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quarta-feira, 8 de outubro de 2025

As três dimensões do tempo e os ciclos da economia

Ao longo de uma vida singular, o homem vive dois tempos: o cronológico e o kairológico. O tempo cronológico é o tempo dos relógios e calendários — o tempo da produção, do vencimento dos contratos, da maturação dos investimentos e do envelhecimento dos corpos. Já o tempo kairológico é o tempo das decisões significativas — o instante em que o homem age conforme o sentido de sua vocação, e transforma o simples decorrer do tempo em ocasião de graça.

Mas há também o tempo aiônico, o tempo da sucessão entre os homens. Nele, as gerações antigas cedem lugar às novas, transmitindo o capital espiritual, cultural e material que sustenta a continuidade da sociedade. O tempo aiônico é, portanto, o tecido da História: nele, cada ato humano se torna semente de um legado — quer de sabedoria, quer de ruína.

Quando estudamos a economia do ponto de vista da sociologia, o tempo não pode ser medido apenas pela sucessão dos fatos, mas pelas três dimensões do existir humano. A microeconomia observa o homem em suas circunstâncias — o trabalhador, o poupador, o investidor, o consumidor — e, por isso, lida com uma temporalidade bidimensional: o cronos e o kairós. Já a macroeconomia, quando pensada como ciência moral e política, deve incluir o aiôn, pois cada ciclo econômico traduz a maturação de uma geração diante de seu próprio tempo histórico.

Foi esse o mérito da teoria dos ciclos longos de Kondratiev, que percebeu que as economias não evoluem linearmente, mas oscilam entre períodos de expansão e contração a cada 50 ou 60 anos — aproximadamente o tempo de uma geração produtiva. O que Kondratiev observou no campo dos preços e da inovação tecnológica é, em última instância, a manifestação empírica do tempo aiônico: a passagem do bastão histórico de uma geração a outra.

Do ponto de vista espiritual, entretanto, o homem prudente não pode limitar-se à observação do aiôn. Ele deve integrar o ciclo histórico (aiônico) ao ciclo pessoal de trabalho e fé (kairológico), e este ao tempo mensurável dos contratos e rendimentos (cronológico). É exatamente isso que se manifesta no ciclo do CDB, tal como concebido: um ciclo de três anos que, ao encerrar-se, não representa apenas o vencimento de um título financeiro, mas o fechamento de uma triangulação trinitária do investimento — uma liturgia do tempo econômico, em que o trabalho humano retorna a Deus por meio da ordem, da disciplina e da fecundidade.

Enquanto o ciclo de Kondratiev mede o ritmo da civilização, o ciclo do CDB mede o ritmo da alma disciplinada. Um observa a longa duração dos povos; o outro, a conversão diária do indivíduo. Ambos, porém, só adquirem sentido quando inseridos na unidade do tempo kairológico — isto é, quando o homem reconhece que cada oportunidade de investimento, cada ato de consumo e cada decisão de poupança é, em si, uma resposta à Providência.

Assim, o tempo deixa de ser apenas uma sucessão de eventos e se torna um sacramento da permanência: o cronos se ordena ao kairós, o kairós se inscreve no aiôn, e o aiôn retorna a Deus, que é o Senhor de todos os tempos.

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