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quinta-feira, 18 de maio de 2017

Uma aula voltada para os nossos tempos (dedico este escrito ao Silas Feitosa)

_ José, você deve conhecer bem a história da monarquia brasileira, não? Eu gostaria muito de entender um pouco a vida de Dom Pedro II. Se você puder, gostaria que me desse uma aula sobre isso.

Resposta:

1) Falar de 49 anos de Reinado de Sua Majestade, o Imperador D. Pedro II, não é tarefa fácil.

2) Não tratarei do II Reinado desta vez, mas de um ponto específico de nossa História que marcou a transição da monarquia para a República.

3) Durante muitos anos, ao longo do II Reinado, correu um debate no parlamento sobre o Poder Moderador e o que se chamou de imperalismo. O Imperador, segundo a carta de 1824, não estava sujeito à responsabilidade alguma. Essa questão foi muito debatida no livro sobre as naturezas e limites do Poder Moderador, de Zacharias de Góes e Vasconcellos.

4.1) O exercício do Poder Moderador impediu que maus juízes e maus políticos crescessem na carreira.

4.2) Não é à toa que D. Pedro II foi conhecido como a luz do baile. Como já foi dito por um monarca do Império Austro-Húngaro, uma das funções do Poder Moderador era proteger o povo dos maus políticos - e é isto que fez com que o Brasil tivesse muita estabilidade política e muita prosperidade econômica ao longo de 49 anos de Reinado.

5.1) A geração dos anos 70 do século XIX - os bacharéis formados no Largo do São Francisco e Olinda -, criticava esse estilo patriarca, personalista do Imperador. Muitos deles foram membros da chamada segunda geração do romantismo - e muitos deles, influenciados por idéias iluministas e pelas idéias positivistas de Augusto Comte, criticavam abertamente o imperador nos jornais. Muitos eram republicanos ou monarquistas que se tornaram republicanos de última hora.

5.2) Quando a República começou a desaguar em um perídoo turbulento - marcado pela Revolta da Armada, Revolução da Chibata, Revolução Federalista, Canudos e outras tantas revoltas -, muitos começaram a sentir remorso por conta daquilo que fizeram. Isso está documentado no livro O Patriarca e O Bacharel, de Luís Martins.

6.1) Tal como o Olavo falou, parece que as vozes do passado estão atuando na nossa geração de modo a que reparemos o erro praticado lá trás, em 15 de novembro de 1889.

6.2) A geração nascida nos anos 40 e 50 foi formada na má consciência e não ouviu a história de seus avós, que viveram aquela época.

6.3.1) O ensino de História foi quase que abolido pelo governo militar, a tal ponto que seu horizonte de consciência foi reduzido a 1964 em diante, criando uma verdadeira de História do tempo presente, sem conhecer o passado - é como se a caravela estivesse à deriva, pois não sabemos a nossa origem, nem para onde vamos.

6.3.2) Olavo falou que esta geração - formada no quinhentismo, maciçamente republicana e pró-exército - foi a que mais ferrou o Brasil.

6.3.3) Foi a geração do Lula, da Dilma, do Olavo (este último se redimiu e esta fazendo o que puder para preparar pessoas como eu para corrigir os erros do passado - e por isso seremos eternamente gratos a ele).

7) Recomendo as leituras dos livros que mencionei, além das biografias de D. Pedro II escritas por Pedro Calmon e Heitor Lyra. Além disso, recomendo as aulas do professor Loryel Rocha e do Olavo de Carvalho.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 18 de maio de 2017 (data da postagem original).

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