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quinta-feira, 9 de março de 2017

Notas sobre a economia política, enquanto nomenclatura

1.1) O debate do tema leva-nos, desde logo, à fixação das relações economia política - política.

1.2) Por isso mesmo, temos que tomar cuidados especiais para não nos perdermos no emaranhado de problemas decorrentes do emprego desta nomenclatura, dado que não é possível tratar um sem que os outros aflorem, de maneira provocativa. E, desde logo, devemos nos prevenir quanto a isso, tal como o analista das ciências sociais está habituado a fazer, pois cada palavra empregada tem sentido próprio, já que cada autor confere peculiaridades que complicam o entendimento deste assunto, de modo a atrapalhar o nosso progresso intelectual rumo ao conhecimento, àquilo que é conforme o Todo que vem de Deus.

2) A causa desses problemas se dá por conta do entrelaçamento das ciências do homem, de modo a compreender a ação humana no âmbito social, dado que há uma verdadeira interconexão de saberes, coisa que é feita de modo a se compreender a realidade das coisas. Essa interconexão responde a este problema complexo: o homem vive em sociedade. Esta complexidade está relacionada a 4 fatores.

2.1) O primeiro fator é que o fato social decorre da própria questão de se viver ou trabalhar junto, que é tomado como se fosse coisa. O problema da coexistência leva-nos a compreender os conflitos de interesse qualificados pela pretensão resistida, coisa que nos leva a estudar o Direito enquanto parte da Economia, de modo a buscarmos as melhores soluções para os eventuais conflitos que surgem na sociedade. Como a solução de conflitos busca soluções práticas e otimizadas, então o direito tem sua faceta econômica e tem também sua faceta política, pois há momentos em que uma mediação é preferível a uma jurisdição, se o grau do conflito não for dos mais graves, enquanto há outros conflitos em que só a jurisdição pode resolver o conflito de maneira terminativa, de modo a que as pessoas se reconciliem e vivam a vida na conformidade com o Todo que vem de Deus.

2.2) O segundo fator está na relações entre os homens que se encontram no mesmo agrupamento social. Como a base do poder está dispersa em todo o agrupamento social, então conhecer essas coisas que estão dispersas nesse lugar e reuni-las num único sistema torna-se uma busca por esse poder, no sentido de atender às necessidades humanas desse lugar, de modo a tomá-lo como se fosse um lar em Cristo. a tal ponto que isso é objeto da ciência política.

2.3) O terceiro fator está nas relações do homem com o espaço geográfico, de modo a retirar o seu sustento. Ai a questão passa a ser geográfica.

2.4) O quarto fator está nas relações entre os homens, onde a concorrência por um emprego é determinante para a sua sobrevivência e de sua família. Esse é o problema econômico, propriamente dito.

3.1) Se observarmos bem, a análise purista e reducionista dos problemas é inaceitável, dado que a abstração é fuga da realidade.

3.2) É na realidade das coisas que encontramos a verdade, fundada na conformidade com o Todo que vem de Deus - e é por conta disso que não devemos ser neutros, uma vez que a análise da realidade implica também uma análise de valores. A melhor solução buscará o que é certo, dado que isso agrada a Deus, enquanto a falsa solução, por sua vez, semeará má consciência e relativismo moral, coisa que agrada ao Diabo.

4.1) O estudo da realidade pede que o analista tenha maturidade e experiência de vida, pois o analista é também agente humano, um ser vivente.

4.2) As melhores análises pedem uma vida reta, uma fé reta e uma consciência reta. É dentro de um ambiente de maturidade, de boa vivência neste mundo - coisa que nos prepara para a pátria definitiva, que se dá no Céu - que temos a liberdade para falarmos das coisas com caridade, pois devemos amar o outro tal como amamos a nós mesmos. E ao exercermos esta prerrogativa com responsabilidade que temos a sabedoria e a transmissão do que aprendemos por meio do magistério, coisa que é essencial para uma tradição virtuosa.

4.3) E é sobre esta tradição virtuosa que temos a democracia dos mortos - e quem não respeitá-los ou não venerá-los, por terem sido verdadeiros santos em vida, jamais respeitará a dignidade humana de ser humano algum, mesmo que este que sequer tenha ainda nascido.

5.1) Enquanto o comunismo dá mais ênfase ao conflito que se dá entre as classes - dado que parte do pressuposto de que a fraternidade entre os homens é impossível, coisa que é própria da ética protestante -, nós, católicos, buscamos a concórdia entre as classes, o caminho oposto.

5.2) Os que tomam o país como um lar em Cristo e que assumem postos de influência na sociedade precisam dar o exemplo, de modo a que a não se pagar o mal, próprio da injustiça, com o mal. Não é à toa que a sociedade virtuosa decorre da preparação de toda uma elite virtuosa que faça com que o país seja uma escola de virtude e santidade, o que nos levará para a pátria celeste, em definitivo.

5.3) E fazer desse país uma escola é um verdadeiro trabalho de descoberta, de rebusca pela verdade- e isso pede para olharmos o passado de modo a que façamos as correções necessárias no presente de modo a que as futuras gerações troquem a má consciência que herdariam de seus antepassados pela boa consciência que decorre do fato de se servir a Cristo em terras distantes, tal como foi edificado em Ourique. E isso pede que eu seja um santo de modo a que santifique a todos que estão ao meu redor.

5.4) É dentro deste conceito de pátria descoberta que descobrimos os outros sistematicamente. E onde o outro é descoberto sistematicamente, não há ideologia, visto que não há ceticismo quanto às idéias alheias, pois todos estão amando e rejeitando as mesmas coisas tendo por Cristo fundamento.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 9 de março de 2017.

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