1. A promessa diante do verdadeiro Deus e verdadeiro Homem
Para um cristão digno desse nome, prometer algo não é simples. Quando se contempla Cristo — verdadeiro Deus e verdadeiro Homem, igual a nós em tudo, menos no pecado — percebe-se o abismo entre a perfeição d’Ele e a nossa limitação. Cristo, sendo onisciente, conhece o coração humano, antecipa as circunstâncias e nunca falha na palavra dada. Sua promessa é, ao mesmo tempo, ato de verdade e cumprimento. Já nós, frágeis e falíveis, ao prometer estamos expostos ao risco de não conhecer nem a nós mesmos, nem plenamente aqueles a quem prometemos.
2. A imitação como caminho árduo, mas possível
Seguir Cristo significa buscar imitá-Lo também no compromisso da palavra. Essa imitação, porém, não se trata de cópia mecânica, mas de participação na Sua vida pela graça. Santo Agostinho já dizia que o cristão é um “alter Christus”: alguém chamado a reproduzir, em sua limitação, a fidelidade do Filho ao Pai. Por isso, prometer não é apenas um gesto humano de boa vontade, mas um exercício de fé, esperança e caridade. Exige prudência para medir as próprias forças, justiça para respeitar o outro, fortaleza para perseverar e temperança para não assumir encargos impossíveis.
3. O mérito da promessa não está na grandeza, mas na fidelidade
O valor de uma promessa não reside em sua extensão, mas em sua lealdade. Cristo nos mostra isso ao prometer estar conosco “até o fim dos tempos” (Mt 28,20). Sua palavra se cumpre não porque Ele se limita ao que é pequeno, mas porque o Seu amor é eterno e fiel. Já o cristão, ao prometer, deve ter consciência da própria condição: não é onisciente, não sabe o futuro e nem sempre entende quem está diante de si. Isso não desvaloriza a promessa, mas a coloca na luz da humildade: ao prometer, o fiel precisa reconhecer sua dependência da graça de Deus.
4. Prometer como ato de fé e esperança
Toda promessa cristã é, portanto, feita sob o olhar de Deus. É um ato de fé, porque crê que o Senhor sustentará o prometente em sua fidelidade. É também um ato de esperança, pois, se houver falhas, sempre haverá espaço para arrependimento, reparação e recomeço. A dificuldade de prometer — justamente por não sermos iguais a Cristo — transforma-se, assim, em ocasião de crescimento espiritual. É no esforço de manter a palavra dada que a alma se purifica, aprende a perseverar e testemunha que a graça pode tornar possível o que parece impossível.
5. A promessa como escola da santidade
Prometer é, em última instância, um exercício de santidade. Ao fazê-lo, o cristão se coloca no caminho do Cristo que nunca faltou à Sua palavra. É um desafio árduo, mas não intransponível. A cada promessa cumprida, mesmo nas pequenas coisas, a vida do fiel vai se configurando à de Cristo, até que um dia se possa dizer com São Paulo: “Já não sou eu quem vivo, mas é Cristo que vive em mim” (Gl 2,20).
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