papa Pio XII (1939-1958)

"4. Ora, só a religião cristã ensina essa verdade plena, essa justiça perfeita e essa caridade divina que elimina ódios, animosidades e lutas; de fato, só ela as recebeu em custódia, do divino Redentor, caminho, verdade e vida (cf. Jo 14, 6), e com todas as forças deve fazê-las pôr em prática. Não há dúvida, então, de que aqueles que querem deliberadamente ignorar a religião cristã e a Igreja católica, ou que se esforçam por lhes opor obstáculos, por desconhecê-las, por submetê-las, enfraquecem com isso as bases da sociedade, ou as substituem por outras que absolutamente não podem sustentar o edifício da dignidade, liberdade e bem-estar humanos."
- Encíclica Meminisse Iuvat, 14 de julho de 1958.

"5. Necessário é, portanto, voltar aos preceitos do cristianismo, se se quiser formar uma sociedade sólida, justa e equitativa. É prejudicial, é imprudente entrar em conflito com a religião cristã, cuja duração perene é garantida por Deus e provada pela história. Reflita-se em que um estado, sem a religião, não pode ter nem retidão moral nem ordem."
- Encíclica Meminisse Iuvat, 14 de julho de 1958.

Vemos então, amigos, que Nosso Senhor Jesus Cristo deve reinar gloriosamente sobre todas as nações, povos e corações, e nós devemos lutar, combater como cruzados, para que isto se concretize, jamais desistir, jamais fazer concessões, jamais ceder.

Viva Cristo Rei!

(Marcos Vinícius Peinado)

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