1) É sabido que o trigo é um alimento nobre. Uma vez esmagado, dele se obtém a farinha para se fazer o pão, o que é essencial para a dieta humana.
2) As primeiras civilizações nasceram junto aos rios. Através do húmus produzido pelas cheias do Nilo, tinha-se o terreno ideal para o cultivo deste nobre cereal.
3.1) Como o trigo é nobre, ele foi usado como commodity comercial por milênios.
3.2.1) O trigo do Egito foi usado para alimentar povos inteiros do Mediterrâneo e da Mesopotâmia, a ponto de esta civilização influir em outras, seja através do comércio, seja através da cultura, seja através da guerra.
3.2.2) Até onde fosse a cheia do Nilo era possível medir e até calcular quanto de tributo que podia ser dado ao Faraó.
3.2.3) O Egito era uma dádiva do Nilo e o Faraó era tomado como se fosse um Deus - por isso, tributos eram a ele dados. Para que isso acontecesse, nilômetros eram colocados ao longo do território.
3.2.4) Mas o Faraó não é o verdadeiro Deus e verdadeiro Homem. O tirano do Egito, assim como o trigo, foi esmagado, dando lugar a Jesus Cristo, Rei do Universo.
3.2.5) Todos os que são ricos no amor de si até o desprezo de Deus precisam mortificar o seu eu de modo que seu nobre exemplo seja exemplo para os outros. O humilde precisa se alimentar do corpo e do sangue de Cristo de modo a a viver a vida na conformidade com o Todo que vem de Deus.
3.2.6) Como a tarefa de anunciar o evangelho é grande, os poucos que realmente imitam a Cristo precisam organizar latifúndios de trigo e uvas em todo o lugar que fosse fértil de modo que o alimento espiritual fundado no verdadeiro Deus e verdadeiro homem não faltasse.
3.2.7) É a partir daí que ele é distribuído a toda criatura de modo que esta também adquira a ciência perfeita e seja capaz de provar de coisas de modo a distinguir o que é sensato do insensato, a ponto de conservar o que é sensato como algo conveniente, pois isso é indício de conformidade com o Todo que vem de Deus. Desnecessário dizer que a Grande Biblioteca de Alexandria nasceu num Egito que sofreu a influência helênica, a ponto de Grécia e Egito serem tomados como um mesmo lar em Cristo, por Cristo e para Cristo - o que é causa de nacionidade.
4.1) Eis aí os fundamentos do distributivismo e da ética distributiva.
4.2) Quando se dá de maneira livre, gratuita e sistemática o alimento que dá vida e o vinho que dá coragem, você promove a integração entre as pessoas, de tal modo que o conhecimento seja cada vez mais disperso, à medida que a população vai ficando cada vez mais abundante, pois o Senhor veio para dar vida em abundância. Não é à toa que Ele passou uma parte de sua vida no Egito.
Rio de Janeiro, 4 de dezembro de 2019.
Comentários:
Edmundo Noir:
1) O Egito foi uma
civilização paradoxal. Talvez uma figura ou uma imagem de todo o Ocidente.
2) Foi uma nação de gênio, lugar onde floresceu uma cultura
bela e avançada, nação que acolheu e abrigou Israel e sua descendência,
nação que abrigou o próprio Cristo junto
da Sagrada Família, por ocasião da perseguição de Herodes. Nação que,
apesar de seus vícios pagãos, havia - pela luz natural da razão - chegado à
ideia de um Deus uno. Nação que gerou Ismael, personagem real e
arquétipo de toda a força do povo árabe - uma raça teológica, tal qual a
judia, destinada perdurar até o fim dos tempos.
2.2) Mas também foi a nação que, tão logo esqueceu esses avanços, mergulhou na idolatria, na
gnose, na magia, pois perseguiu e tiranizou o povo eleito, lar de
monstros e vagabundas como Cleópatra.
3) O Egito desperta um misto de medo e
admiração.
Postagens Relacionadas: