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sábado, 11 de outubro de 2025

Diálogo imaginário entre Feliks Koneczny e Olavo de Carvalho

Cenário: Uma biblioteca silenciosa, com livros antigos de história, filosofia e teologia. Um fogo brando aquece a sala. Koneczny, vestido de forma clássica, examina um mapa histórico da Europa. Olavo entra com um caderno de anotações e gesticula energicamente.

Koneczny: Olavo, é curioso como o mundo contemporâneo parece repetir o que descrevi há quase um século. Civilizações não se misturam; elas colidem. E, no entanto, a civilização latina, que deveria ser o ápice, parece se corroer por dentro.

Olavo: Concordo, Feliks. Mas o que vemos hoje não é apenas colisão, é subversão deliberada. O globalismo não surge do acaso; ele é uma engenharia cultural que transforma a linguagem, a moral e a educação para enfraquecer a civilização cristã.

Koneczny: Interessante. Eu via a decadência mais como consequência de contato entre métodos de vida distintos. Quando uma civilização inferior entra em contato com outra mais desenvolvida, ela tende a dominar — pela facilidade de corromper os homens de valor.

Olavo: Exato, e hoje essa “civilização inferior” se disfarça sob aparência de progresso e universalismo. A lógica que você descreveu permanece, mas os meios são diferentes: é uma guerra cultural invisível. Alteram-se os significados das palavras e, com isso, a própria forma de pensar.

Koneczny: Então, enquanto antes a contaminação ocorria por choque direto, agora ela se realiza no interior da mente das pessoas, através da cultura e da linguagem.

Olavo: Precisamente. Quando se muda o sentido de “família”, de “homem”, de “verdade”, o método de vida coletiva é alterado. A civilização latina, que se fundamenta na ética, na razão e na fé, perde o eixo e se desfaz.

Koneczny: Vejo que você considera isso uma ação consciente. Eu, como historiador, descrevia o processo de forma mais objetiva, sem apontar intencionalidade. Mas admito: sua perspectiva esclarece o agente por trás da decadência.

Olavo: Sem dúvida. Entender que há atores conscientes — tecnocratas, ideólogos, pensadores revolucionários — nos permite articular uma defesa da civilização. Não basta reconhecer o processo; é preciso resistir à destruição da alma humana.

Koneczny: Concordo. E, nesse sentido, a defesa não é meramente política, mas moral e espiritual. A civilização latina só sobrevive se o indivíduo permanecer fiel à verdade, à liberdade e à dignidade humanas.

Olavo: E aqui está o ponto crucial: salvar a civilização é salvar o homem. Sem isso, qualquer estrutura externa — instituições, leis, governos — será apenas fachada.

Koneczny: Então estamos de acordo. O globalismo é a forma moderna do choque civilizacional. Mas, como você observa, agora ele age não como um choque de povos, mas como uma invasão das consciências.

Olavo: Sim. E a única arma eficaz continua sendo a educação moral e intelectual, a transmissão da tradição e da verdade. Sem isso, mesmo os mais altos edifícios de direito, ciência e cultura desmoronam.

Koneczny: Então, Olavo, podemos concluir que a luta de hoje é tanto ética quanto histórica. A civilização latina não desaparece apenas porque perde batalhas externas, mas porque abdica de seu método de vida — e isso, você bem aponta, é feito de dentro para fora.

Olavo: Exato. E a vitória ou derrota da civilização latina depende de nós, de cada consciência que se mantém firme na verdade e na fé.

Koneczny: Então a história continua — mas agora a batalha é mais sutil, mais profunda. Que possamos resistir, sem ceder ao impulso do pragmatismo ou à sedução do falso progresso.

Olavo: Resistir, sim. Mas sobretudo compreender. Porque somente quem compreende a verdade pode mantê-la viva.

Koneczny: Pois é. E assim, de um lado histórico e do outro filosófico, unimos razão e consciência, passado e presente, para defender o que é maior do que nós mesmos: a própria civilização.

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