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sexta-feira, 10 de outubro de 2025

O saci de duas terras

Diz a lenda que, certa vez, um homem do Brasil — terra de sol, de mata e de encantamento — partiu para o norte distante, onde os ventos são frios e o céu, sereno como o olhar de Maria. Levava consigo um coração que não esquecia o verde das matas nem o riso das histórias contadas ao pé do fogo.

Lá, na Polônia, ele encontrou uma mulher de alma pura e mãos hábeis, que costurava não só tecidos, mas destinos. E foi assim que, numa noite de inverno, ao redor de uma vela acesa, nasceu uma ideia: criar um Saci à moda eslava.

Ela costurou o boneco com linho branco, símbolo da paz e da inocência. Ele bordou-lhe um sorriso travesso, lembrança do menino que corria pelos quintais do Brasil. E juntos colocaram-lhe um barrete vermelho e branco — vermelho do amor que aquece, branco da fé que une.

O pequeno Saci de olhos azuis saltou de uma só perna, rindo baixo, e disse num sussurro:
— “Nie bójcie się, dzieci Boga! Eu serei o guardião da vossa casa.”

Desde então, contam que o Saci Eslavo aparece nas noites de vento, girando folhas no jardim e escondendo as chaves, mas também protegendo o lar contra o frio e contra a tristeza. É travesso, mas piedoso. Brinca, mas reza. Ri, mas guarda silêncio diante do Santíssimo.

Porque nasceu do encontro de duas terras, ele entende as duas línguas: a do coração brasileiro e a da alma polonesa. E em sua travessura há sempre uma lembrança: quem une amor e fé jamais perde suas raízes.

Bênção do Saci Eslavo 

Português: 

Pequeno Saci, guardião do nosso lar,
brinca e ri, mas protege-nos do mal.
Que seu salto em uma perna traga alegria,
e que seu barrete nas cores da Polônia nos lembre da fé e do amor.

Que suas travessuras nos ensinem a leveza do coração,
e que seu espírito una nossas terras e nossas almas.
Abençoe nossa casa, nossas famílias e cada dia de nossas vidas.
Amém.

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