Introdução
O Brasil tem uma das cargas tributárias indiretas mais elevadas do mundo, especialmente sobre alimentos. Quando compramos produtos básicos, como frutas, legumes e verduras, pagamos não apenas pelo alimento em si, mas também por uma cadeia de tributos federais e estaduais embutidos no preço.
Nesse contexto, cultivar uma horta em casa não é apenas um ato de saúde e sustentabilidade, mas também um instrumento de economia tributária, já que elimina a intermediação do comércio formal e, com ela, os impostos incidentes.
A carga tributária no hortifruti comprada com a do supermercado
Mesmo que o setor de hortifruti in natura não esteja sujeito à substituição tributária, ele não escapa da tributação. O consumidor paga:
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ICMS, recolhido pelo supermercado sobre cada venda;
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PIS e Cofins, tributos federais sobre o faturamento;
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Custos indiretos (logística, perdas, armazenamento), todos inflados por tributos incidentes em cada etapa.
Assim, um simples quilo de tomate pode custar muito mais do que o valor real da produção agrícola, em boa parte devido aos encargos tributários e de circulação.
A horta doméstica como “isenção tributária natural”
Quando o consumidor cultiva sua própria comida, a lógica muda completamente:
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Não há incidência de ICMS: a produção não circula comercialmente;
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Não há PIS/Cofins: não existe faturamento;
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Custos de transporte e armazenagem são mínimos: basta colher no quintal ou no vaso.
Em outras palavras, o alimento da horta nasce isento de impostos, representando uma verdadeira “isenção tributária doméstica”.
Plantar como negócio indireto
Embora plantar em casa não gere renda tributada (a menos que haja venda), ele gera um negócio indireto:
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Economia no orçamento familiar: cada tomate, alface ou tempero cultivado em casa significa menos dinheiro gasto no supermercado e, consequentemente, menos imposto pago.
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Autonomia alimentar: a família não depende da oscilação de preços do mercado (que embute tributos e margens de lucro).
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Segurança no longo prazo: em tempos de inflação de alimentos, a horta atua como uma proteção patrimonial — funciona como um “ativo” que preserva valor.
Exemplo prático
Imagine que uma família consome R$ 300 por mês em hortifruti. Considerando uma carga tributária indireta média de 20% a 30%, isso significa algo entre R$ 60 e R$ 90 em impostos mensais, apenas nesse segmento.
Se metade dessa necessidade for suprida com uma horta doméstica, a economia anual pode chegar a mais de R$ 500 a R$ 600, sem contar a qualidade nutricional superior dos alimentos frescos.
Conclusão
O cultivo doméstico de alimentos funciona como uma estratégia silenciosa, mas poderosa, de economia tributária. Enquanto a substituição tributária não beneficia o consumidor final no hortifruti, a horta caseira elimina por completo a incidência de impostos sobre a alimentação cultivada para consumo próprio.
Nesse sentido, plantar comida em casa é mais do que um hábito saudável: é uma forma de resistir ao peso da tributação indireta e de transformar o quintal, a varanda ou até vasos em um negócio econômico de longo prazo.
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